SÃO PAULO - O rebanho bovino brasileiro deve se recuperar apenas em 2014. Atualmente, além de faltar boi para o abate, o volume de gado confinado no País e os estoques de animais acima de 36 meses em Mato Grosso seguem em queda. Segundo Luciano Vacari, superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o setor pode não conseguir suprir um possível avanço na demanda. "Se tiver aumento na demanda, não vai ter boi", afirma.
Diante desse cenário, de acordo com Alex Santos Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria, os frigoríficos de grande porte disputam preço com os de pequeno porte. De um lado, os maiores, por possuírem escalas mais ou menos programadas, mesmo que curtas, de dois a três dias, já compraram boi a termo e buscam pressionar as cotações.
De outro lado, os menores, pela urgência em adquirir animais, entram no mercado físico pagando preços mais altos, estabilizando as cotações. "Com o frio, a indústria esperava aumento de oferta, mas não ocorreu", diz. Ao contrário do que o mercado acreditava, segundo o analista, o pecuarista não está segurando gado no pasto. "Não é estratégia de criador. Como o frio, a pastagem perde a qualidade e o animal, peso", explica.
Depois dos abates acelerados de fêmeas em 2006 e 2007, a pecuária brasileira começou a sentir o reflexo da redução de bezerros, o que resultou em preços elevados para animais de engorda. "O setor esperava recuperar o rebanho em 2010, mas deve levar pelo menos mais uns dois anos", pondera Silva, reiterando que até lá, as cotações de bezerro devem seguir a patamares elevados.
Um levantamento da Acrimat feito este ano em Mato Grosso mostra que os estoques de bovino macho acima de 36 meses, cujo abate deve ocorrer no ano seguinte, estão diminuindo consideravelmente. O estudo, segundo Vacari, levou em consideração os números oficiais de vacinação, por faixa etária, dos últimos cinco anos de campanhas feitas no mês de novembro.
Em 2010, os estoques entraram com 1,53 milhão de gados prontos para serem abatidos. A projeção aponta para 2011 uma redução de quase 19% ante o montante do início deste ano. Em 2012, o volume deve cair para 1,09 milhão de animais com mais de dois anos, um recuo de 29% ante 2010, e de 12% se comparado a 2011.
Para 2013, o número de bois gordos no estado deve cair para 1,04 milhão de cabeças. "O rebanho nacional deve voltar a se normalizar a partir de 2014", afirma.
Segundo Vacari, o País tem condições de atender o consumo interno, mas as exportações de carne, que hoje representam 30% do volume total, podem recuar. "O melhor preço e as políticas públicas é que vão definir o destino da carne", pondera.
Ainda de acordo com o superintendente, o pecuarista só vai mandar animal mais novo para abate se os preços compensarem. "O criador já avaliou que é mais rentável vender o boi magro ou esperar para vender o animal durante a safra", afirma Alan Nangi, supervisor do Departamento de Acompanhamento de Abate da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). "Durante a safra, o preço da arroba tem atingido os melhores picos", explica.
Confinamento
De acordo com o analista da Scot, o número de bovinos confinados em 2010 deve recuar 8%. Em 2009, o País possuía 2,69 milhões de bovinos confinados. "Mesmo assim, com a expectativa de entrada dos bois confinados no segundo semestre, a disparidade de preços começou a diminuir", diz.
Para Nangi, a tendência mundial do confinamento é de avanço, mas o setor só deve aumentar nos países onde o investimento em planejamento e profissionalização forem mais acentuados.
O confinamento no Brasil caiu este ano, segundo Vacari, porque, em abril e maio, quando é época de tomada de decisão para o confinador, o cenário não estava claro. "Gastos em aquisição de garrote, alimentação e cotações futuras não fechavam as contas".
Para Nangi, a diferença do valor da arroba do boi no pasto para o boi confinado pode variar de 28,5% a 32,3%. Um boi de três anos estaria cotado a R$ 68 e R$ 70 a arroba. Já do confinado, segundo ele, valeria R$ 90 a arroba.
Fonte: Agrolink
Nenhum comentário:
Postar um comentário