quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pecuaristas têm de se ajustar a novas regras sanitárias


[15/02/2011]

A pecuária leiteira em Minas Gerais pode sofrer uma quebra caso o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) não reveja a data de entrada em vigor da Instrução Normativa 51, que impõe novas regras sanitárias para os pecuaristas.


De acordo com estimativa feita pela Emater, o número ainda não é preciso, mas gira entre 10% e 20% dos produtores do Estado (cerca de 50 mil propriedades) que não conseguirão se adequar à nova regulamentação, que começa a vigorar no dia 1º de julho deste ano.

O coordenador técnico da Emater, Feliciano Oliveira, explica que esse percentual é preocupante, pois engloba, principalmente os produtores mais vulneráveis, que não conseguiram investir para fazer as adaptações necessárias. Oliveira explica que existem "rincões" no estado em que o produtor tem dificuldade de acesso à energia elétrica, o que atrapalha o resfriamento do leite, outros não têm estradas com acesso viável para a coleta do produto, além da necessidade de uma rede melhor estruturada de laboratórios para fazer a análise do leite.

O presidente da comissão técnica da pecuária de leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rodrigo Alvim, explica que muitas vezes o produtor não consegue atingir os valores por falta de informação: "Para limpar o tanque de expansão, as latas, o balde tem que usar determinado detergente neutro. Mas se o produtor não sabe e compra o detergente no supermercado, igual ao que usa para lavar louça, que não tem o mesmo poder desingordurante, ele gasta mais dinheiro e o procedimento não funciona".

Para o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Alessandro Rios, que também é proprietário do laticínio Verde Campo, a posição do MAPA, se vai adiar ou não a data da entrada em vigor da instrução normativa, ainda não é clara. Nos cálculos do Silemg, 75% dos produtores do estado atendem a regra. "Quanto mais se vai para regiões com menor infraestrutura mais problemas começam a surgir. Têm lugares que com um chuva forte não chega caminhão", aponta Rios. "Essa é uma norma que funciona em países onde o asfalto chega até a porta da fazenda. No meio rural, a estrutura é diferente. A energia elétrica é diferente", critica Rios.

Cuidado Essencial

Porém, Oliveira, da Emater, destaca que o cuidado é essencial, pois o leite é um produto nobre e altamente perecível, que exige uma série de manejos especiais no processo de obtenção, processamento e resfriamento. "É uma questão de saúde pública", destaca. Um caminho para acelerar o processo, na análise de Oliveira, é um esforço conjunto de todo o sistema agroindustrial da cadeia do leite.

O diretor do Departamento de Inspeção de Origem Animal do Mapa, Luiz Carlos Oliveira, afirma que o ministério está avaliando e que, dependendo do percentual de propriedades que não conseguirem a capacitação, pode traçar uma nova estratégia a partir de julho. "Não somos ambiciosos de imaginar que atingiria 100%", afirma.

A matéria é de Daniel Camargos, publicada no jornal Estado de Minas.

Enviado por e-mail por Roberto Amaral

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