Neste Blog fazemos: 1- Atualização sobre a ocorrência de doenças de importância em Veterinária e em Saúde Pública em todo o mundo. 2- Troca de informações sobre: Doenças Infecciosas, Zoonoses, Saneamento Ambiental, Defesa Sanitária Animal (Legislação e Programas Sanitários do Ministério da Agricultura) e demais assuntos relacionados à sanidade e Saúde Pública. Este blog se destina a discutir a saúde animal dentro dos seus mais variados aspectos.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Enriquecimento antioxidante na alimentação animal melhora saúde de crianças
Enriquecimento antioxidante
29/09/2011
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Depois de adicionar óleo de girassol com selênio orgânico e vitamina E à ração de vacas, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estudou não apenas o efeito produzido nos próprios animais, mas também em crianças que consumiram seu leite.
Os resultados mostraram que, além de trazer benefício à saúde das vacas e aumentar a produção leiteira, a ração enriquecida melhorou a conservação do produto e aumentou os níveis de selênio e vitamina E no sangue das crianças que consumiram o leite suplementado.
O trabalho, que teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, foi coordenado por Marcus Antonio Zanetti, professor do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga (SP).
O outro autor do trabalho, Arlindo Saran Netto, teve Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP e, durante sua pesquisa, em 2010, foi contratado como docente da FZEA.
De acordo com Zanetti, o estudo é pioneiro por seu formato, ao associar a área de zootecnia e nutrição animal ao levantamento feito sobre os efeitos do produto na saúde humana. O trabalho foi feito em parceria com pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) em Ribeirão Preto (SP).
“Muitos estudos têm sido feitos sobre as possibilidades de alterações na alimentação de animais com a finalidade de melhorar, em tese, a qualidade de produtos para consumo humano. Mas o nosso trabalho deu um passo adiante, ao comparar o efeito do produto enriquecido ao do leite comum, e avaliar se ele realmente é melhor para a saúde humana”, disse Zanetti à Agência FAPESP.
Por ter conhecidos efeitos antioxidantes, o selênio é um mineral importante para combater os radicais livres. Segundo Zanetti, estudos realizados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP comprovaram que a dieta brasileira é deficiente no mineral – com exceção da região Norte, onde há alto consumo de castanha-do-pará, rica em selênio. A vitamina E foi combinada ao mineral por ter efeitos antioxidantes complementares.
“As doenças cardiovasculares são consideradas os principais problemas de saúde pública e o leite, alimento rico em diversos nutrientes, é frequentemente relacionado a elas pela sua proporção de ácidos graxos saturados e pelo teor de colesterol”, apontou.
O óleo de girassol foi utilizado como fonte de gordura para o enriquecimento da ração de modo a aliar sua ação aos efeitos antioxidantes do selênio e da vitamina E na composição físico-química do leite.
“O óleo tem a função de mudar o perfil dos ácidos graxos no leite, melhorando o produto do ponto de vista da nutrição. Além disso, ele potencializa o efeito dos antioxidantes”, explicou Zanetti. Essa mudança de perfil diminui a vida útil do leite, que pode estragar mais rapidamente. Mas os antioxidantes se encarregam de reverter esse efeito.
No experimento, foram utilizadas 24 vacas distribuídas em quatro tipos de tratamento. Um grupo de controle recebeu ração comum, o segundo grupo recebeu ração com adição de 2,5 miligramas de selênio e 1000 UI de vitamina E ao dia. O terceiro grupo recebeu ração com adição de 3% de óleo de girassol e o quarto grupo consumiu a ração com adição do óleo de girassol com 2,5 mg de selênio e 1000 UI de vitamina E ao dia.
“Medimos diariamente o consumo e produção de leite dos animais e as amostras de leite foram colhidas semanalmente para análises de gordura, proteína, lactose, cálcio, fósforo, sólidos totais e contagem de células somáticas. O leite obtido de cada tratamento foi pasteurizado e colocado em seu respectivo recipiente. Também foi incluído um tratamento com o leite desnatado”, explicou.
Mais selênio
O leite foi fornecido às crianças de primeira a quarta série que permanecem em período integral na Escola Professora Stela Stefanini Bacci, no município de Casa Branca (SP). Foram recrutados 100 indivíduos previamente examinados por meio de exame clínico e laboratorial e identificados como saudáveis.
“As crianças, de 7 a 10 anos de idade, foram submetidas a avaliações antropométricas e exames bioquímicos do sangue, feitos em laboratório de análises clínicas. As colheitas de sangue foram realizadas por uma equipe médica”, disse Zanetti.
Vários resultados foram obtidos. Segundo o cientista, os benefícios da ração enriquecida foram observados em primeiro lugar nos animais. “A inclusão de óleo de girassol com adição de selênio orgânico e vitamina E trouxe efeitos benéficos para a saúde da glândula mamária das vacas, resultando em menor incidência de mastite subclínica, maior média de produção de leite, menor ingestão de matéria seca e menor teor de gordura no leite”, afirmou.
Além disso, a suplementação das vacas com selênio e vitamina E foi eficiente em melhorar a concentração de selênio e vitamina E no soro e aumentou significativamente a concentração dos dois antioxidantes no leite produzido pelos animais. Os antioxidantes, por sua vez, melhoraram a capacidade de conservação do leite.
“A suplementação com óleo de girassol na dieta das vacas, por outro lado, alterou significativamente o perfil de ácidos graxos no leite. Um dos efeitos mais notáveis foi aumentar o teor de ácido linoleico conjugado (CLA) no produto”, disse.
Quanto às crianças, aquelas que receberam leite de vacas suplementadas com selênio e vitamina E tiveram maiores concentrações dos antioxidantes no plasma sanguíneo. “Com a adição da vitamina E na ração, observamos um aumento de 33% no nível sérico de vitamina E na corrente sanguínea das crianças”, contou o professor da FZEA-USP.
As crianças que consumiram o leite das vacas que receberam apenas o óleo de girassol adicionado na ração tiveram o teor de vitamina E ainda mais aumentado: 45%. “Isso ocorreu porque o óleo potencializa a absorção de vitamina E”, disse.
No entanto, as crianças que ingeriram leite desnatado tiveram uma redução no nível de vitamina E de 15% em relação ao grupo controle. “As crianças que ingeriram leite de vacas suplementadas apenas com selênio e vitamina E tiveram um aumento de selênio no sangue de 160% em relação ao grupo controle. Nas crianças que ingeriram leite de vacas suplementadas com óleo de girassol o selênio variou muito pouco, aumentando em 4%. Mas, naquelas que ingeriram leite desnatado, o selênio diminuiu em 20%”, afirmou.
A conclusão é que no leite produzido pelas vacas cuja ração foi enriquecida com selênio, vitamina E e óleo de girassol aumentaram os níveis de antioxidantes e CLA no organismo das crianças, o que, segundo Zanetti, traz benefícios à saúde.
“Infelizmente não temos leite enriquecido no Brasil. Seria benéfico que ele fosse produzido e colocado no mercado – especialmente porque sabemos que o selênio é escasso na dieta da nossa população. Além disso, o processo de enriquecimento não é caro”, afirmou.
http://agencia.fapesp.br/14557
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Aftosa no Paraguai e impactos para o Brasil: uma análise preliminar
Publicado por Sofia Iba
Por Miguel da Rocha Cavalcanti (BeefPoint)
Aftosa no Paraguai foi a notícia do dia 19/setembro, uma segunda-feira. Os impactos foram imediatos: Brasil, Argentina e Paraguai fecham fronteira. Países importadores param suas compras. A pecuária, que seguia muito bem por lá, sofre um duro golpe. O fantasma da aftosa volta a rondar a América do Sul. Quais são os impactos para a pecuária brasileira? O que podemos aprender e o que precisamos fazer? Esse artigo é uma análise preliminar da situação, escrito em 27/setembro.
