terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Qualidade do leite tem que vir do campo

Folha do Oeste
Gran Mestri realiza programa de fidelização de produtores onde um dos objetivos é o aprimoramento da qualidade do leite
Diretor e presidente da Gran Mestri, Acari Menestrina$alttext




“O Brasil precisa urgentemente buscar novos caminhos para o produtor de derivados de leite, pois com a crise mundial que atinge fortemente a Europa, eu acredito que teremos espaço para levar produtos produzidos daqui para lá”, essa é a expectativa do médico veterinário e sócio da Asserpec (Assessoria Pecuária Ltda.), Enedi Zanchet.
Segundo ele, a busca pela qualidade do leite somente será possível se houver com o produtor uma forma de parceria em que o produto chegue à indústria com a qualidade necessária; “até porque não existe como manipular a qualidade dentro da empresa. A qualidade tem que vir do campo”, ressalta. “O produtor também precisa aceitar que está produzindo alimentos, logo a matéria-prima desses alimentos tem que apresentar qualidade. Além disso, a indústria precisa reconhecer esse esforço que o produtor faz visando à qualidade, essa é a parceria que havia dito”, completa.
A Gran Mestri já é uma empresa que trabalha com padrões internacionais de qualidade dos produtos. Mas, segundo o veterinário, exigir a qualidade do leite é, em princípio, um grande desafio. “Acredito que em pouco tempo todos os fornecedores de leite terão essa consciência de qualidade. Cada vez mais, o mercado é exigente em termos de qualidade. O poder aquisitivo sobe no Brasil e com isso sobem as exigências de qualidade dos produtos. Mas sabemos que muitas empresas não estão acostumadas a cobrar do produtor qualidade. E em alguns casos, quando se chega com uma proposta diferente, num primeiro momento é difícil ser aceita pelos agricultores, até mesmo pelos longos anos que eles produzem sem ter essa cobrança da indústria”.

QUALIDADE

O diretor e presidente da Gran Mestri, Acari Menestrina, diz que o Brasil tem o leite mais caro do mundo e o pior em qualidade. “Temos problemas de contagem bacteriológica, células somáticas, coliformes totais, baixa proteína”, comenta. Para ele, a qualidade da matéria-prima também é desafiadora; “por isso estamos fazendo um trabalho muito forte nesse sentido”.

A Gran Mestri, conforme Menestrina, é a primeira indústria no país a ter leite no padrão internacional. “Trabalhamos com um grupo seleto de produtores, nas propriedades destes, e os animais têm dieta alimentar, todos os cuidados de bem-estar, de higienização e sanitização. Não é difícil, mas ainda falta desenvolver mais forte essa cultura europeia de higiene”, destaca.
Conforme Enedi, a empresa está conseguindo isso. “Os produtores fornecedores têm essa visão da importância da qualidade, então, por isso, a empresa pensa em uma forma de fidelizá-los e uma das maneiras para conseguir isso foi abrir as portas da empresa para que eles conhecessem todo o processo, facilitando o entendimento da cobrança da qualidade da matéria-prima e fidelizando o compromisso com isso”.
Para garantir qualidade, uma dieta alimentar e o bem-estar animal são fundamentais, mas um boa higiene também é essencial. “Dentro deste quesito de higiene, a qualidade da água é extremamente importante. Ainda mais porque sabemos que a as condições da água no interior são consideradas muito ruins. Temos uma preocupação enorme com as águas dos centros urbanos e não temos quase nenhuma preocupação com a água do interior, isso precisa ser melhor revisto. A água para nós é um desafio muito grande no meio rural, a falta dela é prejudicial, mas a má qualidade também é”, opina o veterinário.
PRODUÇÃO

Alguns dos produtores que participaram do programa de fidelização, realizado nesta semana na Gran Mestri, ressalvaram sobre a atividade. “Eu não tinha conhecimento do processo todo para a fabricação dos produtos, e essa visita foi muito boa, deu maior segurança para nós produtores e também para os consumidores, já que tudo é feito com rigoroso cuidado”, comenta o agricultor Narciso Milan, de São José do Cedro, que tem na propriedade 18 vacas.

O jovem agricultor Alexandre Rigon, também de São José do Cedro, praticamente cresceu vendo os trabalhos da família na produção do leite. Segundo ele, já são mais de 15 anos de dedicação dos pais à atividade. Atualmente, a família tem 40 vacas da raça holandesa. “Eu comecei a ajudar de forma mais intensa há uns quatro anos, por isso hoje estou aqui conhecendo um pouco do processo da Gran Mestri, que até então não tinha conhecimento. E ao mesmo tempo aprendendo e discutindo sobre a importância da qualidade”, comenta.
Conforme Enedi, mesmo com algumas dificuldades para mudar certos conceitos, a maioria dos produtores está se mostrando aberto a produzir com mais qualidade. “Na verdade, vejo a maioria dos produtores com a cabeça aberta nesse aspecto. E também a conscientização de que todos eles têm em mãos uma empresa e essa empresa tem que priorizar a qualidade do que produz e também administrar aquilo que vende”.
Há cerca de dez anos trabalhando com gado de leite, a família da também jovem agricultora Amabile Sevaldi, de Guaraciaba, tem 19 vacas na propriedade; segundo ela, a qualidade do leite atualmente já é um grande diferencial. “Além de ser bom, pois garante melhor qualidade na fabricação dos produtos, o leite de qualidade internacional também é garantia de mais lucro para os fornecedores”.

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