segunda-feira, 18 de junho de 2012

LEUCEMIA VIRAL FELINA: UMA RETROVIROSE EM ASCENSÃO NA MEDICINA VETERINÁRIA


    Muitos são os relatos dos médicos veterinários sobre o aumento no número de casos de felinos domésticos infectados pelo vírus da leucemia felina (FeLV). A Leucemia Viral Felina é a maior causa de morte dentre as doenças infecciosas dos felinos, podendo causar diversos distúrbios degenerativos e/ou neoplásicos (principalmente os linfomas), onde a anemia e as doenças oportunistas estão presentes na maioria dos casos.
    O FeLV é transmitido pelo contato íntimo e prolongado entre os gatos persistentemente virêmicos para o FeLV e os gatos sadios, principalmente através da saliva contendo partículas virais. Uma vez que se trata de uma infecção vitalícia, este felinos podem eliminar o vírus durante anos, antes de sucumbir das doenças relacionadas ao FeLV. Devido a este fato, ambientes com alta densidade populacional de gatos favorecem a disseminação do vírus. De acordo com diversas pesquisas, gatos que têm acesso à rua apresentam risco significativamente maior de se infectarem, comparados aos gatos confinados, evidenciando mais um importante fator de risco para esta doença.
    Enquanto que as últimas pesquisas internacionais evidenciaram uma queda da prevalência da doença em muitos países europeus (3,6% Alemanha, 3,5% Inglaterra), e nos Estados Unidos (2,3%), no Brasil este fato é ainda é irreal.  Estudos feitos no Brasil relataram prevalências de gatos infectados pelo FeLV de 11,52 % no Rio de Janeiro, 12,56% em Minas Gerais e 6,16%  em São Paulo. No que diz respeito à analise dos fatores de risco para a infecção, o acesso à rua e locais com número elevado de gatos são fatores predisponentes ao FeLV. Esta problemática pode ser justificada mediante inúmeros fatores, tais como o alto custo dos kits de diagnóstico usados na rotina clínica (Snap combo FIV/FeLV®,  IDEXX), alto custo do tratamento dos animais infectados e a ausência temporária da vacina quíntupla felina (Fel-O-Vax Lvk IV®, Fort Dogde), que já não é encontrada no mercado brasileiro desde 2011.
Paralelamente ao crescimento da aquisição de gatos como animais de companhia, principalmente em pequenos grupos,  cresce a preocupação com a disseminação das  retroviroses  felinas (FeLV e FIV), uma vez que o acesso ao diagnóstico é restrito e há falhas importantes no tratamento e profilaxia, principalmente do FeLV. 

Nadia Rossi de Almeida - Médica Veterinária
Mestre em Microbiologia Veterinária - UFRRJ
Doutoranda em Sanidade Animal - UFRRJ 




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