terça-feira, 11 de março de 2014

Abate de cães expõe açougueiros nigerianos a Raiva

Pesquisadores nigerianos demonstraram que os açougueiros locais do Estado de Abia podem estar expostos de forma rotineira a Raiva, a partir de cães clinicamente saudáveis ao preparar os animais para consumo humano. Um estudo conduzido no sudeste da Nigeria, cuja população nativa consome carne canina como parte da dieta tradicional, detectaram vírus da Raiva na saliva e tecido nervoso de 5% dos cães abatidos.  Pesquisadores também confirmaram que açougueiros tomam poucas medidas de precaução ao manusear cães sem quadro clinico de doença antes do abate, colocando mordaças nos animais com as mãos desprotegidas sem proteção adequada contra mordidas, colocando os açougueiros em um risco potencialmente alto para contrair Raiva.
Um foco recente de Raiva no Estado vizinho de Cross Rivers na Nigeria tirou a vida de 8 pessoas que receberam mordidas de cães, demonstrando que a Raiva é um problema regional crescente. Para obter uma maior compreensão da extensão da Raiva nesta área, pesquisadores coletaram saliva e tecido nervoso de 100 cães locais destinados ao abate e os testaram quanto à presença de vírus. Os resultados dos testes nas amostras de saliva e cérebro estavam coerentes, e todos os casos positivos de Raiva (5%) eram de raças indígenas e de animais aparentemente saudáveis e sem quadro clínico – confirmando que cães destinados ao abate podem estar liberando vírus na saliva por ocasião do abate. Como a carne canina é consumida rotineiramente, e os açougueiros locais não tem como detectar animais infectados e remove-los da cadeia alimentar, o processamento de carne de cães infectados pode ter implicações sobre a Saúde Pública Regional. Potencialmente pode ocorrer a transferência de vírus se fluidos ou tecidos nervosos de animais infectados entram em contato com soluções de continuidade na pele antes que a carne seja cozida.

Além do desafio de monitorar cães para Raiva, pesquisadores verificaram uma falta de vacinação contra Raiva (tanto açougueiros quanto a cães), hábitos de manejo de cães de maneira insegura, e baixos níveis de educação formal colocam os açougueiros locais em risco elevado quanto a contração da Raiva. Um questionário distribuído para 19 açougueiros revelou que praticamente todos os comerciantes de carne (94.7%) já foram mordidos no passado durante o processo de abate, nenhum estando vacinado, e muito poucos procuraram atendimento médico adequado (27.8%)—preferindo remédios tradicionais com base a plantas e cinzas.  Não foram coletados dados que permitiriam correlacionar a exposição a carne de um cão com Raiva, mas o estudo confirmou que vírus da Raiva pode estar presente em cães aparentemente saudáveis no comercio de carne canina na Nigéria. Isto traz risco adicional aos açougueiros, seus fornecedores, e seus clientes. Ao apresentar as práticas de abate sob risco na Nigéria, este estudo pode encorajar autoridades de saúde para providenciar educação para Raiva direcionada a população local de maneira que o abate de cães possa ser destacado como uma fonte adicional de exposição a Raiva.
Contribuição de Laura Baker, uma escritora científica e voluntária da GARC, embasado na publicação científica por Mshelbwala, Ogunkoya e Maikai em ISRN Veterinary Science, Volume 2013 (2013), Article ID 468043, p1-5.
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