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"Essa produção elevada decorre de uma série de fatores que incluem, entre outros, nível alto de adubação da pastagem com nitrogênio e o confinamento do gado durante os meses de inverno. Nesse período de estiagem, o gado recebe uma dieta a base de milho, soja, cana-de-açúcar e ureia a fim de levar a um desempenho máximo dos animais", explica o professor Luis Felipe Prada e Silva, do Laboratório de Pesquisa de Gado de Corte, do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP) da FMVZ.
De acordo com o professor, "Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes [ABIEC] indicam que, no Brasil, em 2010, foram produzidas 9,2 milhões de toneladas de carne em equivalentes de carcaça. Se dividirmos este número por 170 milhões de hectares, que é a área de pasto existente no país, chegaremos ao número de produção anual de carne de 54 Kg / ha", esclarece.
Prada e Silva comenta que, atualmente, a pecuária de corte tradicional, no estado de São Paulo, está deixando de ser atrativa, pois não consegue ser tão competitiva em relação ao cultivo de cana-de-açúcar ou laranja, ou mesmo à pecuária leiteira. "A criação de gado de corte está mudando para o norte do País, em regiões de terras mais baratas e de fronteira. Com isso, há uma intensificação do desmatamento de florestas. Vende-se a madeira de forma a ocupar a área desmatada com pastos destinados a pecuária de corte", explica o coordenador do Laboratório.
No entanto, como mostram os estudos da FMVZ, é possível sim inverter este quadro. "Nosso objetivo é promover a intensificação da pecuária de corte, tornando possível que um número maior de animais sejam criados numa mesma área, com alta produtividade", destaca o professor. Os professores Augusto Hauber Gameiro e Angélica Pereira, do VNP, também integram o projeto, além de cerca de 15 pesquisadores, entre mestrandos e doutorandos, que desenvolvem estudos com o grupo.
Uma dessas pesquisas foi desenvolvida pelo pesquisador Rinaldo Rodrigues. Orientado pelo professor Gameiro, Rodrigues realizou, durante o seu mestrado, uma análise econômica da iniciativa implantada no campus de Pirassununga. A conclusão do trabalho é que o sistema de pastagens de alta lotação de animais é competitivo mesmo em regiões de terras mais caras utilizadas para a plantação de laranja e cana-de-açúcar.
DIFERENCIAIS
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No sistema desenvolvido na USP, as fêmeas têm a primeira cria aos 24 meses. No Brasil, isso ocorre, em média, entre os 36 e os 48 meses. A fertilidade também é outro diferencial: na média brasileira, a cada 100 vacas expostas aos touros, entre 50% a 60% ficarão prenhes. No sistema implantado na FMVZ, esse índice é de 90%.
A adubação do pasto é outro ponto importante. "A maioria dos pecuaristas não cultivam o hábito de adubar o pasto. Em nosso sistema, chegamos a utilizar cerca de 300 quilos de nitrogênio por hectare ao ano", destaca.
DIA DE CAMPO
Hoje (24/09/11), esses e outros resultados serão apresentados durante o evento Dia de Campo que ocorre das 8 às 15h30 no campus de Pirassununga da FMVZ (Av. Duque de Caxias Norte, 225). Serão discutidos: manejo e adubação de pastagens, suplementação na seca e nas águas, confinamento e comercialização dos animais e avaliação econômica de sistemas intensivos de produção de bovinos de corte. A programação completa com os horários dos debates pode ser conferida na página do evento.
As inscrições, que custam R$ 15,00 e incluem o almoço de confraternização ao final do evento, podem ser feitas pelo telefone (19) 3565-4300 ou pelo email lfpsilva@usp.br.
Durante o evento será realizado o lançamento do Grupo de Pesquisa e Extensão em Pecuária Responsável (ResPec), "que procurará trazer uma contribuição diferencial ao setor, preocupando-se não apenas com a questão técnica, mas também a econômica, a social, a ambiental e do bem-estar dos animais", informa o professor Augusto Hauber Gameiro.
Luis Felipe Prada e Silva ressalta que um dos focos do grupo de pesquisa é convencer o governo de que existem formas eficientes de prevenir o desmatamento das florestas do norte do País. "Isso pode ser feito fornecendo crédito para os pecuaristas investirem em suas propriedades a fim de se adaptarem ao sistema de pastagens de alta lotação de animais", diz.
Segundo o professor, o investimento ficaria em torno de R$ 5 mil por ha para a adaptação da propriedade ao confinamento, manutenção de pastos, cochos, sem contar o valor dos animais. "Nossos estudos indicam que a taxa interna de retorno [lucro] é de 11% ao ano. Vale lembrar que a aplicação na poupança traz um retorno de cerca de 7%."
MAIS INFORMAÇÕES
Professor Luis Felipe Prada e Silva
Telefone: (19) 3565-4230
E-mail: lfpsilva@usp.br
FONTE
Agência USP de Notícias
Valéria Dias - Jornalista
Telefone: (11) 3091-4411
E-mail: agenusp@usp.br
Links referenciados
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carneswww.abiec.com.br
Departamento de Nutrição e Produção Animal
www3.fmvz.usp.br/index.php/site/content/
view/full/123
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
www.fmvz.usp.br
Universidade de São Paulo
www.usp.br
Agência USP de Notícias
www.usp.br/agen
Luis Felipe Prada e Silva
lattes.cnpq.br/5798268713448097
Augusto Hauber Gameiro
lattes.cnpq.br/3226189302451639
Rinaldo Rodrigues
lattes.cnpq.br/4202949858437085
lfpsilva@usp.br
lfpsilva@usp.br
agenusp@usp.br
agenusp@usp.br
Valéria Dias
valdias@usp.br
USP
www.usp.br
http://www.agrosoft.org.br/agropag/219355.htm
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