terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rede lança certificação socioambiental para pecuária



A indústria da carne agora tem um parâmetro global de sustentabilidade. São as normas da Rede de Agricultura Sustentável (RAS), divulgadas ontem. Trata-se da primeira certificação independente para esse setor, que atesta a origem e a rastreabilidade do produto final (da carne, do leite ou seus derivados) do pasto à mesa do consumidor. O produto certificado pela Rede de Agricultura Sustentável poderá ser identificado pelo selo Rainforest Alliance Certified aplicado na embalagem e representa o compromisso do produtor com boas práticas ambientais e responsabilidade social. Não desmatar, garantir a rastreabilidade do produto, respeitar meio ambiente e trabalhador são alguns dos requisitos para a certificação.

"As normas são factíveis, adequadas à nossa realidade e de fácil implementação", diz Cláudio Haddad, professor associado do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo.

Luis Fernando Pinto, secretário do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora, única entidade brasileira apta a representar a Rede de Agricultura Sustentável), diz que as normas foram testadas em seis países, incluindo o Brasil. "A grande dificuldade é a rastreabilidade do animal. Mas as normas são compatíveis com nossa realidade."

Para ser certificada, uma fazenda ou empreendimento é submetida a uma auditoria, baseada no cumprimento de requisitos sociais e ambientais, acordados no âmbito da RAS e que pressupõe ainda a adesão do produtor a alguns artigos da Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT, organismo da ONU), além do respeito à legislação trabalhista brasileira. Entre esses pontos, estão:

• A comprovação de que na fazenda não há desmatamento, nem destruição de ecossistemas de alto valor de conservação;
• A identificação individual do animal (com chip ou brinco), de maneira a permitir sua rastreabilidade do nascimento ao abate;
• A permanência do animal na propriedade certificada por, pelo menos, seis meses. O empreendimento deve comprovar vacinas e boa saúde do animal; 
• A adoção de medidas para reduzir a emissão de carbono (como a presença de árvores no pasto para capturar CO2 e medidas que facilitem a digestabilidade de alimentos para reduzir emissões);
• Comprovação de que não há trabalho infantil;
• Comprovação de que não há trabalho forçado;
• Comprovação de que não há discriminação de qualquer tipo; 
• A indústria (frigorífico e demais etapas da cadeia produtiva) também é submetida à auditoria pelo Imaflora e deve comprovar que o produto embalado e que será enviado aos fornecedores é aquele que foi avaliado em seu local de origem.

Ainda na fase de consultas públicas da nor ma, o Imaflora recebeu diversas manifestações de interesse de vários segmentos: "Temos a intenção de conquistá-la o mais rápido possível" afirmou Arnaldo Josef Eijsink, diretor-geral do Grupo JD, empresa que já possui e certificação da RAS para a produção de uvas, em Petrolina, Pernambuco e pretende levá-la às fazendas de gado, do Grupo, no Mato Grosso. O empresário Roberto Klabin também comemora a chegada das normas para a pecuária: "Chegam em ótimo momento. O Brasil já aprendeu que pode agregar valor ao setor florestal com a certificação socioambiental, agora é a vez do boi", afirma o empresário que possui diversas fazendas de gado na região do Pantanal.

As informações são do Imaflora e do jornal O Estado de S.Paulo. 

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Matéria repassada  por Roberto Amaral

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