A princípio, muitos podem dizer que há um lado bom para o Brasil. Teremos menos um concorrente no mercado internacional, que vende para praticamente os mesmos mercados e exporta cerca de 300 mil toneladas por ano, um volume considerável. Sim, é verdade que será mais fácil exportar, até porque o câmbio voltou a ajudar nesse mês de setembro. Tivemos uma mudança de preços, em dólar, de quase 30% em um mês, graças a desvalorização do Real frente ao dólar.
Mas o efeito é muito mais negativo do que positivo. Primeiro porque volta a associar aftosa com a América do Sul. E ao pensar em América do Sul, o primeiro país que se lembra é o Brasil. Aftosa em qualquer lugar por aqui é ruim, apenas para a imagem da região. E o problema é muito maior. O risco é grande e está preocupando todos os vizinhos. Temos de ter cuidado e fiscalização redobrado na fronteira. Apenas um caso, apenas poucos animais, faz um enorme estrago no mercado.
Lições aprendidas
Nos últimos meses, mais e mais gente vinha falando de tornar alguns estados livres de aftosa sem vacinação (RS por exemplo). Ainda está muito cedo para ser livre de aftosa sem vacinação. O risco é pequeno, mas o estrago seria enorme. Na minha opinião, acredito que não vale a pena, pelo menos ainda. Santa Catarina é uma exceção, pela qualidade do serviço sanitário e principalmente pelo pequeno rebanho bovino.
O preço do boi gordo paraguaio estava mais alto que no Brasil. Não só no MS, mas em SP também. Com a aftosa, o mercado paraguaio travou. Quase não há negócios. E o preço despencou e já está muito abaixo do brasileiro. Isso mostra duas coisas. Primeiro: o estrago da aftosa na rentabilidade do pecuarista é imediato, e duradouro. Segundo: temos que aumentar a vigilância na fronteira, pois diferencial alto de preço é estímulo econômico para que gado venha de lá para cá.
Fica claro que o maior prejudicado é o produtor. A grande maioria de produtores, diria que quase sua totalidade tem apenas uma fazenda, ou algumas fazendas na mesma região ou estado. Logo, um caso de aftosa afeta 100% do mercado que um produtor atua.
Os frigoríficos têm hedge sanitário, pois têm plantas em diversos estados e países. O JBS e o Minerva, que têm plantas no Paraguai, também perdem com a aftosa, mas o abate deles é pequeno lá. Cerca de 5% do volume total abatido do Minerva e apenas 1% do total do JBS.
Para a economia do Paraguai impacto vai ser grande. Com a grande queda de preço do gado (gordo e para reposição), efeitos em cascata aparecem. Com a menor renda do produtor, a tendência é que o abate de fêmeas aumente, mudando o ciclo do boi, diminuindo a oferta de gado para abate no médio-longo prazo. O desemprego e renda rural devem piorar, enfraquecendo a economia do país. A única vantagem é carne muito mais barata para o consumidor do mercado interno. Mas isso é um item com pouca importância quando se avalia o quadro para a economia do país como um todo (que é muito mais dependente da pecuária que o Brasil). Os prejuízos são muito maiores do que esse pequeno refresco no preço da carne para a dona de casa.
Nosso desejo é que essa fatalidade sirva de alerta para o Brasil. Um alerta barato, pois quem paga o preço desse prejuízo é o Paraguai e não o Brasil. Fica claro que é fundamental continuar o trabalho de prevenção da aftosa, com vacinação e controle da fronteira.
Nesse sentido, há o que se preocupar. O jornal Estado de SP detectou in loco que o controle da fronteira é falho. Na reportagem do dia 25/09, domingo, mostraram que há trânsito livre de animais na fronteira seca com o MS. Um aviso, não muito agradável, mas importante, de que temos trabalho a ser feito. Ações concretas e efetivas é que vão nos dar segurança.
Para ser primeiro do mundo, precisamos agir como primeiro do mundo. A posição do Brasil no mercado mundial é de grande destaque. Estamos cada dia se tornando o principal fornecedor de carne para o mundo. Os EUA ainda são o maior produtor, e devido ao câmbio, estão exportando mais esse ano, mas devem recuar com abate de matrizes e alto custo de produção.
Temos todo o potencial de colher essa grande oportunidade que o mundo nos oferece - mais e mais gente querendo e tendo renda para comer carne e nossos concorrentes com dificuldades de produção. Cuidar para que a aftosa não volte a rondar nossa pecuária é o primeiro passo para ser líder na cadeia global da carne bovina.
A princípio, muitos podem dizer que há um lado bom para o Brasil. Teremos menos um concorrente no mercado internacional, que vende para praticamente os mesmos mercados e exporta cerca de 300 mil toneladas por ano, um volume considerável. Sim, é verdade que será mais fácil exportar, até porque o câmbio voltou a ajudar nesse mês de setembro. Tivemos uma mudança de preços, em dólar, de quase 30% em um mês, graças a desvalorização do Real frente ao dólar.
Mas o efeito é muito mais negativo do que positivo. Primeiro porque volta a associar aftosa com a América do Sul. E ao pensar em América do Sul, o primeiro país que se lembra é o Brasil. Aftosa em qualquer lugar por aqui é ruim, apenas para a imagem da região. E o problema é muito maior. O risco é grande e está preocupando todos os vizinhos. Temos de ter cuidado e fiscalização redobrado na fronteira. Apenas um caso, apenas poucos animais, faz um enorme estrago no mercado.
Lições aprendidas
Nos últimos meses, mais e mais gente vinha falando de tornar alguns estados livres de aftosa sem vacinação (RS por exemplo). Ainda está muito cedo para ser livre de aftosa sem vacinação. O risco é pequeno, mas o estrago seria enorme. Na minha opinião, acredito que não vale a pena, pelo menos ainda. Santa Catarina é uma exceção, pela qualidade do serviço sanitário e principalmente pelo pequeno rebanho bovino.
O preço do boi gordo paraguaio estava mais alto que no Brasil. Não só no MS, mas em SP também. Com a aftosa, o mercado paraguaio travou. Quase não há negócios. E o preço despencou e já está muito abaixo do brasileiro. Isso mostra duas coisas. Primeiro: o estrago da aftosa na rentabilidade do pecuarista é imediato, e duradouro. Segundo: temos que aumentar a vigilância na fronteira, pois diferencial alto de preço é estímulo econômico para que gado venha de lá para cá.
Fica claro que o maior prejudicado é o produtor. A grande maioria de produtores, diria que quase sua totalidade tem apenas uma fazenda, ou algumas fazendas na mesma região ou estado. Logo, um caso de aftosa afeta 100% do mercado que um produtor atua.
Os frigoríficos têm hedge sanitário, pois têm plantas em diversos estados e países. O JBS e o Minerva, que têm plantas no Paraguai, também perdem com a aftosa, mas o abate deles é pequeno lá. Cerca de 5% do volume total abatido do Minerva e apenas 1% do total do JBS.
Para a economia do Paraguai impacto vai ser grande. Com a grande queda de preço do gado (gordo e para reposição), efeitos em cascata aparecem. Com a menor renda do produtor, a tendência é que o abate de fêmeas aumente, mudando o ciclo do boi, diminuindo a oferta de gado para abate no médio-longo prazo. O desemprego e renda rural devem piorar, enfraquecendo a economia do país. A única vantagem é carne muito mais barata para o consumidor do mercado interno. Mas isso é um item com pouca importância quando se avalia o quadro para a economia do país como um todo (que é muito mais dependente da pecuária que o Brasil). Os prejuízos são muito maiores do que esse pequeno refresco no preço da carne para a dona de casa.
