17/08
Em meio à demanda crescente, Brasil desponta como locomotiva do agronegócio mundial. Estados Unidos, porém, saem na frente com política agressiva de comércio exterior
Luana Gomes
Terceiro maior exportador de alimentos, o Brasil desponta como celeiro do mundo. É apontado pela Organização das Na ções Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como maior protagonista na corrida para alimentar a crescente população mundial. Possui custos competitivos e pelo menos 40 milhões de hectares de pastagens “desocupadas”, que podem ser rapidamente transformadas em lavouras. Mas, para vencer o desafio, terá que enfrentar um concorrente de peso, os Estados Unidos. Além de produzir e exportar mais, o país norte-americano tem conseguido avanço maior, proporcionalmente, do que o Brasil no mercado internacional. É o que mostram os dados do primeiro semestre de 2010. Na comparação com os primeiros seis meses de 2009, as exportações agrícolas cresceram 10% no Brasil e 13% nos EUA.
O agronegócio brasileiro faturou US$ 35 bilhões entre janeiro e junho. No mesmo período, a receita norte-americana foi de US$ 53,3 bilhões, quantia semelhante à que o Brasil exportou em todo o ano passado. Em 2009, ano de crise, os embarques do agronegócio brasileiro somaram US$ 64,8 bilhões, 10% menos do que no ano anterior. Em 2010, mantido o mesmo ritmo no segundo semestre, o setor irá recuperar o terreno perdido e se aproximar do recorde de 2008, quando as exportações agropecuárias somaram US$ 71,8 bilhões.
Desempenho similar é esperado nos EUA. Abalado pela crise, o agronegócio norte-americano exportou 16% menos no ano passado (US$ 96,6 bilhões). Agora, se recupera e quer repetir a façanha de 2008, fechando 2010 com faturamento de três dígitos. A previsão do USDA, o departamento de agricultura do país, é que os embarques do setor rendam US$ 104,5 bilhões neste ano, US$ 8 bilhões (7,7%) a mais que no ano passado. Confirmada, será a segunda melhor marca da história, atrás apenas dos US$ 115,3 bilhões de dois anos atrás. Em cinco anos, a meta é se aproximar dos US$ 200 bilhões.
As ações fazem parte da Iniciativa Nacional de Exportação, plano anunciado em janeiro para tirar a economia norte-americana da recessão. Ambicioso, o projeto do presidente Barack Obama promete dobrar as exportações e criar dois bilhões de empregos nos EUA até 2014. No mês passado, durante a apresentação do primeiro relatório sobre o progresso da meta anunciada em janeiro, Obama disse que o país está no caminho certo para dobrar suas exportações nos próximos cinco anos e destacou a importância do agronegócio. Apesar de ter fatia pequena das exportações totais do país, o agronegócio é considerado uma peça importante na ofensiva porque é um dos poucos segmentos da economia norte-americana que têm balanço comercial superavitário.
Segundo Obama, o aumento de 17% registrado nas exportações (considerando apenas os primeiros quatro meses do ano) foi puxado pelo agronegócio, que ampliou seus embarques em 19% no período. “Parte desse resultado, claro, é devido à recuperação da economia após a crise”, ponderou o presidente. “Mas nós estamos trabalhando para melhorar nossas exportações, eliminando barreiras comerciais e pondo em prática normas comerciais.” Para Ron Kirk, representante comercial norte-americano, o país “cumprirá facilmente a meta”.
O secretário da Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, informou que, para garantir o cumprimento da meta, o USDA “está revisando sua estratégia de exportação em um esforço de vender mais grãos, carnes, lácteos e outros produtos agrícolas para os mercados externos”. A ideia é aumentar o foco em países específicos ao invés de regiões maiores e traçar estratégias individuais para ampliar as exportações para cada mercado. “Aumentar o comércio não só criará oportunidades de renda para os produtores, mas também empregos indiretos, que são críticos para revitalizar a América rural”, declarou Vilsack.
Conforme levantamento do USDA, cada US$ 1 bilhão que o campo exporta sustenta entre 8 e 9 mil empregos. A cada dólar movimentado, o agronegócio injeta na economia do país US$ 1,40 através de atividades de apoio ao processo, como transporte, embalagem e distribuição. Se conseguir ampliar em US$ 8 bi lhões as exportações neste ano, como prevê o governo, ao final de 2010 o agronegócio terá criado 72 mil novos postos de trabalho e injetado US$ 11,2 trilhões na economia norte-americana.
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