Especialistas dizem que não procede desconfiança sobre uso de substância
Se depender do aval dos frigoríficos e das análises de laboratório do Ministério da Agricultura, as famílias podem saborear sem receios a ceia de Natal, seja peru, chester, bruster, frango ou frangão. As desconfianças de que as aves receberiam hormônios para crescer rapidamente são infundadas, asseguram tanto autoridades sanitárias quanto empresários do setor.
A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura realiza, todos os anos, uma bateria de 10 exames científicos em aves abatidas. No último teste, com 3,7 mil amostras, nenhuma apontou resíduo de hormônio ou anabolizante. O uso dessas substâncias é proibido por lei desde 2004. As restrições começaram a ser impostas na década de 1980, quando as suspeitas se robusteceram.
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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também sustenta que o consumidor pode trinchar a ave sem preocupações. O chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Suínos e Aves, Gerson Scheuermann, argumenta que a aplicação de hormônio não faz efeito no desenvolvimento do frango e dos seus aparentados.
— O hormônio não responde, a ave é diferente do mamífero. Não faz sentido, o assunto já morre por aí — ressalta o especialista da Embrapa.
Scheuermann diz que o melhoramento genético permitiu abreviar o tempo de crescimento e aumentar o tamanho das aves, com ajuda da alimentação balanceada e das condições dos criatórios.
— As pessoas ficam desconfiadas, mas não tem nada de mágico. O ciclo de vida é curto mesmo — informa o técnico, citando que o frango pode ser abatido entre 42 e 49 dias de vida.
No ano passado, uma pesquisa da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) apontou que 72% da população teme que injeções de hormônios turbinem os frangos. A partir da constatação, empresários promoveram uma campanha de esclarecimento.
— Estamos numa pregação para desmitificar isso — diz o presidente da Ubabef, Francisco Turra.
O Brasil é o maior exportador de aves, tendo faturado US$ 6,87 bilhões entre janeiro e novembro deste ano — alta de 5,4% em relação ao mesmo período de 2012. Turra observa que os países importadores são rigorosos, jamais aceitariam carnes com vestígios de substâncias vetadas.
A nutricionista clínica Valéria Uhr diz não ter motivos para duvidar da vigilância sanitária, se o alimento foi liberado. Mas sugere que o consumidor só compre aves de redes autorizadas e com o carimbo da fiscalização.
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