Nosso desejo é que essa fatalidade sirva de alerta para o Brasil. Um alerta barato, pois quem paga o preço desse prejuízo é o Paraguai e não o Brasil. Fica claro que é fundamental continuar o trabalho de prevenção da aftosa, com vacinação e controle da fronteira.
Nesse sentido, há o que se preocupar. O jornal Estado de SP detectou in loco que o controle da fronteira é falho. Na reportagem do dia 25/09, domingo, mostraram que há trânsito livre de animais na fronteira seca com o MS. Um aviso, não muito agradável, mas importante, de que temos trabalho a ser feito. Ações concretas e efetivas é que vão nos dar segurança.
Para ser primeiro do mundo, precisamos agir como primeiro do mundo. A posição do Brasil no mercado mundial é de grande destaque. Estamos cada dia se tornando o principal fornecedor de carne para o mundo. Os EUA ainda são o maior produtor, e devido ao câmbio, estão exportando mais esse ano, mas devem recuar com abate de matrizes e alto custo de produção.
Temos todo o potencial de colher essa grande oportunidade que o mundo nos oferece - mais e mais gente querendo e tendo renda para comer carne e nossos concorrentes com dificuldades de produção. Cuidar para que a aftosa não volte a rondar nossa pecuária é o primeiro passo para ser líder na cadeia global da carne bovina.
Fonte: Beefpoint
Gado solto aponta falhas no controle na região de fronteira
Pecuaristas permitem trânsito livre de animais entre o Brasil e o Paraguai.
Foram flagrados animais pastando na linha internacional.
Do Globo Rural
Se o vídeo não funcionar, assista em http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/09/gado-solto-aponta-falhas-no-controle-na-regiao-de-fronteira-com-o-paraguai.html
Se o vídeo não funcionar, assista em http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/09/gado-solto-aponta-falhas-no-controle-na-regiao-de-fronteira-com-o-paraguai.html
Se
O governo de Mato Grosso do sul publicou um decreto proibindo a entrada de veículos com produtos agropecuários vindos doParaguai. A medida é para evitar a entrada da febre aftosa no país. Mas a vigilância fica comprometida pelo desrespeito a uma regra básica: pecuaristas estão permitindo o trânsito livre de animais na linha de fronteira entre os dois países.
No distrito de Sanga Puitã, a 15 quilômetros de Ponta Porã, de um lado fica o Brasil e do outro Paraguai. No lugar foram flagrados animais amarrados e até soltos pastando na linha internacional, uma faixa de terra de uso comum entre os dois países. As famílias da região vivem da produção no campo. São pequenos agricultores e pecuaristas brasileiros e paraguaios.
Na zona rural de Pedro Juan Caballero, município paraguaio que fica ao lado de Ponta Porã, também existem propriedades de pecuária muito próximas à linha de fronteira. Basta um dos animais pular a cerca que estará em terras sul-mato-grossenses. Se isso acontecer, o governo de Mato Grosso do Sul já avisou que o animal sem identificação ou documento que comprove a origem deve ser apreendido e abatido. Isso é o que prevê a Lei Estadual 3.823, que existe desde 2009.
Na segunda-feira (26), o governo de Mato Grosso do Sul publicou um decreto com medidas que reforçam ainda mais a vigilância sanitária na região. Está proibida, por cinco dias, a entrada no estado de qualquer veículo vindo do Paraguai com produtos e subprodutos orgânicos e agropecuários que apresentem risco de disseminar o vírus da febre aftosa. Só podem entrar veículos com produtos que tenham passado por processamento industrial suficiente para tornar o vírus inativo.
A fiscalização deve ser feita nos postos fixos e volantes da Agência Sanitária do Estado. O problema é a dificuldade em manter o bloqueio em mais de 600 quilômetros de fronteira seca.
A Ruta 5ª é uma das principais rodovias do Paraguai que dá acesso ao Brasil. A estrada termina há poucos metros da fronteira entre os dois países. O fluxo de veículos de passeio e de carga pelo lugar é grande. Mesmo assim, do lado brasileiro não há postos de fiscalização nem do Ministério da Agricultura nem da vigilância sanitária de Mato Grosso do Sul.
O posto mais próximo da agência de defesa sanitária fica a 22 quilômetros de Ponta Porã. A diretora do IAGRO explicou que, com o bloqueio por cinco dias, determinado pelo decreto, será possível reforçar o controle nos postos de fiscalização, inclusive com o borrifamento para desinfetar os veículos vindos do Paraguai.
Cerca de mil animais foram abatidos pela secretaria de Defesa Sanitária do Paraguai na área onde foi registrado o foco de febre aftosa.
Aftosa: MS pode antecipar vacinação de gado
Publicado por Marcus Vinícius Sandim
O foco de febre aftosa descoberto no Paraguai pode levar o Ministério da Agricultura a antecipar a segunda etapa de vacinação contra a doença em Mato Grosso do Sul, disse ontem o ministro Mendes Ribeiro Filho, em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Inicialmente prevista para novembro, a antecipação da vacinação conta com o apoio do Mato Grosso do Sul, um dos Estados mais vulneráveis por conta da fronteira com o Paraguai. "Fizemos uma reunião geral na fronteira e existe um pensamento de antecipar a vacinação, sim", confirmou ao Valor a diretora-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Maria Cristina Carrijo.
Ontem, o ministro Mendes Ribeiro reconheceu deficiências da fiscalização da fronteira, mas ressaltou que os problemas são mínimos e que o rebanho da região está 100% vacinado. "Temos total controle da situação", disse.
A vacinação total do rebanho no primeiro período é novidade no Estado. "Estamos mais tranquilos por isso", admite a diretora-executiva do Iagro. Normalmente, o primeira etapa de vacinação, que acontece em maio, é destinada apenas aos animais abaixo de dois anos. "Este ano, excepcionalmente, fizemos uma vacinação completa", diz Carrijo. Segundo ela, a vacinação já na primeira etapa deve-se à atualização de cadastros realizada pela Secretaria de Fazenda do Estado. "Nós estávamos fazendo um ajuste, uma equiparação de cadastros da Secretaria de Fazenda com a Secretaria Agricultura e aí optamos pela realização da vacinação completa".
Na manhã de hoje, o Ministério da Agricultura realiza videoconferência com o Estados envolvidos sobre a possibilidade de antecipação da vacinação. De acordo com Maria Cristina Carrijo, uma decisão deve ser tomada ainda nesta terça-feira.
Caso o Brasil decida antecipar o processo, seguirá a posição do governo argentino, que na semana passada anunciou vacinação imediata do rebanho bovino.
O Paraguai iniciou ontem a revacinação do rebanho no distrito de San Pedro, na região central do país, depois de ter concluído o sacrifício de 819 cabeças de gado no último domingo. Com isso, o país espera delimitar o foco da aftosa ao distrito de San Pedro e recuperar o status sanitário de "país livre de aftosa com vacinação", podendo assim reabrir o mercado para suas exportações de carne bovina.
Fonte: Suinocultura Industrial
RS começa vistoria preventiva da aftosa
O primeiro dia de vistoria em propriedades da área de risco entre Garruchos e Barra do Guarita foi sem notificações de suspeita de casos de febre aftosa, segundo a Secretaria da Agricultura (Seapa). Entretanto, o relatório das primeiras 48 horas de operação preventiva, a ser divulgado hoje (27), deve confirmar ou não a existência de animais fruto de descaminho em alguma propriedade. Pelo menos 50 estabelecimentos rurais serão inspecionados. Os veterinários estão checando brincos de identificação do rebanho, quantidade declarada de animais, além da situação cadastral de pecuaristas e dos imóveis rurais. Exames clínicos, só em caso de suspeita. Além disso, segundo o coordenador do Programa de Febre Aftosa da Seapa, Fernando Groff, as equipes também estão orientando os produtores a notificarem movimentações "estranhas".
