Causada por uma bactéria, a doença é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida ao ser humano
Fortaleza Alerta para os criadores de cavalos: 18 animais já foram sacrificados no Ceará vítimas do mormo, uma doença infectocontagiosa que atinge o sistema respiratório do equino, levando-o à morte. O médico veterinário da Agência de Defesa Agropecuária (Adagri), José Amorim Sobreira Neto, explica que o Ceará vive um estado de endemia da doença. "A situação está sob controle", afirma. Porém, é necessário o envolvimento de todos os criadores de cavalos no combate à enfermidade, uma vez que se trata de uma zoonose, podendo atingir também o ser humano, e até outros animais carnívoros, tais como cães e gatos, e ruminantes, como os caprinos.
Fiscais agropecuários fazem o diagnóstico da doença por meio de
exame de sangue no animal
Os animais sacrificados foram originários de municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde há muitos haras. Dos 18 cavalos, 16 eram Quarto de Milha participantes de vaquejadas. Este contexto evidencia uma das formas de contaminação da doença, por veiculação hídrica. Nas vaquejadas, é comum os animais terem água em bebedouros coletivos, aumentando o risco de circulação da bactéria Bukolderia mallei, causadora do mal. A contaminação também acontece por meio do alimento.
O cavalo doente apresenta como sintoma uma forte gripe, com secreção purulenta nas narinas. Quando essa secreção cai na água ou no alimento, a bactéria pode contaminar outros animais. "O mormo não tem tratamento, vacina ou cura", alerta Amorim Sobreira. O sacrifício do animal doente tem sido a única forma de controle da doença.
A Adagri fez o sacrifício humanitário dos 18 cavalos, após diagnóstico feito no período de setembro de 2012 a fevereiro último. Amorim Sobreira Neto explica que a bactéria causadora da doença está no ambiente.
A transmissão ocorre pela via digestiva, com a ingestão de água ou alimento contaminados; e pela via aérea, quando o equino doente espirra e espalha a Bulkoderia no ar. "Por ser uma zoonose, é um grave problema de saúde pública", adverte o médico veterinário.
No entanto, a Adagri só confirma a doença em cavalos. As propriedades com registro de casos da enfermidade estão sendo monitoradas pela Agência Agropecuária, mas também pela Secretaria de Saúde do Estado, para possíveis manifestações nas pessoas que tiveram contato com os animais doentes. Porém, até agora, nenhuma confirmação em seres humanos.
Diagnóstico
O sacrifício é a única forma de controle e combate. O animal doente, mesmo sem sintomas graves, pode transmitir a enfermidade por meio da secreção. O controle feito pela Adagri começa com o correto diagnóstico. Para os cavalos transitarem no Estado precisam ter o exame negativo de mormo e AIE (Anemia Infecciosa Equina) - outra doença também monitorada pela Agência Agropecuária.
O mormo é confirmado por meio de exame de sangue. Quando o laboratório identifica caso positivo, comunica imediatamente à Adagri. Com o laudo do exame em mãos, o fiscal agropecuário vai até a propriedade. Se o animal apresenta os sintomas, é sacrificado imediatamente.
Se não apresenta, mas tem o laudo positivo, é feito um segundo exame para tirar a prova. É o teste da maleína, que consiste numa injeção intradérmica na pálpebra do cavalo, contendo uma proteína modificada da Bulkoderia.
Em caso positivo da doença, o equino apresenta olho inchado após 48 horas, confirmando a necessidade do sacrifício. No caso desse teste dar negativo, será repetido após 45 dias, para confirmação ou não da doença.
A eutanásia é feita por meio do rifle sanitário, como forma de evitar a contaminação dos fiscais. Amorim Sobreira diz que, em todas as propriedades com caso confirmado da doença, os criadores foram favoráveis à eutanásia e colaborativos com a Adagri. Há a compreensão sobre o alto risco de contaminação da doença entre os outros animais e a própria família do proprietário. "Se atingir o ser humano, a doença também é letal".
Mesmo a situação estando sob controle, conforme assegura a Adagri, as medidas de combate são rigorosas. O saneamento dos focos inclui também a realização do exame de sangue nos animais de propriedades em um raio de três quilômetros no entorno do local originário do primeiro caso confirmado.
Maior incidência
O veterinário explica que o mormo é estudado desde o fim do século XIX. Desde então, não se descobriu uma forma de tratamento. A doença está disseminada em todo o País. Há registro de incidência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Porém, o maior número de casos é verificado no Nordeste.
No passado, já houve registro de mormo em seres humanos na Europa. Porém, quando as sociedades apresentavam precárias condições sanitárias. Atualmente, é improvável a confirmação.
Amorim Sobreira aponta que o controle da doença não descarta a possibilidade de aumentar o número de casos. Daí a necessidade da ação permanente e o estado de alerta no Ceará.
O combate da Anemia Infecciosa Equina (AIE) também está na mira da Adagri. A doença é considerada a "aids dos equibos". A incidência registrada pela Agência é de acordo com os exames que foram realizados por laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). "É de, aproximadamente, 1,5%, ou seja, dos exames que são realizados, de cada 200 animais, apenas 3 são positivos", afirma o veterinário.
Em quase todo o Estado há casos da AIE - Região Metropolitana de Fortaleza, Vale do Jaguaribe, Cariri, Norte e Inhamuns. "Atualmente nós temos um passivo aproximado de 1.200 casos espalhados pelo Estado, onde estamos criando uma força-tarefa para ir saneando as propriedades que são focos", diz ele.
A AIE é uma doença causada por um vírus que ataca o sistema imunológico do animal, onde o principal sintoma é uma profunda anemia quando examinadas as mucosas dos cavalos infectados. A transmissão se dá por agulhas, seringas, arreios e esporas contaminados e insetos hemató-fagos ( que se alimentam de sangue). Estes picam o animal infectado e levam o vírus para o equino sadio, completando o ciclo de transmissão da doença.
Amorim Sobreira explica que não existe tratamento, nem vacina. "A profilaxia da doença é também o extermínio do animal contaminado para que possamos evitar a contaminação dos outros animais sadios da propriedade", afirma.
Até agora, não se identificou a transmissão da AIE do animal para o ser humano. Portanto, conforme ele, não é considerada uma zoonose.
Mais informações
Agência de Defesa Agropecuária (Adagri)
Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA)
Telefone: 3101.2500
Blog Bem-Estar Pet
Para ler mais sobre animais de estimação confira o endereçohttp://blogs.diariodonordeste.com.br/bemestarpet
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