sábado, 6 de julho de 2013

Rastreabilidade do rebanho bovino pode sair do papel


 O projeto de lei que institui a identificação individual do rebanho bovino gaúcho deverá ser encaminhado pelo governo do Estado à Assembleia Legislativa até a próxima semana. O objetivo do Executivo é tornar a rastreabilidade obrigatória e gratuita para os pecuaristas. A medida foi anunciada pelo governador Tarso Genro, na manhã desta quinta-feira, no Sindicato Rural de Lavras do Sul, na abertura da quinta edição do seminário O Pampa e o Gado. 

O projeto vem sendo elaborado há dois anos na Câmara Setorial da Carne e enriquecido por visitas técnicas feitas a países como a Austrália, Nova Zelândia e Uruguai. Inicialmente, seria custeado por recursos do governo federal, alocados no orçamento da União através de uma emenda coletiva da bancada gaúcha no Congresso Nacional. Mas a verba acabou sendo contingenciada e não foi liberada.
Agora, o governador decidiu que o Estado custeará a iniciativa que pretende, ao fim de cinco anos, identificar todo o rebanho bovino do Rio Grande do Sul. Segundo Tarso, a implantação da rastreabilidade, além dos benefícios diretos para o produtor e para o consumidor, também produzirá resultados positivos para os cofres estaduais, com a redução da sonegação, do abigeato e do abate clandestino. “Aqueles que agem à sombra, que se beneficiam com aquelas práticas irregulares, ficarão perplexos”, comentou o governador.
De acordo com o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, o Rio Grande do Sul deixa de arrecadar cerca de R$ 60 milhões ao ano com a sonegação no setor da carne bovina. “Pelo menos 500 mil cabeças simplesmente desaparecem a cada ano”, justificou o secretário, ao informar que, no ano passado, por exemplo, foram registrados cerca de dois milhões de nascimentos de bovinos no Estado, mas há indicadores de que nasceram entre 2,5 e 2,6 milhões de cabeças.
Mainardi disse que a medida trará benefícios para todos. “O produtor ganhará uma importante ferramenta para melhorar a gestão da propriedade e o mecanismo de valorização do seu produto”, explicou o secretário. O consumidor, afirmou, saberá o que está consumindo, onde foi produzido e em que condições. E o Estado poderá melhorar consideravelmente seus controles sanitários. O secretário qualificou a data como “histórica para o desenvolvimento da pecuária gaúcha”.
O diretor executivo do Sicadergs, Zulmar Moussale, saudou a medida. “Há pelo menos 15 anos ouço falar em rastreabilidade, sem avanços concretos”, apontou, ao defender que a adoção do sistema vai colocar a pecuária gaúcha num patamar de maior valorização. “Em Santa Catarina, por exemplo, não só a bovinocultura de corte se beneficiou com a identificação, pois o frango também se valorizou e, agora, eles estão exportando suínos para o Japão, o mercado mais cobiçado no mundo”, comentou Moussale. Para o dirigente, existe a possibilidade de ocorrer redução na ociosidade média da indústria, que hoje gira em torno de 35%.

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