Além de vistoriarem as propriedades, as equipes volantes já estavam circulando pelas estradas. Entre sexta-feira e domingo, os profissionais interditaram dois matadouros clandestinos. Em Esperança do Sul, o bovino encontrado foi desossado e terá a carne doada. Em outro abatedouro, em Porto Xavier, foram apreendidos equipamentos. De acordo com o veterinário da Seapa Rodrigo Etges, na região de São Nicolau, outros 30 quilos de carne transportada sem inspeção foram inutilizados. O dono recebeu auto de infração.
No Paraguai, após o abate de 820 animais começou ontem a revacinação e a sorologia.
Fonte: Suinocultura Industrial
FAPESP lança Código de Boas Práticas Científicas
28/09/2011
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – A FAPESP lançou na terça-feira (27/09) oCódigo de Boas Práticas Científicas, com o objetivo reforçar na comunidade científica paulista uma cultura sólida e bem arraigada de integridade ética da pesquisa mediante um conjunto de estratégias em três pilares: educação; prevenção; e investigação e sanção justas e rigorosas.
O documento estabelece diretrizes éticas para as atividades científicas dos pesquisadores que recebem Bolsas e Auxílios da FAPESP, aplicáveis também às instituições-sede das pesquisas e aos periódicos que contem com apoio da Fundação para publicação.
“Desde a sua fundação, há quase 50 anos, a FAPESP norteia sua atuação pelo critério da idoneidade e qualidade dos projetos e dos pesquisadores. No decorrer dos anos, o número de projetos e pesquisadores cresceu muito e tornou-se necessário explicitar esses critérios para orientação da conduta nas atividades científicas”, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP.
O código, segundo Lafer, não trata de questões como a bioética, que passam por outro processo de avaliação. Nos casos que envolvem bioética, a FAPESP só aprova projetos que tenham passado pelas comissões de ética das respectivas instituições de pesquisa, que possuem regulamentação própria para esse tema.
“A pesquisa científica não se limita à descoberta de novos conhecimentos, mas também envolve a ideia de que é preciso preservar, no campo da pesquisa, por meio das boas práticas, os valores do conhecimento e da qualidade científica dos resultados. É importante oferecer um referencial concreto para distinguir esses valores de práticas não aceitáveis como a fabricação de resultados e os plágios”, disse.
Lafer lembrou que o código é coerente com o esforço de internacionalização da FAPESP. “As boas práticas científicas são uma preocupação que encontramos em outros países e instituições parceiras”, disse.
O projeto de construção do código teve início há um ano, a partir da preocupação da Diretoria Científica da FAPESP e do interesse do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação no tema. “Depois das primeiras discussões, foi realizado um estudo sobre como a questão é tratada por diversos países com grande tradição científica”, disse.
O levantamento foi feito pelo membro da coordenação adjunta da Diretoria Científica da FAPESP Luiz Henrique Lopes dos Santos, professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). O estudo resultou no artigo Sobre a integridade ética da pesquisa, concluído em abril, que foi o embrião do código de boas práticas.
“O código foi avaliado também em conjunto com outras instâncias da comunidade científica nacional, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciências”, disse Lafer.
Tripé da ética
Tripé da ética
Segundo Brito Cruz, a análise das experiências estrangeiras proporcionou um aprendizado que foi consolidado no novo código. O aspecto principal desse aprendizado é que a estratégia para o desenvolvimento de uma cultura de boas práticas científicas se sustenta sobre três pilares: a educação; a prevenção; e a investigação e sanção justas e rigorosas.
“Muitas vezes a discussão só surge quando se chega ao momento da investigação e das sanções relacionadas aos deslizes éticos. Mas é preciso dar atenção à educação da comunidade científica – em especial aos jovens – nessas boas práticas e à prevenção caracterizada pela orientação do pesquisador toda vez que houver dúvidas sobre o assunto”, afirmou.
No campo da educação, segundo Brito Cruz, as instituições científicas que recebem financiamento da FAPESP serão incentivadas a organizar periodicamente treinamentos e cursos que abordem a questão das boas práticas.
“Da mesma forma, no campo da prevenção a FAPESP deseja que as instituições organizem serviços internos – de acordo com sua cultura e suas tradições – com a função de oferecer orientação aos pesquisadores sobre esse tema. Com isso, eles saberão quem consultar quando houver dúvidas e preocupações relacionadas ao assunto”, afirmou.
Ao mesmo tempo, a FAPESP estabelece no código os procedimentos adequados para quando um caso relacionado à má conduta na pesquisa chegar ao ponto de levar a uma investigação. O procedimento terá uma primeira fase interna e sigilosa, a fim de verificar as eventuais alegações e preservar, ao mesmo tempo, os envolvidos que venham a ser inocentes.
Brito Cruz afirmou que uma das expectativas da FAPESP é que o código ajude as instituições financiadas pela Fundação a debater o tema das boas práticas com sua comunidade de forma mais intensa. Segundo ele, é importante que o assunto esteja presente de forma constante, em discussões que envolvam tanto os pesquisadores experientes como os jovens pós-graduandos.
“Para facilitar o acesso da comunidade científica ao código, além da sua publicação impressa, criamos um site no portal da FAPESP que reúne o código, o artigo que foi seu ponto de partida e uma série de links para diversas experiências internacionais, como manuais, análises e referências gerais que tratam do tema”, disse Brito Cruz.
Os links incluem a versão on-line do livro On Being a Scientist: A Guide to Responsible Conduct in Research Third Edition (2009), um documento sobre ciência responsável elaborado pela Academia de Ciências dos Estados Unidos.
“A FAPESP está traduzindo essa obra, que será disponibilizada em português. Uma versão impressa será enviada, junto com o código de boas práticas, a todos os pesquisadores e bolsistas que assinarem contrato com a FAPESP”, disse.
FAPESP – Boas práticas científicas: www.fapesp.br/boaspraticas
domingo, 25 de setembro de 2011
Estados reforçam vigilância para proteger rebanhos brasileiros da febre aftosa
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul - os quatro estados que integram o Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) - atuarão em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para proteger os rebanhos brasileiros contra a febre aftosa. Ontem (23/09/11) foi definida uma estratégia comum com o intuito de evitar que o foco da doença registrado no Paraguai cause prejuízos ao rebanho nacional, em reunião realizada em Porto Alegre (RS), entre o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, e representantes das secretarias ligadas ao assunto dos quatro estados.
O secretário da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, João Rodrigues, já adiantou que solicitará recursos do governo federal para custear as despesas de proteção para o estado que decretou situação de alerta sanitário preventivo. Esta semana, o secretário assinou portaria que suspende preventivamente o ingresso de produtos ou subprodutos de origem animal e vegetal originários do Paraguai em Santa Catarina.
No Rio Grande do Sul, equipes de trabalho atuam na fiscalização dos pontos de ingresso de animais na fronteira. Além disso, a área de cobertura do monitoramento foi ampliada. Inicialmente, a previsão era de que as medidas fossem executadas entre os municípios de Barra da Guarita e Garruchos, nas regionais de Santa Rosa, Ijuí e São Luiz Gonzaga, mas já estão sendo estendidas às áreas que vão de São Borja a Uruguaiana.
O Paraná também adotou de forma emergencial todos os procedimentos técnicos para evitar a circulação do vírus da febre aftosa no estado. A fiscalização sobre o trânsito de animais e cargas de produtos e subprodutos de origem animal foi reforçada em toda a área de abrangência da fronteira com Mato Grosso do Sul e com os países vizinhos.
