O setor produtivo de carne suína no Brasil está perto de alcançar uma grande conquista: a abertura do mercado japonês. Caso as últimas pendências formais para a liberação dos negócios sejam removidas em breve, as exportações poderão começar em 2013. “Estou otimista. A etapa mais difícil já foi ultrapassada”, diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). “Agora é só vencer algumas questões burocráticas.” O que falta é a definição da certificação sanitária para os produtos brasileiros que poderão entrar no Japão – último passo de um processo de aprovação que tem ao todo 12 etapas. A certificação terá de acompanhar cada contêiner embarcado.
Há pelo menos cinco anos, Camargo batalha, no Brasil e no exterior, em prol da permissão para a venda de produtos suínos no mercado japonês, o maior importador mundial, com gasto superior a US$ 5 bilhões por ano. Em 2011, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Japão comprou 1,2 milhão de toneladas de carne de porco, principalmente americana. A abertura de um mercado desse porte, estima a Abipecs, pode somar no longo prazo 350 mil toneladas por ano às exportações do Brasil, que foram de 516 mil toneladas em 2011.
A perspectiva de liberação começou a se concretizar no fim de agosto, quando o governo japonês reconheceu o estado de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação – um pré-requisito indispensável para o fornecimento ao Japão. Após a certificação, será decidida a lista de frigoríficos aptos a embarcar suínos para lá, com base em sugestão do Ministério da Agricultura do Brasil. “O ministério está tomando o cuidado de indicar as fábricas mais qualificadas”, diz Antonio Augusto De Toni, vice–presidente de Mercado Externo da BRF. De acordo com ele, a companhia está habilitada a fazer parte da seleção: “Temos a moderna fábrica de Campos Novos, construída dentro dos melhores padrões mundiais, e vamos indicar também a de Herval d’Oeste, que sempre recebeu muitos investimentos”. A expectativa é que as vendas da BRF ao Japão alcancem US$ 200 milhões por ano dentro de quatro anos. Hoje, a exportação de suínos rende à empresa cerca de US$ 450 milhões por ano.
Além do que pode representar diretamente, a abertura do mercado japonês é relevante pela repercussão em outros potenciais compradores. “A chancela é o mais importante de tudo”, diz De Toni.
União Europeia, México e Coreia do Sul são os próximos alvos. “Um mercado puxa outro”, afirma Camargo.
“Esperamos que em seguida venha a Coreia do Sul.”
A imagem estereotipada sobre os hábitos alimentares no Japão é a de um povo que vive à base de arroz, peixes, frutos do mar, algas e alguns legumes, devidamente seguidos de um chá. É verdade que esses produtos são fundamentais nas refeições do povo japonês e, mais ainda, no cardápio dos restaurantes de origem nipônica no Brasil – onde nos acostumamos com os sushis, os sashimis e os tempurás. Mas as carnes têm também presença marcante na mesa japonesa atual, muito mais farta desde que o país se tornou um dos mais ricos do mundo, com poder de compra para importar o que não produz – 60% dos alimentos que consome vêm de fora.
A carne de porco, em especial, é tão apreciada que tornou o Japão o maior importador de produtos suínos do mundo. O porco aparece em diversos preparos na cozinha japonesa. O prato mais familiar aos brasileiros – também virou um sucesso aqui – é o guioza, pastelzinho de origem chinesa que pode ser frito, cozido ou grelhado. Nele, a carne suína misturada a legumes é o recheio. Também de origem chinesa, os japoneses consomem o subuta, que consiste de porco em pedaços com molho agridoce. Costeletas, filés ou lombos fritos e empanados são chamados de tonkatsu. No popular katsudon, uma tigela de arroz é coberta com porco cozido, cebola e ovo. Shabu shabu é um cozido em que a carne é mergulhada em caldo quente de peixe ou carne. São múltiplas as formas de o consumidor japonês apreciar uma boa carne de porco. Em breve, de suínos criados no Brasil.
Fonte: BRF
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