domingo, 20 de março de 2011

Unesp desenvolve terapia alternativa com células-tronco mesenquimais para tratar tendinite em cavalos atletas




Use of Adipose Tissue-Derived Mesenchymal Stem Cells for Experimental Tendinitis Therapy in Equines

Tendão de Aquiles
Uma técnica alternativa de cultivo de células-tronco mesenquimais, desenvolvida por médicos veterinários da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), pode ser a solução para o complexo problema da tendinite em cavalos atletas.

Publicado no periódico Journal of Equine Veterinary Science, o estudo, coordenado pela professora Ana Liz Garcia Alves, teve início no mestrado de Armando de Mattos Carvalho e contou com o apoio da FAPESP.

A técnica envolve a retirada de células progenitoras derivadas do tecido adiposo de uma região próxima à base da cauda, para depois implantá-las no próprio animal de modo a se obter a regeneração do tecido lesionado.

Assim como o ser humano, os equinos que participam de competições sofrem lesões nos músculos, com a inflamação no tendão sendo um dos problemas mais comuns.

Causada pelo esforço repetitivo exigido nos membros do animal, a lesão pode causar o término precoce da carreira atlética do animal. “Existem diversas terapias para tratamento, mas até hoje nenhuma delas mostrou ser plenamente eficiente”, disse Carvalho.

O tendão do músculo flexor digital superficial, localizado na região do metacarpo do cavalo, é considerado um dos mais importantes e é onde ocorre a maior parte das inflamações.

Para extrair as células-tronco da gordura retirada do cavalo é necessário realizar um procedimento conhecido por digestão enzimática. Nele, uma solução de colagenase é adicionada ao tecido adiposo que faz com que toda a matriz extracelular seja digerida liberando vários tipos celulares, dentre os quais as células progenitoras.

“Após esse processo, essas células são cultivadas e, como as células-tronco mesenquimais têm como característica aderência ao plástico, essas são isoladas das demais. Após dez dias de cultivo, já é possível a obtenção de 10 milhões a 20 milhões de células-tronco e elas estão prontas para o implante no animal”, explicou.

Para o estudo foram selecionados cavalos saudáveis. A lesão nos animais foi causada propositalmente com a injeção de colagenase, que danificou o tecido desejado – no caso, o tendão do músculo flexor digital superficial.

Em seguida, um grupo de cavalos recebeu o implante de células-tronco no local da lesão e outro não. “Ao longo de cinco meses os animais passaram por sessões de fisioterapia e acompanhamento da lesão por ultrassonografia e análises clínicas”, explicou Carvalho.

Ao fim do período, foi realizada biópsia para posterior exame histopatológico e imuno-histoquímico por microscopia para avaliar a reparação do tecido lesionado.

“Comparamos os animais com implante tratados com aqueles que não haviam sido tratados e observamos que o tendão tratado com células-tronco estava mais organizado, isto é, suas fibras estavam mais paralelas”, disse.

Biologia molecular
Impulsionado pelos resultados positivos do mestrado, Carvalho continua com o tema em sua pesquisa no doutorado "Implante de células-tronco mesenquimais autólogas, associadas ao plasma rico em plaquetas em tendinites experimentais de equinos", também com o apoio da FAPESP.

Na nova etapa, a novidade está na inclusão da biologia molecular para a avaliação da reparação tecidual. “Selecionaremos alguns genes que estão normalmente presentes em tendões saudáveis dos animais para sua medição e faremos a comparação da quantia desses genes presentes em tendões lesados tratados e não tratados com as células-tronco”, apontou.

No novo estudo, Carvalho trabalha o implante de células-tronco associadas ao plasma rico em plaquetas (PRP), que assim como as células progenitoras também tem potencial para estimular a cicatrização e a atividade regenerativa.

Leia o artigo Use of Adipose Tissue-Derived Mesenchymal Stem Cells for Experimental Tendinitis Therapy in Equines(doi:10.1016/j.jevs.2010.11.014), de Armando de Mattos Carvalho e outros

Fonte: Mônica Pileggi /  Agência FAPESP

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