08/09/2010 , às 18h39
Vacinação de cães e gatos contra raiva está mantida em todo o Brasil
Número de mortes registrados até 4 de setembro está abaixo da literatura internacional e concentra-se em três estados. Caso confirmado de raiva humana no Ceará, após ataque de cão, reforça necessidade de imunizar os animais
O Ministério da Saúde mantém a vacinação de cães e gatos contra a raiva em todo o país. Na avaliação do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde, as mortes de animais ocorridas até 4 de setembro nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte estão abaixo do esperado na literatura internacional. No dia 2 de setembro, foi notificado o primeiro caso de 2010 suspeito de raiva humana após ataque de cão. Letalidade da doença é próxima de 100%.
Desde a primeira semana de junho, 17 estados e o Distrito Federal iniciaram a vacinação, principalmente em municípios do interior. Quinze unidades da federação (AC, AM, AP, PA, RO, MA, RN, ES, RJ, SP, DF, GO, MT, MS e PR) vêm utilizando exclusivamente a vacina RAI-PET®, produzida pelo laboratório BIOVET. Esta vacina – recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – é obtida a partir de cultivo celular e confere imunidade de um ano aos animais.
Nesses 14 estados e no DF, foram imunizados, até 4 de setembro, 1.313.028 animais – dos quais 1.101.509 cães (80%) e 276.412 gatos (20%). Das 79 mortes informadas ao Ministério pelas Secretarias Estaduais de Saúde do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte, 41 (52%) foram em cães, 25 (32%) em gatos e 13 (16%) em animais não especificados. Todos ainda estão sob investigação.
“Com base nas informações que temos disponíveis até o momento, não há evidências suficientes para interromper a campanha de vacinação antirrábica”, avalia o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage. Em todos os casos, os animais começaram a manifestar reações adversas em até 72 horas após a vacinação. Por isso, os casos estão possivelmente associados à imunização e permanecem em investigação pelas Secretarias Estaduais, Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Com os dados disponíveis, a taxa de letalidade em gatos é de 0,090 mortes a cada 1.000 felinos vacinados; entre cães, é de 0,037 óbitos a cada 1.000 caninos vacinados. Segundo a literatura internacional, as taxas encontradas estão abaixo do esperado para as duas espécies.
Outros três estados (RR, BA e MG) estão utilizando a vacina fornecida pelo laboratório Merial, também obtida a partir de cultivo celular. As vacinas dois laboratórios – BIOVET e Merial – são certificadas pelo Laboratório Nacional Agropecuário (LANAGRO), do MAPA.
A vacina do laboratório BIOVET é a mesma utilizada em clínicas veterinárias privadas. A diferença é que, na rede pública, são utilizados frascos com 25 doses, enquanto que na rede particular, são frascos de dose única. Segundo o laboratório produtor, os componentes das duas apresentações da vacina são idênticos.
Até 4 de setembro, as Secretarias de Saúde dos 17 estados e do DF haviam informado um total de 1.377.921 animais vacinados, considerando as duas vacinas. Com relação ao estado de São Paulo, que decidiu suspender a vacinação, o Ministério da Saúde informa que está acompanhando as investigações das mortes de animais, juntamente com a Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e o MAPA.
A ocorrência de eventos adversos pode estar relacionada não apenas à vacina, mas também a fatores como a resposta individual de cada animal, o armazenamento e a administração do produto. Os sintomas de reações adversas a vacinas são extremamente variáveis. Podem surgir desde sinais leves, como dor e pequeno inchaço no local da aplicação, até manifestações como letargia, febre e sonolência horas após a vacinação. Para animais, são consideradas reações graves a anafilaxia (reação sistêmica à vacina) e a morte.
A vacina utilizada até o ano passado, a Fuenzalida & Palacios, assegurava proteção durante seis a sete meses. Por isso, nas áreas de maior risco (regiões Norte e Nordeste) eram realizadas duas campanhas anuais.
RAIVA HUMANA NO BRASIL – No último dia 2 de setembro, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério foi notificada do primeiro caso suspeito de raiva humana após ataque de cão, em 2010. O caso foi confirmado por exame laboratorial dois dias depois. O paciente foi agredido há cerca de três meses, no município de Chaval (CE).
Imediatamente, a Secretaria Estadual de Saúde foi orientada para iniciar o Protocolo de Tratamento de Raiva Humana – o mesmo aplicado em 2008 em um paciente de Floresta (PE), que se tornou o terceiro caso no mundo a sobreviver. Até junho de 2010, um caso de raiva humana havia sido registrado, no Rio Grande do Norte, após ataque de morcego. O paciente morreu.
De 1990 a 2009, o número de casos de raiva humana, considerando todas as espécies agressoras, caiu drasticamente – de 73 para 1. A partir de 2005, a intensificação das ações de vigilância permitiu uma redução ainda mais acentuada (veja tabela).
1990 | 1991 | 1992 | 1993 | 1994 | 1995 | 1996 | 1997 | 1998 | 1999 |
73 | 70 | 59 | 50 | 22 | 31 | 25 | 25 | 29 | 26 |
2000 | 2001 | 2002 | 2003 | 2004 | 2005 | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 |
26 | 21 | 10 | 17 | 30 | 44 | 9 | 1 | 3 | 2 |
A raiva é uma doença viral transmitida ao homem quando um animal infectado o morde, lambe ou arranha. Os principais transmissores são os cães, gatos, saguis e morcegos. Como não é possível imunizar animais que vivem na natureza, a campanha de vacinação de cães e gatos é a principal forma de prevenir os casos da doença em humanos, que tem letalidade próxima de 100%.
O QUE FAZER – Ao identificar que cães e gatos estão com suspeita de raiva, os donos devem isolar os animais e chamar ajuda especializada, que pode ser a de técnicos do centro de controle de zoonoses local ou a de um veterinário da secretária municipal de saúde para que as providências adequadas sejam adotadas. Se a pessoa for agredida por qualquer animal, deve-se lavar imediatamente a ferida com água e sabão e procurar um profissional de saúde para obter orientações sobre indicação de profilaxia antirrábica (vacina e/ou soro).
Quando a agressão for por cães ou gatos, os animais deverão ser confinados por dez dias após a agressão, para observação de sintomas da doença e, se o animal morrer, deve-se informar o departamento de zoonoses do município imediatamente.
Caso seja detectada a presença de morcegos na região, deve ser realizada a notificação aos órgãos da saúde e agricultura local para adoção de medidas de controle e prevenção, como: iluminar áreas externas nas residências, colocar telas nos vãos de dilatação de prédios, janelas e buracos e fechar ou vedar porões, pisos falsos e cômodos pouco utilizados que permitam o alojamento de colônias deste mamífero.
Números sobre a campanha de vacinação antirrábica 2010
• 30,9 milhões doses de vacina adquiridas
• 24,5 milhões de reais investidos
• 17,1 milhões de reais repassados aos estados para operacionalizar a campanha
• 28,5 milhões de cães e gatos é a previsão de animais a serem vacinados
• Em 2009, foram vacinados 23.303.282 cães e gatos no Brasil
Fonte Ministério da Saúde
“O erro é produto da realização e a correção do erro é produto da humildade e da inteligência”
ResponderExcluirComandante Rolim Adolfo Amaro