A iniciativa da criação de uma Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária nasceu da troca de idéias entre pessoas interessadas no assunto, dentro da Rede de Inovação Tecnológica para a Defesa Agropecuária (RIT DA), onde ganhou força e apoio.
No dia 9 de janeiro de 2010 foi iniciado um fórum de discussão no qual foram coletadas as impressões dos membros da RIT-DA, através de um breve questionário, quanto à necessidade de criação de uma agremiação voltada ao tema Defesa Agropecuária (DA). Esta seria capaz de discutir a DA brasileira
por meio da organização de eventos, cursos e publicações.
Após quase cinco meses no ar, o questionário foi respondido por 183 pessoas de todas as regiões do país (Figuras 1 e 2).
Figura 1: Porcentagem de respondentes por região (n=181).
A variação da porcentagem de respondentes por região reflete perfeitamente os membros por região da RIT-DA (dados não apresentados).
Figura 2: Discriminação de respondentes por unidade da federação (n=181).
Os únicos estados que não contaram com nenhum representante foram Amazonas, Amapá, Rondônia, Piauí e Paraíba. Dos 183 entrevistados, 175 (Figura 3) indicaram sua ocupação sendo mais da metade composta por servidores estaduais da defesa agropecuária (66%).
Figura 3: Porcentagem de respondentes quanto a ocupação (n=175).
A maioria dos respondentes é composta por médicos veterinários (42%) e engenheiros agrônomos (39%). Para esta pergunta o número de respostas foi maior pois três indicaram mais de uma formação acadêmica.
Figura 4: Formação acadêmica dos entrevistados (n=187).
Somente 2% daqueles que responderam a este questionário de forma voluntária indicaram que não seria importante a criação de uma agremiação que fomente cursos de atualização em defesa agropecuária. Os mesmos comentaram que esta seria uma prerrogativa do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) ou que já existem agremiações e outras instituições que realizam esta ação.
Perguntados ainda se estariam dispostos a se filiar, grande parte respondeu positivamente sem nenhuma reserva (81%), sendo que alguns (17%)
salientaram que dependerá dos benefícios trazidos pela mesma (Figura 5).
Figura 5: Disposição dos respondentes a se filiar a uma sociedade sobre defesa agropecuária (n=183)
Quando questionados sobre a importância da criação de uma revista sobre defesa agropecuária so 2% apresentaram negativa. Destes ninguem apresentou motivos para a não criação da revista mas sim outras opções para a realização deste intento.
Perguntados quanto a abordagem desta revista mais da metade (77%) indicou que uma única publicação para as duas áreas seria a melhor abordagem. Abordados quanto ao meio em que ela deveria ser publicada 68% indicou a necessidade de que a revista seja online e impressa.
Quanto a modalidade de cursos que esta agremiação deveria fomentar e ou realizar, não houve uma resposta que demonstrasse a preferência a um tipo específico de curso.
Um dado importante desta pesquisa foi a constatação de que grande parte dos respondentes considera que existe pouca interação entre a acadêmia (ensino e pesquisa) e os orgãos de defesa (Figura 6).
Figura 6: Interação entre os órgãos de defesa agropecuária e a comunidade acadêmico-científica (n=183).
Nos Estados Unidos, a criação de uma agremiação foi capaz de trazer uma maior interação entre os órgãos fiscalizadores, as instituições produtoras de conhecimento e o setor produtivo, sendo extremamente benéfica para a sociedade. Desde 1897 a “United States Animal Health Association” (USAHA) tem sido o fórum nacional de saúde animal americano, contando com 1400 funcionários estaduais e federais, organizações nacionais aliadas, representantes regionais e membros individuais. Para que a defesa do país esteja sempre alerta e atualizada, é importante que o conhecimento possa fluir de forma natural das universidades e centros de pesquisa para as Instituições responsáveis pela defesa agropecuária, contando sempre com o auxílio do setor produtivo.
Durante a II Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária (IICNDA), realizada em Belo Horizonte, de 26 a 29 de maio de 2010, foi realizada uma Mesa Redonda para discutir: “Mobilização das Sociedades Científicas e Lideranças Acadêmicas para o Avanço de Áreas Específicas do Conhecimento”, coordenada pelo Professor Evaldo F. Vilela e apresentada pelo Professor Aldo Malavasi Filho, Secretário Executivo da SBPC. Participaram também das discussões sobre a possível criação de uma Sociedade com foco na DA, Oswaldo Júlio Vischi Filho (CDA-SP), Altino Rodrigues Neto (IMA), dentre outros. Desta discussão saíram diversas ponderações sobre o possível papel de uma sociedade que discuta o tema DA no Brasil. Ficou bem claro que esta deverá ser uma agremiação multidisciplinar que não deixe de fora os profissionais da iniciativa privada e o setor produtivo do país.
Esta reunião na IICNDA foi bastante produtiva pois produziu algumas linhas de ação bem claras para o fomento desta sociedade. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, através de seu Secretário Executivo se mostrou extremamente inclinada a auxiliar na formatação de um estatuto interno para esta agremiação. Seguindo-se então, ficou acertada a realização de um workshop para sedimentar esta proposta junto a todos os interessados na criação da mesma. Segundo o Secretário Executivo daSBPC é importante que se institua, o mais rápido possível, uma organização com um CNPJ para que ela possa iniciar a arrecadação de recursos e filiação de membros visando, o seu crescimento e o alcance dos objetivos.
Conclusões
O questionário apresentou uma abrangência de respondentes de todas as regiões do Brasil apesar de uma grande concentração em alguns estados com maior participação na RITDA.
Em um universo de 187 respondentes, constituídos principalmente de médicos veterinários e engenheiros agrônomos, ficou patente a necessidade de criação de uma sociedade capaz de aproximar principalmente os profissionais executores da DA daqueles que produzem o conhecimento científico. Esta observação, baseada no questionário, se reveste de ainda mais importância na medida em que são os próprios profissionais da defesa que reconhecem esta necessidade pois são mais da metade dos respondentes.
O apoio dado pelos membros da RITDA levou a materialização destes anseios durante a IICNDA quando foi discutida a efetiva criação da Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária. Esta contará com o auxílio direto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em sua formatação. O próximo passo é a realização de um workshop, capaz de agregar todos os interessados na criação desta agremiação, para que se discutam os termos finais de fundação da mesma.
Com o objetivo de tornar cada vez mais transparente o processo de criação da SBDA, a RITDA servirá como palco para discussões mais aprofundadas sobre o tema, no sentido de fomentar a criação de uma sociedade capaz de efetivamente auxiliar a evolução constante da DA no Brasil.
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