No posto de fiscalização de Foz do Iguaçu, por onde passam cargas de animais e produtos, o Ministério da Agricultura, órgão responsável pela vigilância em fronteiras internacionais, reforçou a atenção e controla a entrada de caminhões vindos do Paraguai.
FONTE
Agência Brasil
Lúcia Nórcio - Repórter
Lílian Beraldo - Edição
www.agricultura.gov.br
Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul
www.codesul.com.br
Agência Brasil
www.agenciabrasil.gov.br
O secretário da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, João Rodrigues, já adiantou que solicitará recursos do governo federal para custear as despesas de proteção para o estado que decretou situação de alerta sanitário preventivo. Esta semana, o secretário assinou portaria que suspende preventivamente o ingresso de produtos ou subprodutos de origem animal e vegetal originários do Paraguai em Santa Catarina.
No Rio Grande do Sul, equipes de trabalho atuam na fiscalização dos pontos de ingresso de animais na fronteira. Além disso, a área de cobertura do monitoramento foi ampliada. Inicialmente, a previsão era de que as medidas fossem executadas entre os municípios de Barra da Guarita e Garruchos, nas regionais de Santa Rosa, Ijuí e São Luiz Gonzaga, mas já estão sendo estendidas às áreas que vão de São Borja a Uruguaiana.
O Paraná também adotou de forma emergencial todos os procedimentos técnicos para evitar a circulação do vírus da febre aftosa no estado. A fiscalização sobre o trânsito de animais e cargas de produtos e subprodutos de origem animal foi reforçada em toda a área de abrangência da fronteira com Mato Grosso do Sul e com os países vizinhos.
No posto de fiscalização de Foz do Iguaçu, por onde passam cargas de animais e produtos, o Ministério da Agricultura, órgão responsável pela vigilância em fronteiras internacionais, reforçou a atenção e controla a entrada de caminhões vindos do Paraguai.
FONTE
Agência Brasil
Lúcia Nórcio - Repórter
Lílian Beraldo - Edição
Links referenciados
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimentowww.agricultura.gov.br
Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul
www.codesul.com.br
Agência Brasil
www.agenciabrasil.gov.br
Foco de aftosa no Paraguai
Mais uma vez a febre aftosa aparece no cone sul do continente sul americano trazendo apreensão e mobilização das autoridades sanitárias. 20/09/11 - Record Rural - 6:29
www.msrecord.com.br/msrecord/recordrural
Links referenciados
Record Ruralwww.msrecord.com.br/msrecord/recordrural
A agropecuária brasileira
Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostram que, em 2010, o Brasil se tornou o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo, superando, por exemplo, Canadá, Austrália e China, e ficando atrás de Estados unidos e União Européia. Apesar do aumento das exportações de soja, e também de produtos com maior valor agregado, como suco de laranja e carnes de boi e frango - além de saltos nos últimos dez anos, como a internacionalização de empresas brasileiras e a consolidação no mercado de capitais - o setor ainda precisa desenvolver novas ações estratégicas para enfrentar mercados ainda fechados. 20/09/11 - TV Brasil - 52:53
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Pesquisa da USP eleva produção de carne para 600 quilos por hectare
Na pecuária de corte tradicional brasileira, cada hectare (ha) de terra - que equivale a 10 mil metros quadrados (m²) - é usado para a pastagem de um único animal, levando a uma estimativa de produção anual média de carne em torno de 54 quilos (kg)/ha. Porém, neste mesmo espaço, quase do tamanho de um campo de futebol, é possível criar, ao mesmo tempo, 8 animais e ainda assim elevar a produção de carne para 600 Kg/ha ao ano. Essa alta produtividade pode ser encontrada no sistema de pastagens de alta lotação de animais, desenvolvido na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga.
"Essa produção elevada decorre de uma série de fatores que incluem, entre outros, nível alto de adubação da pastagem com nitrogênio e o confinamento do gado durante os meses de inverno. Nesse período de estiagem, o gado recebe uma dieta a base de milho, soja, cana-de-açúcar e ureia a fim de levar a um desempenho máximo dos animais", explica o professor Luis Felipe Prada e Silva, do Laboratório de Pesquisa de Gado de Corte, do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP) da FMVZ.
De acordo com o professor, "Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes [ABIEC] indicam que, no Brasil, em 2010, foram produzidas 9,2 milhões de toneladas de carne em equivalentes de carcaça. Se dividirmos este número por 170 milhões de hectares, que é a área de pasto existente no país, chegaremos ao número de produção anual de carne de 54 Kg / ha", esclarece.
Prada e Silva comenta que, atualmente, a pecuária de corte tradicional, no estado de São Paulo, está deixando de ser atrativa, pois não consegue ser tão competitiva em relação ao cultivo de cana-de-açúcar ou laranja, ou mesmo à pecuária leiteira. "A criação de gado de corte está mudando para o norte do País, em regiões de terras mais baratas e de fronteira. Com isso, há uma intensificação do desmatamento de florestas. Vende-se a madeira de forma a ocupar a área desmatada com pastos destinados a pecuária de corte", explica o coordenador do Laboratório.
No entanto, como mostram os estudos da FMVZ, é possível sim inverter este quadro. "Nosso objetivo é promover a intensificação da pecuária de corte, tornando possível que um número maior de animais sejam criados numa mesma área, com alta produtividade", destaca o professor. Os professores Augusto Hauber Gameiro e Angélica Pereira, do VNP, também integram o projeto, além de cerca de 15 pesquisadores, entre mestrandos e doutorandos, que desenvolvem estudos com o grupo.
Uma dessas pesquisas foi desenvolvida pelo pesquisador Rinaldo Rodrigues. Orientado pelo professor Gameiro, Rodrigues realizou, durante o seu mestrado, uma análise econômica da iniciativa implantada no campus de Pirassununga. A conclusão do trabalho é que o sistema de pastagens de alta lotação de animais é competitivo mesmo em regiões de terras mais caras utilizadas para a plantação de laranja e cana-de-açúcar.
DIFERENCIAIS
O sistema começou a ser implantado em 2009 numa área de 25 ha do campus de Pirassununga e passou a funcionar plenamente em 2010. A criação, atualmente, conta com 240 animais, de bezerros a animais adultos. A maioria é criada no pasto. Já os machos adultos próximos ao abate (de 16 a 20 meses) ficam em confinamento. "A média nacional para o abate de machos é de 36 a 48 meses", informa o pesquisador.
No sistema desenvolvido na USP, as fêmeas têm a primeira cria aos 24 meses. No Brasil, isso ocorre, em média, entre os 36 e os 48 meses. A fertilidade também é outro diferencial: na média brasileira, a cada 100 vacas expostas aos touros, entre 50% a 60% ficarão prenhes. No sistema implantado na FMVZ, esse índice é de 90%.
A adubação do pasto é outro ponto importante. "A maioria dos pecuaristas não cultivam o hábito de adubar o pasto. Em nosso sistema, chegamos a utilizar cerca de 300 quilos de nitrogênio por hectare ao ano", destaca.
DIA DE CAMPO
Hoje (24/09/11), esses e outros resultados serão apresentados durante o evento Dia de Campo que ocorre das 8 às 15h30 no campus de Pirassununga da FMVZ (Av. Duque de Caxias Norte, 225). Serão discutidos: manejo e adubação de pastagens, suplementação na seca e nas águas, confinamento e comercialização dos animais e avaliação econômica de sistemas intensivos de produção de bovinos de corte. A programação completa com os horários dos debates pode ser conferida na página do evento.
As inscrições, que custam R$ 15,00 e incluem o almoço de confraternização ao final do evento, podem ser feitas pelo telefone (19) 3565-4300 ou pelo email lfpsilva@usp.br.
