segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Bebês criados com cães têm menos doenças respiratórias


Crianças que mantêm contato com animais produzem mais anticorpos e, portanto, ficam mais protegidas contra infecções

Pedro Henrique, de 5 anos, e o irmão, Luiz Guilherme, de 3, convivem com animais desde que nasceram e dificilmente ficam res­fri­ados
Além de grandes amigos, os cachorros agora podem ser bons aliados para proteger bebês de doenças respiratórias durante o primeiro ano de vida. É o que revela um estudo realizado por pesquisadores da Finlândia e da Alemanha divulgado no jornal Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria.
A pesquisa acompanhou 397 crianças desde a gestação até 1 ano de idade e concluiu que os pequenos que possuíam cachorros em casa tiveram menos problemas do aparelho respiratório ou de infecções do que aqueles sem exposição ao animal. Além disso, eles também ficaram menos vulneráveis a contrair otites (inflamação no ouvido), rinites e tendiam a fazer menos uso de antibióticos.
Prevenção
Bichos precisam ser bem cuidados e estar com a higiene em dia
Ainda que as conclusões da pesquisa mostrem bons motivos para ter um cachorro e um gato em casa, o pediatra e membro da diretoria de defesa profissional da Sociedade Paranaense de Pediatria Luiz Ernesto Pujol ressalta que elas não são totalmente definitivas, pois fazem parte de impressões científicas buscadas pela Medicina.
De acordo com o infectologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe Victor Horácio de Souza Costa Júnior, os problemas respiratórios como amigdalite, bronquite, pneumonia e rinite alérgica são comuns no primeiro ano de vida, mas nem por isso os animais são sempre a melhor opção para evitar esses tipos de complicações. “Os pais não podem ignorar que manter bichos em casa não é uma situação totalmente inofensiva. O animal tem de ser bem cuidado, tem de ter boa higiene e é importante lembrar também que ele elimina pelo, o que nem sempre é bom para a saúde”, analisa.
O pediatra e membro da diretoria de defesa profissional da Sociedade Paranaense de Pediatria Luiz Ernesto Pujol relata que os resultados podem ser explicados pelo fato de que o bebê, ao manter contato com o bicho, produz mais anticorpos. “O que acontece é uma sensibilização. As crianças são expostas naturalmente a uma série de agentes agressivos e vão, aos poucos, criando resistência, como se fosse uma espécie de ‘vacina’ natural.”
O menino Pedro Hen­­ri­­que Massochetto de Lima, de 5 anos, é um exemplo de que os resultados da pesquisa podem mesmo ser uma justificativa para manter os cães dentro de casa. Desde que estava na barriga da mãe, cachorros e gatos já faziam parte da família, e, quando ele nasceu, os pais não evitaram que se relacionasse frequentemente com os animais. “Nunca tivemos problemas em manter bichos perto do Pedro. Desde bebê, ele sempre teve uma imunidade espetacular e, até hoje, dificilmente fica resfriado”, afirma Ricardo Braga de Lima, pai do garoto.
Felinos
Paralelamente, os cientistas analisaram o efeito do convívio dos participantes com gatos, e as conclusões mostraram que a convivência com felinos também aumenta a proteção de infecções respiratórias, porém de maneira menos eficiente do que com cães. A resposta para isso os autores desconhecem, mas eles lembram que trabalhos anteriores já haviam mostrado que a relação com os bichanos pode proteger bebês e crianças mais velhas contra a falta de ar.
Para Lima, poder permitir liberdade entre o filho e o bicho de estimação sempre foi algo satisfatório. “O Pedro já nasceu abraçado a cachorro e a gato. Quando era bebê, ele pegava a gatinha que tínhamos e saía pela casa. Até hoje eu deixo que ele faça tudo, brincar, pegar no colo, beijar, e acho ótimo que ele tenha essa ligação. Desde que ele saiba, claro, respeitar os limites do animal.”
Animal não é brinquedo
Animais de estimação são divertidos, companheiros e, ainda por cima, podem ajudar a manter a saúde das crianças. Mas é preciso tomar alguns cuidados, porque, afinal, cão e gato não são brinquedos e exigem atenção redobrada quando frequentam o mesmo espaço que os pequenos.
Na hora de decidir trazer um animal para casa, tanto pais como filhos precisam compreender e se adaptar à rotina dele. Geralmente, crianças mais ativas precisam de cães mais ativos, e aquelas mais tranquilas, de cães mais acomodados, segundo o diretor do Hospital Veterinário Santa Mônica, Roberto Lange.
O diretor ainda acrescenta que é imprescindível que os pais estejam cientes de que estão assumindo uma grande responsabilidade quando resolvem adotar um bichinho para o filho. “Num primeiro momento, a criança vai ter um apego enorme, mas aos poucos ela o vai deixando de lado e os pais precisam ficar atentos para ensiná-la a cuidar do novo membro da família com seriedade. Quando o filho é muito novo e ainda não tem noção do que é o animal, a tarefa é mais difícil.”
Em casa, Pedro Henrique e o irmão, Luiz Guilherme, de 3 anos, dividem todas as responsabilidades em relação ao cachorro. Ricardo Braga de Lima, pai dos meninos, afirma que os filhos são responsáveis por tudo o que já está ao alcance deles. “O cachorro é deles, então eles têm de ajudar na alimentação, dar água e até cuidar da limpeza da casinha e avisar quando a ração e os produtos de higiene estão acabando. Vejo como um grande aprendizado.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário