quinta-feira, 6 de junho de 2013

'É um ato bárbaro, é crime' diz veterinário sobre caça de cães no PA

Cães Caçados Prefeito Santa Cruz do Arari Pará (Foto: Reprodução/TV Liberal)
Segundo a população de Santa Cruz do Arari,
prefeitura captura e mata os animais.
(Foto: Reprodução/Aragonei Bandeira)

Conselho de Medicina Veterinária repudia captura de animais no Marajó.
Veterinário diz que prefeitura poderia ter adotado outras medidas.


O médico veterinário da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Pará, Eriberto Figueiredo, condena a atitude do prefeito de Santa Cruz do Arari, na Ilha do Marajó, que determinou a caça de cães no município sob a alegação de que os animais estariam transmitindo doenças para a população. Segundo denúncias de moradores, os animais estariam sendo laçados e mortos.

“Todos os animais transmitem doenças, mas o que esse prefeito está fazendo é crime, previsto em lei. Um cachorro pode passar para o humano raiva, leishmaniose, leptospirose, doenças de pele, doenças das mais simples às mais perigosas, mas certamente não é matando os cães que ele vai conseguir diminuir o número de pessoas doentes. Estudos mostram que matar cães não diminui as doenças. E que tipo de doenças são essas no município? Quem fez o levantamento epidemiológico?  Quem diagnosticou?”, questiona o especialista.

De acordo com o veterinário, a medida correta seria a manutenção de um centro de zoonoses na cidade, onde pudessem ser realizados tratamentos nos cães, com o acompanhamento de um médico veterinário para cuidar dos cachorros. “Se ele quer controlar a população desses animais, teria que montar um laboratório para castrar os cães e esterilizar as fêmeas, para que eles não se reproduzam. Nada justifica chamar a própria população para fazer isso”, diz, acrescentando que também existe uma coleira repelente que pode ser colocada no animal, evitando que o mosquito que transmite a leishmaniose pique o cão contaminado e depois transmita a doença para o homem.
Figueiredo diz ainda que em situações como esta é necessário o envolvimento de órgãos de saúde para realização de uma ação conjunta de prevenção de enfermidades, com a distribuição de panfletos e orientação junto à população. “A primeira coisa que deve ser feita é um estudo, um levantamento das doenças para o controle epidemiológico e sanitário. Também é preciso que se façam parcerias junto à Secretaria de Estado de Saúde do Para (Sespa) ou até mesmo junto ao Ministério da Saúde, que tem agentes para trabalhar nessa situação. O prefeito teria que pedir o apoio do estado e da federação, existem verbas para isso”.
Ações
Como representante do CRMV-PA, Eriberto Figueredo informou também que a entidade está tomando medidas para que o caso seja apurado com devido rigor. Na última segunda-feira (3), em parceria com outras organizações de defesa dos animais, um relatório foi entregue em mãos ao delegado Rilmar Firmino de Souza, da Delegacia Geral da Polícia Civil do Pará.  A situação foi apresentada ainda a Comissão de Bioética do conselho, durante reunião realizada na terça-feira (4).

“Muitas medidas podem ser feitas, menos sair por aí matando cachorros. O que esse prefeito está fazendo é um ato bárbaro e nós cobramos que o caso seja investigado e que ele seja punido. Aguardamos o resultado do inquérito policial da Delegacia de Meio Ambiente de forma justa. Também vamos denunciá-lo junto ao Ministério Público e ao Conselho Federal de Medicina Veterinária”, afirma o especialista.

Entenda o caso
A população de Santa Cruz do Arari, na Ilha do Marajó, está indignada com a atitude do prefeito Marcelo Pamplona. Segundo os moradores, a prefeitura estaria pagando pela caça de cães e cadelas, e os animais apreendidos seriam mortos. O prefeito reconhece que fez a captura dos cachorros, mas nega que tenha matado os animais: segundo ele, os bichos foram levados para a zona rual do município, já que estariam causando a proliferação de doenças na cidade.

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