Durante o evento será realizado o lançamento do Grupo de Pesquisa e Extensão em Pecuária Responsável (ResPec), "que procurará trazer uma contribuição diferencial ao setor, preocupando-se não apenas com a questão técnica, mas também a econômica, a social, a ambiental e do bem-estar dos animais", informa o professor Augusto Hauber Gameiro.
Luis Felipe Prada e Silva ressalta que um dos focos do grupo de pesquisa é convencer o governo de que existem formas eficientes de prevenir o desmatamento das florestas do norte do País. "Isso pode ser feito fornecendo crédito para os pecuaristas investirem em suas propriedades a fim de se adaptarem ao sistema de pastagens de alta lotação de animais", diz.
Segundo o professor, o investimento ficaria em torno de R$ 5 mil por ha para a adaptação da propriedade ao confinamento, manutenção de pastos, cochos, sem contar o valor dos animais. "Nossos estudos indicam que a taxa interna de retorno [lucro] é de 11% ao ano. Vale lembrar que a aplicação na poupança traz um retorno de cerca de 7%."
MAIS INFORMAÇÕES
Professor Luis Felipe Prada e Silva
Telefone: (19) 3565-4230
E-mail: lfpsilva@usp.br
FONTE
Agência USP de Notícias
Valéria Dias - Jornalista
Telefone: (11) 3091-4411
E-mail: agenusp@usp.br
Links referenciados
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carneswww.abiec.com.br
Departamento de Nutrição e Produção Animal
www3.fmvz.usp.br/index.php/site/content/
view/full/123
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
www.fmvz.usp.br
Universidade de São Paulo
www.usp.br
Agência USP de Notícias
www.usp.br/agen
Luis Felipe Prada e Silva
lattes.cnpq.br/5798268713448097
Augusto Hauber Gameiro
lattes.cnpq.br/3226189302451639
Rinaldo Rodrigues
lattes.cnpq.br/4202949858437085
lfpsilva@usp.br
lfpsilva@usp.br
agenusp@usp.br
agenusp@usp.br
Valéria Dias
valdias@usp.br
USP
www.usp.br
http://www.agrosoft.org.br/agropag/219355.htm
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Paraguai sacrifica cabeças de gado para isolar foco de febre aftosa
23/09
Com o apoio das Forças Armadas, as atividades podem se estender até sexta-feira, devido ao grande número de animais que precisam ser sacrificados
EFE
Assunção - Os serviços de inspeções veterinárias do Paraguai começaram nesta quinta-feira o sacrifício de quase 1 mil de cabeças de bovinos para isolar o foco de febre aftosa detectado na semana passada no departamento de San Pedro, no centro do país.
Fontes do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa) confirmaram aos jornalistas que pouco depois das 12h (13h de Brasília) teve início a operação para sacrificar 819 cabeças de gado no local onde o foco foi declarado, a fazenda Santa Helena, a 300 quilômetros ao norte de Assunção.
As cabeças de gado são abatidas a tiros, atividade conhecida como "rifle sanitário", e os animais depois são levados para uma grande fossa que ao final é selada com cal.
Com o apoio das Forças Armadas, as atividades podem se estender até sexta-feira, devido ao grande número de animais que precisam ser sacrificados.
O abate inclui 13 bovinos que deram positivo à aftosa, uma doença altamente contagiosa que afeta bovinos, ovinos, suínos e caprinos e outros ruminantes, embora não seja fatal para humanos.
O procedimento, que deveria ter começado na véspera, começou na presença de observadores de escritórios em Assunção da Organização Pan-americana da Saúde e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura.
O foco obrigou o Governo a suspender na segunda-feira as exportações de carne bovina, primeira fonte da receita da economia do país depois da soja, e a restringir o movimento de gado no departamento de San Pedro.
O plantel bovino do Paraguai, que em 2000 e 2001 foi afetado por outros surtos da doença registrados em outros países do Cone Sul, é de cerca de 13 milhões de cabeças.
O Senacsa explicou que a recuperação do status sanitário pode variar "do curto prazo" de dois a três meses até um ano devido aos processos que devem ser supervisados pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Segundo estatísticas da Associação Rural do Paraguai (ARP, o sindicato que reúne os criadores de gado do país), a carne bovina gera em condições normais receita mensal de US$ 75 milhões e é a segunda maior fonte de renda do país.
De acordo com empresários do setor, o surto de aftosa pode causar prejuízos à indústria frigorífica e 5 mil trabalhadores correm o risco de perder seus empregos enquanto durar a restrição das exportações.
EFE
Assunção - Os serviços de inspeções veterinárias do Paraguai começaram nesta quinta-feira o sacrifício de quase 1 mil de cabeças de bovinos para isolar o foco de febre aftosa detectado na semana passada no departamento de San Pedro, no centro do país.
Fontes do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa) confirmaram aos jornalistas que pouco depois das 12h (13h de Brasília) teve início a operação para sacrificar 819 cabeças de gado no local onde o foco foi declarado, a fazenda Santa Helena, a 300 quilômetros ao norte de Assunção.
As cabeças de gado são abatidas a tiros, atividade conhecida como "rifle sanitário", e os animais depois são levados para uma grande fossa que ao final é selada com cal.
Com o apoio das Forças Armadas, as atividades podem se estender até sexta-feira, devido ao grande número de animais que precisam ser sacrificados.
O abate inclui 13 bovinos que deram positivo à aftosa, uma doença altamente contagiosa que afeta bovinos, ovinos, suínos e caprinos e outros ruminantes, embora não seja fatal para humanos.
O procedimento, que deveria ter começado na véspera, começou na presença de observadores de escritórios em Assunção da Organização Pan-americana da Saúde e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura.
O foco obrigou o Governo a suspender na segunda-feira as exportações de carne bovina, primeira fonte da receita da economia do país depois da soja, e a restringir o movimento de gado no departamento de San Pedro.
O plantel bovino do Paraguai, que em 2000 e 2001 foi afetado por outros surtos da doença registrados em outros países do Cone Sul, é de cerca de 13 milhões de cabeças.
O Senacsa explicou que a recuperação do status sanitário pode variar "do curto prazo" de dois a três meses até um ano devido aos processos que devem ser supervisados pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Segundo estatísticas da Associação Rural do Paraguai (ARP, o sindicato que reúne os criadores de gado do país), a carne bovina gera em condições normais receita mensal de US$ 75 milhões e é a segunda maior fonte de renda do país.
De acordo com empresários do setor, o surto de aftosa pode causar prejuízos à indústria frigorífica e 5 mil trabalhadores correm o risco de perder seus empregos enquanto durar a restrição das exportações.
Gazeta do Povo
http://www.agrolink.com.br/noticias/ClippingDetalhe.aspx?CodNoticia=160957
Ministro e secretários vão discutir ações de prevenção à aftosa
23/09
Brasília - O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, quer ter um completo diagnóstico sobre as medidas que os governos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de Mato Grosso do Sul adotaram para evitar que o vírus da febre aftosa volte a entrar no território brasileiro. Para tanto, ele se reúne nesta sexta-feira, a partir das 8h30, em Porto Alegre, com secretários de Agricultura dos quatro estados para traçar uma estratégia comum com objetivo de evitar que o foco da doença registrado no Paraguai cause prejuízos ao rebanho nacional.
No início desta semana, o Brasil recebeu comunicado sobre a constatação de um foco de aftosa em uma propriedade no departamento de San Pedro, no Paraguai. Diante disso, o Ministério da Agricultura determinou a suspensão temporária da importação de animais vivos e produtos in natura provenientes daquele país. A pasta também anunciou o aumento do contingente de fiscais federais e estaduais na região de fronteira e colocação de barreiras volantes na região para fiscalizar o trânsito de animais, produtos e subprodutos.
