DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
Para evitar que outros países sigam o exemplo do Japão e decidam suspender a compra de carne brasileira, o Ministério da Agricultura promoverá ao menos 20 missões técnicas em mercados consumidores a partir de hoje.
O objetivo é dirimir qualquer dúvida sobre o caso no qual o agente causador do mal conhecido como vaca louca foi identificado em um animal morto em 2010 em uma fazenda do Paraná.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, o governo pretende fazer também reuniões bilaterais em Paris e em Genebra nas próximas semanas para "esgotar o assunto".
Foi a primeira vez que o Brasil registrou a presença do agente da doença. A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) decidiu, contudo, manter a classificação do país como de risco insignificante para o mal da vaca louca.
Mesmo assim, o Japão anunciou a suspensão das importações de carne brasileira no último sábado, um dia após o governo confirmar a existência do caso.
A reação não surpreendeu o presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne bovina), Antonio Camardelli, pois o Japão historicamente não segue as recomendações da OIE.
"Os japoneses normalmente adotam critérios maiores do que os necessários", diz.
O governo também considerou a precaução excessiva, pois o país não compra carne bovina "in natura" do Brasil, apenas processada.
Os países signatários da OMC devem acompanhar as decisões da OIE. Por isso, o governo não crê em uma reação em cadeia.
IMPACTO RESTRITO
As compras japonesas representam cerca de 0,1% do total das exportações brasileiras de carne bovina.
De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou o equivalente a US$ 7,6 milhões em carne bovina industrializada para o Japão, enquanto as exportações totais de carne bovina do país somaram US$ 4,8 bilhões no período.
Apesar do impacto comercial restrito, a reação acendeu um alerta no governo, que decidiu acionar embaixadores e adidos agrícolas em seus principais mercados.
Nos próximos dias, eles farão reuniões para apresentar relatórios com informações sobre o caso.
A agenda começará justamente com os japoneses. Ontem, o adido agrícola japonês no Brasil já havia recebido esclarecimentos dos técnicos do Ministério da Agricultura, em Brasília. Ainda não há, no entanto, previsão de quando o país autorizará novamente a compra de carne brasileira.
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