por Roberto Amaral
Homem das letras e do direito, Rui Barbosa era um ignorante em biologia. Irredutível em suas teses, o “Águia de Haia” jogou a população contra um dos mais gloriosos de nossos cientistas: Oswaldo Cruz. Assim, travou-se uma batalha entre a ciência e o discurso populista inconsequente. Estava em jogo: a vida.
Em 1910, segundo o IBGE, a expectativa média de vida do brasileiro era de 34 anos. Algumas particularidades daquela época: Alimentos naturais; agricultura orgânica (sem agrotóxicos); vida campestre; ausência de radiações da tecnologia; medicina naturalista; pecuária sem antibióticos, hormônios e outras drogas veterinárias; matas preservadas; ausência de poluição significativa; pouco stress; rios de água limpa e doce; pouca vida noturna (balada); ausência de favelas; baixa prostituição; etc.
Hoje, esta mesma expectativa de vida supera os 70 anos, mais que o dobro.
A principal razão para esta conquista está nos programas de saúde pública, especialmente aqueles focados nas vacinas.
Com apenas quatorze anos de idade, Oswaldo Cruz foi matriculado na Faculdade de Medicina. Formado, interessou-se pela microbiologia e ingressou no universo das pesquisas, cuja tese de doutoramento foi “A veiculação microbiana pelas águas”. No dia 08 de Novembro de 1892 obteve o grau de doutoramento, no mesmo dia em que seu pai faleceu. Assim, o jovem herói recebeu o título sob lágrimas.
Na França, através do Instituto Pasteur, evoluiu em seus estudos na área de microbiologia e soroterapia.
Em março de 1903, com o objetivo de combater as doenças que matavam inúmeras pessoas naquela época, o sanitarista foi nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública. Assim, dedicou-se na luta científica contra a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Luta esta que o levou a conquistar a medalha de ouro no 14º Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim.
A sua maior barreira foi a nojenta política, onde enfrentou poderosos e influentes algozes, a exemplo de Rui Barbosa que era contra o programa de vacinação, jogando a população contra Oswaldo Cruz. Isto gerou a desgastante “revolta da vacina”, numa gigantesca manifestação do povo alienado contra a ciência.
Rui Barbosa perdeu a batalha, graças a Deus. E pela inteligência de Oswaldo Cruz hoje vivemos bem mais.
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