Agência reguladora no Reino Unido instruiu fabricantes de alimentos a checar presença de carne equina em seus produtos
O escândalo com a adulteração de carne na Europa cresce a passos largos. Na terça, dia 12, a polícia britânica invadiu um matadouro e uma empresa processadora de alimentos com a suspeita de que estariam vendendo carne de cavalo como sendo bovina. Em meio à crise, surgem suspeitas que dão tom quase ficcional ao caso: 70 mil cavalos estariam desaparecidos na Irlanda, a carne de cavalos também estaria sendo vendida em kebabs e pode, ainda, haver contaminação com carne de burro.
Autoridades britânicas anunciaram no fim da tarde que um matadouro em West Yorkshire, no norte do Reino Unido, e uma empresa processadora de alimentos em Aberystwyth, no oeste do país, foram invadidos pela polícia e a vigilância sanitária. A incursão tem como objetivo investigar a suspeita de que as duas empresas estariam vendendo carne de cavalo no lugar da bovina a lanchonetes de kebab e hambúrgueres. As duas empresas tiveram o trabalho suspenso e foram recolhidos documentos e toda a carne disponível.
A ação das autoridades britânicas, a mais forte desde que a crise começou em janeiro, acontece em um dia em que rumores sobre o escândalo surgem a todo momento. O fato mais dramático foi a acusação feita pela deputada trabalhista Mary Creagh. Ela afirmou que existiriam 70 mil cavalos desaparecidos na Irlanda e deu a entender que os animais teriam sumido para abate. Segundo ela, os cavalos - muitos deles selvagens - são vendidos a 10 por cabeça na Irlanda para comerciantes que, após o abate, conseguiriam até 500 pela carne desses animais.
Outro que surgiu no noticiário foi o polêmico agricultor José Bové. Conhecido pelos protestos antiglobalização nos anos 2000 e expulso do Brasil após destruir lavouras em manifestação no Rio Grande do Sul, o francês disse que o comércio da carne de cavalo seria comum na Romênia, que teria fornecido o produto a uma fabricante francesa de lasanhas congeladas. Segundo ele, após a proibição de cavalos nas estradas romenas, "milhões" de animais foram enviados ao matadouro, sem distinção entre cavalos e burros.
Autoridades de segurança alimentar da Romênia disseram que o país produziu 6,3 mil toneladas de carne de cavalo, de mula e de burro no ano passado, que foram rotuladas corretamente quando foram exportadas para outros países europeus.
Saúde
O escândalo se espalha por toda a Europa. A agência que regula os produtos alimentícios no Reino Unido (FSA, na sigla em inglês) foi à TV e ao rádio para dizer que os fabricantes de almôndegas, lasanhas, hambúrgueres e outros pratos prontos foram instruídos a checar a presença de carne de cavalo nos produtos e entregar os resultados no dia 15, segundo o jornal inglês The Guardian.
A publicação conta que a FSA mantém o caso como uma investigação sobre "carne identificada erroneamente", uma vez que não é ilegal usar carne de cavalo em alimentos, desde que identificado na embalagem. A agência diz não haver preocupação quanto à segurança alimentar, mas aconselha os consumidores que compraram pratos de carne da marca Findus a não comê-los, diz o Guardian. Isso porque os produtos não teriam sido submetidos ao teste para verificar a presença de fenilbutazona, uma substância comumente usada em cavalos que é banida por ser insegura para o consumo humano. Ela poderia causar, em casos raros, doenças no sangue.
Nesta quarta, dia 13, ministros de países da União Europeia (UE) vão discutir o problema da rotulagem de produtos feitos com carne. A Irlanda, que ocupa a presidência rotativa da UE, disse em seu site que a reunião foi convocada "para considerar as implicações mais amplas na UE, após as revelações recentes sobre a presença de carne de cavalo em produtos de carne". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Agência Estado
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