18/08
O governo federal quer ampliar a produtividade na pecuária junto com a preservação ambiental. Esse é o princípio básico da recuperação de áreas degradadas de pastagens, uma das técnicas incluídas no programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em junho pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para estimular práticas mais eficientes para a lavoura e, ao mesmo tempo, permitir a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
Com o incentivo do programa ABC, a meta do governo é ampliar, nos próximos 10 anos, a área atual de pastagens recuperadas de 40 milhões de hectares para 55 milhões de hectares. O aumento do uso da tecnologia irá proporcionar, no período, a redução da emissão de 83 a 104 milhões de toneladas equivalentes dos gases de efeito estufa.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a recuperação de terras degradadas é uma técnica existente há mais de 20 anos e pode ser aplicada em qualquer bioma brasileiro. É considerada fundamental porque representa a permanência do produtor na atividade. Também garante a contribuição de um dos setores mais importantes para a economia nacional à conservação dos ecossistemas. “O manejo inadequado e a falta de reposição de nutrientes do solo consistem em grande risco para a pecuária brasileira. Além disso, a degradação da área impacta o meio ambiente, ocasionando perda de matéria orgânica e, como consequência, a liberação de dióxido de carbono (CO2) e metano”, explica Ademir Zimmer, pesquisador da unidade Gado de Corte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Estudos da Embrapa mostram que uma pastagem recuperada pode garantir produtividade de 12 arrobas por hectare/ano, enquanto em uma área degradada esse valor rende em torno de duas arrobas por hectare/ano. Zimmer relata que a reposição de nutrientes na pastagem assegura dieta de melhor qualidade para o gado, reduzindo o tempo de abate de quatro anos, em média, para dois anos, diminuindo a emissão de gás metano. O acúmulo de matéria orgânica no solo é outro benefício à natureza, pois permite o sequestro de CO2 pelo processo da fotossíntese.
A recuperação de pastagem é feita pela correção do solo com adubação, restabelecendo a produção da forragem, que pode ser com a mesma espécie ou uma nova cultivar. A necessidade de preparo do solo com uso de máquinas, a dosagem de adubo em camadas mais superficiais ou profundas dependem do estágio de degradação do solo. “O investimento inicial varia em torno de R$ 400 a R$ 1,2 mil por hectare conforme a situação da pastagem”, avalia Leonardo Hudson, consultor e sócio de uma empresa que atua em 200 fazendas de 15 estados do País, com alternativas para aumentar a rentabilidade da produção.
Hudson atesta a eficiência e o retorno financeiro da técnica. “O que o produtor precisa para ampliar seu uso é de capital, com juros compatíveis com sua renda, e divulgação. Por isso, o ABC é um grande negócio”, reforça. Para a safra 2010/2011, serão aplicados R$ 2 bilhões pelo programa Agricultura de Baixo Carbono a juros de 5,5% ao ano e prazo de pagamento de 12 anos.
Além da recuperação de áreas degradadas de pastagens, o ABC engloba as tecnologias dos sistemas de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, plantio de florestas e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Para o pesquisador da Embrapa, a reforma de pastagens permite e pode se tornar ainda mais rentável econômica e ambientalmente com o consórcio de agricultura e floresta pelo sistema ILPF.
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