O Brasil deverá tomar uma decisão mais forte sobre a suspensão de importação da carne bovina por 10 países apenas no início do próximo mês, quando deve acontecer a reunião anual da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). Até lá, a expectativa é a de que sejam retirados, pelo menos em parte, os embargos aos produtos domésticos declarados após aconfirmação pelo governo brasileiro da existência do agente causador do mal da vaca louca em um animal que morreu no Paraná em 2010.
Atualmente, o Brasil está classificado pela OIE como país de "risco insignificante" para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da vaca louca. O governo brasileiro aposta que esse grau será mantido na reunião de fevereiro e, se confirmado esse parecer pelo organismo internacional, o Brasil terá seus argumentos fortalecidos contra as restrições adotadas por esses importadores. O temor do setor privado, no entanto, é justamente o de que a OIE, após tanta movimentação do mercado comprador, acabe reavaliando negativamente o status brasileiro.
Foi realizada nesta segunda, dia 7, uma reunião com secretários do Ministério da Agricultura para um balanço sobre a situação com cada um dos países que deixaram de comprar carne do Brasil. De acordo com participantes do encontro, apesar de nenhum deles ter voltado atrás, a situação é avaliada como normal para esse tipo de interrupção de importações.
No momento, os técnicos brasileiros estão enviando informações para os compradores para deixar claro que o produto doméstico não apresenta perigo para a saúde humana. De qualquer forma, não se espera uma reação rápida por parte dos importadores porque, conforme participantes da reunião desta segunda, os trâmites são diplomáticos e, portanto, requerem mais tempo para avaliações às respostas dadas pelo governo do Brasil.
O governo ainda se mantém "tranquilo" em relação às suspensões anunciadas até agora porque elas partiram de países que têm pouca representatividade para a balança comercial de proteínas domésticas. Juntos, os 10 países que já anunciaram suas decisões de interromper a compra de carne bovina, ainda que por tempo determinado, têm participação inferior a 7% das exportações do produto, segundo o Ministério da Agricultura.
Entre eles, o que possui maior participação é a Arábia Saudita, com representatividade de 3,002% nas exportações brasileiras de carne no ano passado. O país anunciou que apenas comprará carne proveniente do Pará. O segundo é a China, com uma fatia de 1,23%. Esse país junto com Japão (0,134%), África do Sul (0,022%), Coreia do Sul (0,001%) e Taiwan (0,00%) declararam que não importariam mais proteína bovina brasileira - sejam animais vivos ou carnes congeladas.
O Peru, responsável por 0,08% das exportações brasileiras desses produtos em 2012, fez um anúncio similar, mas por apenas três meses. Compõem a lista também o Líbano (1,2%) e a Jordânia (1,032%), que decidiram restringir apenas a carne com origem no Paraná. Por fim, o Chile disse que não importará mais do Brasil farelo de ossos e de carne.
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