quinta-feira, 3 de março de 2011

Polo de Biologia Computacional e Sistemas vai atuar em projetos que trabalham com dados genéticos em grande escala

O uso da tecnologia de informação como base para o processamento de dados biológicos é uma das abordagens científicas mais promissoras da atualidade. A chamada biologia computacional encara, com a ajuda dos computadores, o desafio de lidar com o volume gigantesco de dados contidos no código genético de diferentes organismos. Por conta disso, a proposta de criação de um Polo de Biologia Computacional e Sistemas foi aprovada pela Fiocruz em outubro passado. O polo tem a proposta de unir competências de diferentes unidades da Fundação, incluindo os centros de pesquisa situados em outros estados, a fim de ampliar as discussões em torno da área genômica e biologia computacional, procurando colocar em prática projetos de abrangência nacional e internacional. O site do Polo pode ser acessado aqui.

 A chamada biologia computacional encara, com a ajuda dos computadores, o desafio de lidar com o volume gigantesco de dados contidos no código genético de diferentes organismos
A chamada biologia computacional encara, com a ajuda dos computadores, o desafio de lidar com o volume gigantesco de dados contidos no código genético de diferentes organismos

“Um dos nossos projetos usa a plataforma tecnológica de ensaios em alta vazão no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para estudos em metagenômica funcional, quimiogenômica e de descoberta de novos fármacos, vinculado à pós-graduação em biologia computacional e sistemas, do IOC, e que conta com o apoio da Capes”, relata o chefe do Laboratório de Biologia Computacional e Sistemas do IOC, Alberto Dávila.

O projeto é divido em cinco núcleos: Observatório avançado de doenças emergentes;Moléculas bioativas de interesse em saúde e biotecnologia; Microbiomas para saúde pública e biotecnologia; Banco de dados de genomas e suas partes construídas artificialmente; eIncubadora de software e bancos de dados para biologia computacional e sistemas. Para Dávila, o observatório avançado de doenças emergentes será um dos destaques do Polo. “Seria muito interessante atuarmos em fronteiras, com a possibilidade de monitorar que tipos de organismos patogênicos estão circulando nessas áreas. No caso de encontrarmos uma cepa de uma bactéria muito resistente, por exemplo, seria possível detectar e informar rapidamente os órgãos competentes. A ideia é detectar possíveis epidemias antes que elas se alastrem”, detalha.

No núcleo de moléculas bioativas de interesse em saúde e biotecnologia a intenção é sequenciar biomas específicos, pois além da possibilidade de mapear a biodiversidade do solo, do mar e do ar, será possível identificar micro-organismos que produzam moléculas de interesse biotecnológico e em saúde. Referente a esta segunda área, a Fiocruz recentemente teve o projeto de biodiversidade molecular usando “código de barras” (barcoding) aprovado, como parte de uma rede nacional financiada pelo CNPq, coordenado pelo pesquisador Fernando Monteiro, também do IOC. O polo entrou como responsável pela parte de bioinformática. As áreas de nanotecnologia e biologia sintética são as mais desafiadoras. Como Dávila indica, trata-se provavelmente de uma iniciativa pioneira no país.

Já existem todas as ferramentas funcionais na Fiocruz para a consolidação da área de banco de dados, mas a equipe gestora do polo pretende que a estruturação seja realizada de forma mais integrada, considerando a crescente necessidade que a Fundação tem em tecnologia de alta vazão. Envolvido atualmente nos projetos de sequenciamento de genomas bacterianos de interesse em saúde e do genoma da Leishmania amazonensis, agente causador da leishmaniose cutânea.

Dávila é um dos proponentes da criação do polo, ao lado dos pesquisadores Ana Carolina Paulo Vicente, do Laboratório de Genética Molecular de Microorganismos, Adeilton Alves Brandão, do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas, Floriano Paes Silva Júnior, do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos e Antônio Basílio Miranda, do Laboratório de Biologia Computacional e Sistemas, além dos colaboradores Sérgio Luz (Fiocruz Amazônia), Jerônimo Ruiz (Fiocruz Minas) e Christian Probst (Fiocruz Paraná).


Úrsula Neves

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