“É importante a adoção de procedimentos para controle epidemiológico. Apresentamos um plano de contingência baseado em planos internacionais às autoridades, mas ainda não obtivemos resposta”, comentou.
Segundo Balaro, veterinários que estudam a doença acreditam que a língua azul é endêmica em grande parte do país, mas é subnotificada. Os sintomas podem ser confundidos com o de outras enfermidades, como verminose e pneumonia.
De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Guilherme Marques, o caso em Vassouras está sendo monitorado pelas autoridades competentes, mas é pontual e não pode ser considerado um surto.
“Todas as propriedades de onde saíram animais para essa propriedade foco e que venderam animais dessa propriedade foco foram monitoradas, inclusive em outros estados, e não foi detectada nenhuma ocorrência da doença. Nas propriedades próximas também foram feitos estudos e nada foi detectado que justifique uma medida emergencial”, declarou.
O representante do ministério convocou reunião para a próxima quarta-feira (7) com especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e professores universitários para discutir estratégias de monitoramento da língua azul. “Não é nenhum caso de surto, mas estamos nos antecipando para darmos a dimensão devida do problema e não aumentar a dimensão do caso como me parece que está ocorrendo, que não se justifica,”.
Marques disse ainda que o sorotipo 4, encontrado em Vassouras, não causa altos níveis de mortalidade e que os casos da doença no país não justificam a produção ou a importação da vacina que contém o vírus vivo atenuado. “Não se trata de doença que cause alto impacto econômico ao ponto de ter que lançar mão de uma vacina que pode causar problema de segurança. Ainda é preciso de mais pesquisas para saber a real eficácia e segurança delas”.
Casos anteriores de língua azul são registrados pontualmente no Brasil desde 1978. O vírus tem 26 diferentes sorotipos espalhados no mundo e a transmissão ocorre por meio da picada do mosquito conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Bois e vacas são considerados hospedeiros do vírus, que pode permanecer no organismo desses animais por até quatro meses. Um dos sintomas mais evidentes da doença é o inchaço da língua que ganha coloração azulada. Outros sintomas que se manifestam são febre alta, lesões nos lábios, salivação e secreção nasal excessivas, vermelhidão na pele, face inchada e perda de apetite.
Balaro explicou que embora a literatura diga que o vírus não apresenta risco de transmissão para seres humanos há o registro de um homem que manipulava o vírus em laboratório que adoeceu e de uma experiência in vitro, em que o vírus conseguiu atacar a célula pulmonar humana. O representante do Mapa disse desconhecer que haja havido transmissão do vírus para humanos.
Um grupo de veterinários da UFF, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pretende fazer um levantamento sorológico no estado e mapear as zonas de risco e as zonas endêmicas da doença.
“Faremos na primavera e no verão quando há maior incidência dos mosquitos. Vamos tentar verificar em que localidades está presente o mosquito-pólvora e se há riscos de as ovelhas de adoecerem”, comentou.
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