Em sua nova edição, que acaba de ser disponibilizada na internet, a revista científicaMemórias do Instituto Oswaldo Cruz traz artigos sobre a indução da resistência por medicamentos contra o HIV, o risco das transfusões sanguíneas para a transmissão da malária na Venezuela e a descrição do modelo experimental canino para estudos imunobiológicos das leishmanioses, entre outros temas. Para acessar, clique aqui.
Imagem microscópica de duas formas de Paracoccidioides brasiliensis que está na capa da nova edição |
No vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1), a mutação D30N na região da protease é selecionada pelo inibidor de protease nelfinavir. Um artigo publicado por pesquisadores do Laboratório de Virologia Humana da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Programa de Genética do Instituto Nacional de Câncer (Inca) analisou o impacto do medicamento nelfinavir para conferir resistência do HIV-1 subtipo B para outros inibidores da protease. O estudo demonstrou que a mutação D30N aumenta a susceptibilidade aos inibidores saquinavir (SQV) e amprenavir em HIV-1 subtipo B e que a mutação N88D em D30N neutraliza esse efeito. O estudo sugere que esses resultados podem contribuir para o aperfeiçoamento o tratamento direto da droga em países onde o subtipo B é epidemiologicamente importante.
Entre os anos de 1999 e 2009, mais de 360 mil casos de malária foram registrados na Venezuela. No país, vários estados estão passando por epidemias da doença, aumentando o risco de transmissão vetorial e, eventualmente, de transmissão na transfusão de sangue. Com o objetivo de investigar o risco de transmissão transfusional nos bancos de sangue de áreas endêmicas e não endêmicas do país, cientistas venezuelanos analisaram as doações de sangue para verificar possíveis infecções por malária. No estudo, kits comerciais foram utilizados para detectar anticorpos e antígenos em amostras de doadores de sangue. Todas as amostras foram estudadas por microscopia e por reação em cadeia da polimerase (PCR). Os resultados revelaram níveis significativos de soropositividade em doadores de sangue, sugerindo que medidas mais eficazes são necessárias para garantir que a transmissão transfusional não ocorra.
Os cães domésticos são considerados os principais reservatórios da leishmaniose visceral. Com o objetivo de estabelecer um modelo experimental canino para fornecer controles positivos para testes de respostas imunes a leishmania, pesquisadores da Fiocruz Bahia, da Universidade Federal do Ceará, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública de Salvador desenvolveram estudo que estabeleceu um protocolo para desenvolvimento de um modelo experimental canino que pode ser usado em estudos que abordem mecanismos imunológicos envolvidos na resistência e susceptibilidade ao infecção por L. infantum ou para testar potenciais candidatos a vacinas. O protocolo consistiu na inoculação de cães, por via subcutânea, com antígenos totais de promastigotas de leishmania, seguida por uma inoculação de promastigotas viáveis usando a mesma via. O estudo concluiu que os cães mantiveram-se saudáveis por um longo período de observação – mais de sete anos após a infecção. O protocolo apresentado mostrou ser capaz de induzir uma resposta imune celular duradoura, levando a uma infecção assintomática, indicando que o estudo fornece um protocolo útil para os estudos de mecanismos imunológicos e avaliação de vacinas em leishmanioses.
A detecção de genótipos de Mycobacterium tuberculosis (agente causador da tuberculose) resistentes ao medicamento rifampicina também foi destaque na edição de março dasMemórias. No estudo, foi investigada a validade do ensaio colorimétrico de hibridização reversa (CRDH) para detectar a presença de mutações em uma região específica do gene rpoB, que está associado à resistência à rifampicina.
Quando comparado com o teste de sensibilidade a antimicrobianos, a sensibilidade e a especificidade da metodologia CRDH foram 92,3% e 98,1% maiores, respectivamente. Quando comparado com a técnica de sequenciamento, a sensibilidade ea especificidade do CRDH foram 90,6% e 100% maiores, respectivamente. Para avaliar o desempenho do ensaio diretamente em amostras clínicas, 30 amostras de pacientes com tuberculose foram utilizados. Para estas amostras, os resultados do CRDH foram 100% compatíveis com os resultados da AST e do sequenciamento. Os resultados indicam que a taxa de concordância do CRDH é elevada quando comparada aos métodos convencionais e a dados de sequenciamento e sugerem que o CRDH pode ser aplicado com sucesso em um teste rápido para a identificação da resistência à rifampicina em M. tuberculosis. O estudo foi realizado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Centro Regional de Referência para Micobactérias da Itália, Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde de Porto Alegre, Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Luterana do Brasil de Canoas e do Laboratório de Pesquisa em HIV/Aids da Universidade de Caxias do Sul.
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