A reunião desta sexta-feira ocorrerá na Superintendência Federal do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul. Segundo a assessoria da pasta, Mendes Ribeiro Filho quer saber o que os estados estão fazendo para evitar a entrada do vírus no Brasil. A partir disso, ele deve anunciar novas medidas para reforçar o controle sanitário no país.
O encontro contará com a participação do secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, do secretário de Agricultura e Abastecimento de Santa Catarina, João Rodrigues, do secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, e da secretária de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul, Teresa Cristina Dias.
No início desta semana, o Brasil recebeu comunicado sobre a constatação de um foco de aftosa em uma propriedade no departamento de San Pedro, no Paraguai. Diante disso, o Ministério da Agricultura determinou a suspensão temporária da importação de animais vivos e produtos in natura provenientes daquele país. A pasta também anunciou o aumento do contingente de fiscais federais e estaduais na região de fronteira e colocação de barreiras volantes na região para fiscalizar o trânsito de animais, produtos e subprodutos.
A reunião desta sexta-feira ocorrerá na Superintendência Federal do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul. Segundo a assessoria da pasta, Mendes Ribeiro Filho quer saber o que os estados estão fazendo para evitar a entrada do vírus no Brasil. A partir disso, ele deve anunciar novas medidas para reforçar o controle sanitário no país.
O encontro contará com a participação do secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, do secretário de Agricultura e Abastecimento de Santa Catarina, João Rodrigues, do secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, e da secretária de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul, Teresa Cristina Dias.
Agência Brasil
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
O atual limite de CCS do leite no Brasil está adequado?
Enviado por Roberto Amaral
A decisão do MAPA em prorrogar por seis meses a entrada em vigor dos novos limites máximos microbiológicos e de células somáticas do leite intensificou a discussão sobre os critérios para definição dos atuais limites utilizados na legislação. Além da prorrogação dos limites de CCS e CBT, por meio da Instrução Normativa 32/2011 (12/07/2011), o MAPA nomeou um Grupo de Trabalho com representantes do agronegócio do leite para "estabelecer novas diretrizes do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite, bem como definir competências e compromissos de cada elo envolvido na cadeia produtiva do leite, e apresentar proposta conclusiva dentro do prazo da presente prorrogação". Vale mencionar que este é o primeiro reconhecimento oficial da existência do PNMQL.
Dentro deste cenário de prorrogação, alguns representantes do setor produtivo e das indústrias têm questionado a viabilidade da adoção de um limite de 400.000 células/ml para o leite do Brasil. Os principais argumentos contrários são de que este limite é excessivamente rígido e, consequentemente, não seria atendido por uma grande parcela dos produtores. De acordo com dados compilados dos laboratórios da Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL), cerca de 50% dos produtores avaliados em 2010 não atenderiam ao critério de produção de leite com < 400.000 células/ml, 30% estariam entre 400.000 e 750.000 células/ml, e 20% acima de 750.000 células/ml.
Um pouco de história
No Brasil, a adoção de limites máximos de CCS do leite foi definida pela IN 51/2002 (MAPA), a qual estabeleceu um período de adaptação inicial de 3 anos para entrada em vigor do limite de 1.000.000 células/ml, em 2005, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. Este legislação previa ainda que haveria reduções deste limite para 750.000 células/ml, em 2008 e, finalmente, para 400.000 células/ml, em 2011 (prorrogado para 01/2012). Para as demais regiões (Norte e Nordeste), os limites entrariam em vigor dois anos após as primeiras regiões. É importante lembrar que desde dezembro/1999, o assunto de mudança de legislação já era discutido, uma vez que pela Portaria MAPA 56/1999 foi submetida à consulta pública os regulamentos técnicos de qualidade do leite, que posteriormente foram adotados na legislação.
Com base cronograma proposto, a IN 51/2002 buscava, dentro de um período de 6 anos, sair de uma situação de ausência total de limites para um patamar similar ao padrão europeu de CCS do leite, o que indica um enorme desafio para a cadeia produtiva. A IN 51/2002 estabelece que a avaliação da CCS dos produtores seja feita com base na média geométrica dos últimos 3 meses. Como definição, a média geométrica de três amostras nada mais é do que a raiz cúbica da multiplicação dos três va lores em questão. Para facilitar a compreensão deste conceito, exemplificaremos a média geométrica de 3 valores: 10, 100 e 1000. Aplicando-se o conceito acima, inicialmente é necessário calcular o produto (multiplicação) entre os valores (10 x 100 x 1000 = 1.000.000) e posteriormente calcular a raiz cúbica deste produto (1.000.0001/3 = 100). Desta forma, a média geométrica dos valores 10, 100 e 1000 é igual a 100.
Nos EUA, o primeiro limite legal de CCS foi de 1.500.000 células/ml, adotado em 1970. Esta legislação somente foi alterada em 1986, passando para 1.000.000 células/ml, e em 1991 foi estabelecido o limite atual de 750.000 células/ml. Os estados podem definir limites diferenciados de CCS, como a Califórnia que adota o 600.000 células/ml. Desde 1997, entidades como o National Mastitis Council (NMC, Conselho Nacional de Mastite dos EUA) vêm propondo a redução deste limite para 400.000 células/ml, sem obter sucesso. Contudo, é necessá rio destacar que a definição de limites de CCS nos EUA é decidida por votação dos representantes de serviços de inspeção dos estados e não por representantes da cadeia produtiva. Mesmo com o limite de 750.000 células/ml, a média de CCS dos rebanhos norte americanos em 2010 foi de 228.000 células/ml (97% dos rebanhos sob controle de CCS) e apenas dois estados apresentam média acima de 400.000 células/ml.
Na União Europeia, foi adotado em 1985 o limite de 400.000 células/ml para o leite fluido de consumo humano, comercializado dentro da UE. Em 1992, este mesmo padrão foi estabelecido para todos os derivados lácteos, além do leite fluido (Council Directive 92/46/ECC). Considerando a grande influência dos padrões europeus sobre o mercado lácteo internacional, os principais países exportadores também adotaram padrão semelhante, entre os quais Nova Zelândia e Austrália.
Reduzir ou não o limite?
Os limite s máximos de CCS são usados para definir se o leite está ou não adequado para o consumo humano. A definição de um limite legal máximo de CCS do leite tem como pressuposto a proteção da saúde do consumidor. No entanto, a maioria dos especialistas concorda que o limite de CCS não está associado com riscos a saúde pública, pois as células somáticas estão naturalmente presentes no leite. Deste modo, não se pode considerar que haja diferença de segurança quanto ao consumo de leite com 400.000 ou 750.000 células/ml. Por outro lado, pesquisas científicas indicam que fazendas leiteiras com alta CCS apresentam risco aumentado de ocorrência de resíduos de antibiótico no leite. Considerados estes dois aspectos, pode-se questionar quais as razões e potenciais benefícios da adoção de limites mais rígidos de CCS no Brasil.
A CCS do tanque é um indicativo da ocorrência de mastite subclínica no rebanho. Além disso, está ligada às condições hi giênicas de produção de leite e a qualidade/rendimento industrial da fabricação dos derivados lácteos. Desta forma, ainda que não tenha relação com riscos à saúde pública, a CCS do leite está intimamente associada com a qualidade industrial do leite, com prejuízos aos produtores e indústria processadora, além de ter trazer restrições a entrada no mercado internacional. Além dos potenciais benefícios econômicos gerados pela redução da CCS do leite, pode-se citar algumas vantagens adicionais: a) aumento da confiança de consumidores no fornecimento de leite de alta qualidade para o consumo; b) harmonização de padrões internacionais de qualidade para o comércio de leite entre países; c) aumento da competividade dos produtos lácteos no mercado internacional; d) redução do risco de resíduos de antibióticos no leite; e) redução de custos de produção do leite em nível de rebanho.
