segunda-feira, 30 de abril de 2012

Grandes eventos internacionais que o Brasil sediará de 2012 a 2016 exigem reforço na defesa agropecuária


Os aeroportos de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ) são a porta de entrada de 85% do fluxo de turistas internacionais no Brasil. O país tem ao todo 27 aeroportos internacionais e 106 pontos de entrada oficiais, nos quais o Mapa atua. No ano passado, em Guarulhos e no Galeão, foram apreendidos, respectivamente, 45.5 toneladas e 8.5 toneladas de alimentos e cargas proibidas, de origem animal e vegetal, que viajavam clandestinamente na bagagem de passageiros que chegaram ao Brasil. Em pelo menos 19 desses casos, havia ameaças de alto risco social e agropecuário para o país.
Estes dados foram apresentados no segundo dia da III Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária (III CNDA), que começou na última segunda-feira (23) e prossegue até sexta-feira (27) no Centro de Convenções de Salvador/BA. Em uma das mais concorridas palestras da tarde de terça-feira (24), se explanou sobre os riscos iminentes de “catástrofes sanitárias” que podem decorrer dos grandes eventos que o Brasil vai sediar até 2016, entre eles a Rio +20, em junho deste ano, a Copa das Confederações (2013), a Copa da Juventude (2013), a Copa da Fifa (2014) e as Olimpíadas, em 2016.
“Temos de ter uma força-tarefa em que os órgãos como o MAPA, a Anvisa e a Receita Federal e o Exército trabalhem conjuntamente com o Executivo e o Judiciário. Temos de defender o patrimônio nacional”, frisou Oscar Rosa Filho, da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do MAPA. Ele aponta como necessidades emergenciais atualizar a legislação brasileira, a atuação integrada dos órgãos, a introdução de sistemas de alerta rápidos, contratação e capacitação de pessoal, investimento em infraestrutura, aquisição de equipamentos, introdução de incineradores ou autoclaves em pontos de ingressos de visitantes estrangeiros e tratamento especial do lixo de bordo de aviões e navios. Também ressaltou a importância dos cães farejadores, segundo ele, “o instrumento mais eficaz nas operações”.
O que os fiscais da agropecuária e todos os agentes das cadeias produtivas do agronegócio nacional temem é a introdução de pragas e doenças ausentes nas lavouras e plantéis do Brasil, que ameaçam não apenas o agronegócio e a economia, mas a saúde humana.
Em um passado recente, em 2005, o Brasil, maior exportador de carne do mundo, amargou um embargo de cinco anos, para a carne que produz, no mercado internacional por causa da importação ilegal de bovinos do Paraguai, que reintroduziu a febre aftosa no país. O prejuízo foi estimado em mais de US$120 milhões. Em 1978, restos de comida de bordo em voos proveniente de Portugal e da Espanha trouxeram para o Brasil a Peste Suína.
“Somos o maior exportador mundial de carne e o nosso trabalho de defesa agropecuária tem de estar à altura deste lugar no ranking”, afirmou o médico veterinário Cristiano Barros de Melo, que conduz um amplo estudo sobre o risco de introdução de enfermidades em bagagens acompanhadas, nos aeroportos internacionais brasileiros.
“As pessoas vão para a Itália e querem na volta trazer um salame. Para a Espanha e trazem pernil. Sabem que estão fazendo a coisa errada, pois costuram alimentos em fundos falsos, roupas íntimas. Em uma das apreensões pegamos um passageiro com 40 quilos de comidas nas mala”, lembrou.
Alimentos, animais vivos, artigos religiosos de origem animal e vegetal e até troféus de caça, com cabeças de animais ou bichos empalhados (taxidermia) são encontrados com frequência e podem ser vetores de contaminação.
Durante todas as palestras, e na solenidade de abertura da III Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária, os profissionais são unânimes em repetir que o agronegócio brasileiro responde por 33% dos empregos, 23% do PIB nacional e 38% das exportações. “É um patrimônio muito valioso para colocar em risco”, alerta o diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Paulo Emílio Torres.
A III Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária (III CNDA) é realizada pela Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária, por intermédio do Governo da Bahia, através da Secretaria da Agricultura e ADAB.
Catarina Guedes

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