quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Como preparar a fazenda para a campanha de vacinação

Novembro é o mês que começa a segunda etapa da Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa. Para que a imunização seja bem sucedida e o manejo sanitário não interfira nos resultados econômicos do rebanho, é preciso planejar a vacinação com antecedência. “A vacinação é encarada por muitos de forma negativa por interferir na rotina do manejo e pelas consequências que uma aplicação mal feita pode causar no rebanho. Porém, com planejamento e a aplicação dos conceitos de Manejo Racional é possível obter benefícios econômicos diretos, diminuir perda de doses, danificar menos equipamentos, correr menores riscos de acidente no trabalho e melhorar a rotina das atividades da fazenda”, afirma o médico veterinário Renato dos Santos, responsável pela Área de Manejo Racional da Beckhauser.

O primeiro ponto destacado pelo veterinário é a preparação da equipe, que é fundamental para o bom resultado do manejo. É a postura dos vaqueiros que irá determinar o comportamento do lote e o rendimento do manejo. “É importante a equipe entender que o manejo feito com calma é mais produtivo, pois gera menor risco de acidentes e contratempos. E que o planejamento também ajuda muito a fazer o trabalho render mais, ser mais tranquilo, menos cansativo e mais seguro”, ressalta Renato.

O veterinário orienta reunir com antecedência os responsáveis pelo trabalho, determinando tarefas a partir dos seguintes questionamentos: Que vacinas serão aplicadas? Quando? Quais animais serão vacinados? Onde a vacinação será realizada? Quem fará? Como a vacina será aplicada, segundo os padrões de Boas Práticas de Manejo?

As instalações devem ser revisadas e precisam estar em dia para o manejo. Muitas vezes, a fazenda faz tudo certo com relação aos medicamentos, conservação, higiene, treinamento da equipe, porém esquece-se de olhar como está sua infraestrutura, que é um fator determinante para o rendimento do trabalho.

“Um tempo antes da vacinação vale a pena fazer uma revisão completa das instalações. Procure manter o piso limpo e seco, pois essa medida diminui os riscos de acidentes. O ideal é percorrer o caminho por onde passam os animais, verificando onde podem lesionar-se com pregos salientes, pedras, buracos, pontas de tábuas, arames, vidros, agulhas etc. ou aspectos que dificultem sua condução, como sombras e objetos no caminho. Esses problemas devem ser corrigidos imediatamente”, orienta Renato.

Ele recomenda também verificar se as porteiras abrem e fecham com facilidade e fazer uma boa revisão no tronco de contenção, já que a vacinação racional é feita com os animais contidos, um a um, no tronco de contenção. O tronco deve estar limpo, lubrificado e com todas as peças funcionando corretamente. “A preparação das instalações resultará em maior agilidade, menor risco de acidentes para o pessoal e para os animais e maior eficiência do processo”, garante o veterinário.


O MANEJO DE VACINAÇÃO

“Sob estresse, o bovino produz hormônios, como cortisol, que têm consequências fisiológicas que fazem com que o animal tenha menor probabilidade de reagir imunologicamente à vacina ou a um vermífugo. Por isso, o manejo deve ser feito com calma e sem agressões; dessa forma nos aproximamos do 100% de eficiência na imunização, do contrário, provavelmente a fazenda estará jogando boa parte da vacina fora”, destaca o veterinário.

A condução dos animais até o curral deve sempre ser realizada com calma, sem correrias ou gritos. “Use sempre um vaqueiro diante da tropa (ponteiro) e não utilize objetos pontiagudos, muito menos choque”, recomenda o veterinário.

Quando o pasto for distante do curral, deve-se conduzir os animais na tarde anterior, deixando-os passar a noite no pasto próximo ao curral. O ideal é que o pasto tenha água, sombra e cocho para proporcionar pequenas quantidades de alimento que acostumem os animais a irem ao curral.

“Em dias de chuva, quando se forma barro mole no curral, deve-se evitar manejar com vacinas, pois há grande probabilidade de se injetar terra junto com o medicamento”, alerta.

Renato explica que os animais devem ser levados para o curral em lotes de acordo com a capacidade de processamento, pois encher demais o curral dificulta o manejo e aumenta o estresse do gado. A seringa deve ser abastecida com a quantidade adequada de forma a permitir um fluxo de manejo constante: “O bovino é um animal gregário, de grupo, e caminha seguindo o da frente. Se não tiver a quem seguir, torna-se mais difícil embretá-lo. Por outro lado, se colocamos mais animais na seringa do que ela comporta, certamente provocaremos lesões e estresse, com consequências diretas no resultado da imunização”, diz.

A aplicação do medicamento deve obedecer à legislação, que determina que seja feita na tábua do pescoço, sem risco de deixar lesões e resíduos em carnes nobres. Para que isso seja feito, uma boa contenção é fundamental. “É comum se achar que a vacinação com os animais soltos no brete coletivo rende mais, mas se a fazenda fizer o teste dividindo um lote em dois – no mesmo curral, com a mesma equipe – e marcar o tempo desde a entrada do primeiro animal até a saída do último, vai ver que o tempo é o mesmo, isso se não cair nenhum animal no brete coletivo que dê trabalho para levantar. Mas a qualidade do trabalho, o rendimento do manejo, a tranquilidade da equipe e dos animais e a segurança é muito maior na vacinação racional, com os animais contidos um a um no tronco de contenção”, destaca o veterinário, que lembra a pesquisa feita pelo Grupo Etco da Unesp em 2002.

Assista aqui a um vídeo com dicas.
http://agrolink.com.br/videos/dica-de-vacinacao-final_7322.html

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