Dentre todos os potenciais benefícios da redução do limite legal da CCS, um dos mais significativos para a cadeia produtiva é a harmonização do limite legal com aquele adotado por outros países exportadores, o que poderia aumentar a competividade do leite brasileiro. Contudo, se o mercado externo não for uma das metas a serem buscadas pelo agronegócio do leite, a adoção de limites mais rígidos de CCS não parece ser limitante do ponto de vista de segurança e saúde pública para consumo interno.
Para os produtores, independentemente dos limites legais máximos a serem adotados para o leite, os atuais programa de pagamento por qualidade bonificam aqueles que entregam leite com menos de 400.000 células/ml. Em algumas empresas os maiores valores de bonificação somente são atingidos quando o leite apresenta CCS 200.000 células/ml e ocorre forte penalização do preço quando este valor ultrapassa 400.000 células/ml. Estes dados sobre os sistemas de pagamento por qualidade, cada vez mais comuns, indic am que o mercado se antecipa e define padrões de excelência de qualidade muito mais rígidos do que a legislação estabelece. Contudo, a legislação além de proteger a saúde da população, deve também criar condições para maior competividade do setor.
Dentro deste cenário de prorrogação, alguns representantes do setor produtivo e das indústrias têm questionado a viabilidade da adoção de um limite de 400.000 células/ml para o leite do Brasil. Os principais argumentos contrários são de que este limite é excessivamente rígido e, consequentemente, não seria atendido por uma grande parcela dos produtores. De acordo com dados compilados dos laboratórios da Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL), cerca de 50% dos produtores avaliados em 2010 não atenderiam ao critério de produção de leite com < 400.000 células/ml, 30% estariam entre 400.000 e 750.000 células/ml, e 20% acima de 750.000 células/ml.
Um pouco de história
No Brasil, a adoção de limites máximos de CCS do leite foi definida pela IN 51/2002 (MAPA), a qual estabeleceu um período de adaptação inicial de 3 anos para entrada em vigor do limite de 1.000.000 células/ml, em 2005, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. Este legislação previa ainda que haveria reduções deste limite para 750.000 células/ml, em 2008 e, finalmente, para 400.000 células/ml, em 2011 (prorrogado para 01/2012). Para as demais regiões (Norte e Nordeste), os limites entrariam em vigor dois anos após as primeiras regiões. É importante lembrar que desde dezembro/1999, o assunto de mudança de legislação já era discutido, uma vez que pela Portaria MAPA 56/1999 foi submetida à consulta pública os regulamentos técnicos de qualidade do leite, que posteriormente foram adotados na legislação.
Com base cronograma proposto, a IN 51/2002 buscava, dentro de um período de 6 anos, sair de uma situação de ausência total de limites para um patamar similar ao padrão europeu de CCS do leite, o que indica um enorme desafio para a cadeia produtiva. A IN 51/2002 estabelece que a avaliação da CCS dos produtores seja feita com base na média geométrica dos últimos 3 meses. Como definição, a média geométrica de três amostras nada mais é do que a raiz cúbica da multiplicação dos três va lores em questão. Para facilitar a compreensão deste conceito, exemplificaremos a média geométrica de 3 valores: 10, 100 e 1000. Aplicando-se o conceito acima, inicialmente é necessário calcular o produto (multiplicação) entre os valores (10 x 100 x 1000 = 1.000.000) e posteriormente calcular a raiz cúbica deste produto (1.000.0001/3 = 100). Desta forma, a média geométrica dos valores 10, 100 e 1000 é igual a 100.
Nos EUA, o primeiro limite legal de CCS foi de 1.500.000 células/ml, adotado em 1970. Esta legislação somente foi alterada em 1986, passando para 1.000.000 células/ml, e em 1991 foi estabelecido o limite atual de 750.000 células/ml. Os estados podem definir limites diferenciados de CCS, como a Califórnia que adota o 600.000 células/ml. Desde 1997, entidades como o National Mastitis Council (NMC, Conselho Nacional de Mastite dos EUA) vêm propondo a redução deste limite para 400.000 células/ml, sem obter sucesso. Contudo, é necessá rio destacar que a definição de limites de CCS nos EUA é decidida por votação dos representantes de serviços de inspeção dos estados e não por representantes da cadeia produtiva. Mesmo com o limite de 750.000 células/ml, a média de CCS dos rebanhos norte americanos em 2010 foi de 228.000 células/ml (97% dos rebanhos sob controle de CCS) e apenas dois estados apresentam média acima de 400.000 células/ml.
Na União Europeia, foi adotado em 1985 o limite de 400.000 células/ml para o leite fluido de consumo humano, comercializado dentro da UE. Em 1992, este mesmo padrão foi estabelecido para todos os derivados lácteos, além do leite fluido (Council Directive 92/46/ECC). Considerando a grande influência dos padrões europeus sobre o mercado lácteo internacional, os principais países exportadores também adotaram padrão semelhante, entre os quais Nova Zelândia e Austrália.
Reduzir ou não o limite?
Os limite s máximos de CCS são usados para definir se o leite está ou não adequado para o consumo humano. A definição de um limite legal máximo de CCS do leite tem como pressuposto a proteção da saúde do consumidor. No entanto, a maioria dos especialistas concorda que o limite de CCS não está associado com riscos a saúde pública, pois as células somáticas estão naturalmente presentes no leite. Deste modo, não se pode considerar que haja diferença de segurança quanto ao consumo de leite com 400.000 ou 750.000 células/ml. Por outro lado, pesquisas científicas indicam que fazendas leiteiras com alta CCS apresentam risco aumentado de ocorrência de resíduos de antibiótico no leite. Considerados estes dois aspectos, pode-se questionar quais as razões e potenciais benefícios da adoção de limites mais rígidos de CCS no Brasil.
A CCS do tanque é um indicativo da ocorrência de mastite subclínica no rebanho. Além disso, está ligada às condições hi giênicas de produção de leite e a qualidade/rendimento industrial da fabricação dos derivados lácteos. Desta forma, ainda que não tenha relação com riscos à saúde pública, a CCS do leite está intimamente associada com a qualidade industrial do leite, com prejuízos aos produtores e indústria processadora, além de ter trazer restrições a entrada no mercado internacional. Além dos potenciais benefícios econômicos gerados pela redução da CCS do leite, pode-se citar algumas vantagens adicionais: a) aumento da confiança de consumidores no fornecimento de leite de alta qualidade para o consumo; b) harmonização de padrões internacionais de qualidade para o comércio de leite entre países; c) aumento da competividade dos produtos lácteos no mercado internacional; d) redução do risco de resíduos de antibióticos no leite; e) redução de custos de produção do leite em nível de rebanho.
Dentre todos os potenciais benefícios da redução do limite legal da CCS, um dos mais significativos para a cadeia produtiva é a harmonização do limite legal com aquele adotado por outros países exportadores, o que poderia aumentar a competividade do leite brasileiro. Contudo, se o mercado externo não for uma das metas a serem buscadas pelo agronegócio do leite, a adoção de limites mais rígidos de CCS não parece ser limitante do ponto de vista de segurança e saúde pública para consumo interno.
Para os produtores, independentemente dos limites legais máximos a serem adotados para o leite, os atuais programa de pagamento por qualidade bonificam aqueles que entregam leite com menos de 400.000 células/ml. Em algumas empresas os maiores valores de bonificação somente são atingidos quando o leite apresenta CCS 200.000 células/ml e ocorre forte penalização do preço quando este valor ultrapassa 400.000 células/ml. Estes dados sobre os sistemas de pagamento por qualidade, cada vez mais comuns, indic am que o mercado se antecipa e define padrões de excelência de qualidade muito mais rígidos do que a legislação estabelece. Contudo, a legislação além de proteger a saúde da população, deve também criar condições para maior competividade do setor.
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