quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Governo abre ofensiva para explicar caso de vaca louca e evitar restrição à carne brasileira


DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO 

Para evitar que outros países sigam o exemplo do Japão e decidam suspender a compra de carne brasileira, o Ministério da Agricultura promoverá ao menos 20 missões técnicas em mercados consumidores a partir de hoje. 

O objetivo é dirimir qualquer dúvida sobre o caso no qual o agente causador do mal conhecido como vaca louca foi identificado em um animal morto em 2010 em uma fazenda do Paraná. 

Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, o governo pretende fazer também reuniões bilaterais em Paris e em Genebra nas próximas semanas para "esgotar o assunto". 

Foi a primeira vez que o Brasil registrou a presença do agente da doença. A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) decidiu, contudo, manter a classificação do país como de risco insignificante para o mal da vaca louca. 

Mesmo assim, o Japão anunciou a suspensão das importações de carne brasileira no último sábado, um dia após o governo confirmar a existência do caso. 

A reação não surpreendeu o presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne bovina), Antonio Camardelli, pois o Japão historicamente não segue as recomendações da OIE. 

"Os japoneses normalmente adotam critérios maiores do que os necessários", diz. 

O governo também considerou a precaução excessiva, pois o país não compra carne bovina "in natura" do Brasil, apenas processada. 

Os países signatários da OMC devem acompanhar as decisões da OIE. Por isso, o governo não crê em uma reação em cadeia. 

IMPACTO RESTRITO 

As compras japonesas representam cerca de 0,1% do total das exportações brasileiras de carne bovina. 

De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou o equivalente a US$ 7,6 milhões em carne bovina industrializada para o Japão, enquanto as exportações totais de carne bovina do país somaram US$ 4,8 bilhões no período. 

Apesar do impacto comercial restrito, a reação acendeu um alerta no governo, que decidiu acionar embaixadores e adidos agrícolas em seus principais mercados. 

Nos próximos dias, eles farão reuniões para apresentar relatórios com informações sobre o caso. 

A agenda começará justamente com os japoneses. Ontem, o adido agrícola japonês no Brasil já havia recebido esclarecimentos dos técnicos do Ministério da Agricultura, em Brasília. Ainda não há, no entanto, previsão de quando o país autorizará novamente a compra de carne brasileira. 


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