terça-feira, 13 de novembro de 2012

Rastreabilidade bovina: Benefícios e desvantagens

Rastreabilidade bovina: Benefícios e desvantagens



De acordo com o Ministério da Pecuária e Agricultura (MAPA), rastreabilidade é o sistema que registra a “vida pregressa” dos produtos, além disso, o serviço traz a possibilidade de conhecer os possíveis perigos à saúde coletiva a que os produtos foram expostos durante o período de produção e distribuição. A origem dos insumos e matéria-prima também pode ser registrada através do sistema.
Sisbov - Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos – desenvolvido pelo MAPA tem a função de controlar todo o processo de produção da carne no país. Outro serviço do MAPA, o SIF, identifica a procedência do frigorífico responsável pelos produtos que são embalados in natura e derivados de origem animal.
Dependendo dos resultados do processo da rastreabilidade é possível aplicar medidas preventivas e certificar que os produtos considerados ‘impróprios’ sejam retirados de circulação, garantindo que a saúde pública não sofra impactos negativos com o consumo inadequado. Ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a indústria deve respeitar os princípios da rastreabilidade, pois o serviço dá notoriedade à origem dos produtos, para auxiliar tanto compradores quanto fornecedores a melhorar a relação cadeia produtiva/consumidor.
Para dar maior ênfase ao tema, a médica veterinária e sócio-proprietária da Rastro 2A – empresa de consultoria em rastreabilidade – esclarece as vantagens de se obter o sistema e enfatiza porque é importante que produtores utilizem a tecnologia em suas propriedades.
De acordo com Aline, o principal objetivo da rastreabilidade é garantir o controle e a possibilidade de rastrear o produto. “No caso da carne, em específico, uma das garantias mais importantes é a questão sanitária e a legalidade dos animais e carnes comercializados”, pontua Aline. Além disso, um dos objetivos secundários alcançados, mas não menos importantes, é que os produtores rurais conseguiram visualizar o controle de seus rebanhos. “A identificação individual se tornou uma ferramenta para controle de índices dentro da propriedade e manejos em geral”, explica.
Ganhos econômicos
Houve um tempo em que a rastreabilidade proporcionava ganhos mais compensatórios aos produtores. Hoje, um maior número de propriedades entrou para a Lista Trace (Lista da União Europeia), baixando o valor da bonificação por arroba. “Houve um período em que o produtor chegou a ganhar de R$ 8,00 a R$ 10,00 a mais por arroba e mesmo com a lei da oferta e da procura, o sistema ainda é atrativo”, esclarece Aline.
A crise de 2008 e a queda do dólar foram o ápice ao desestímulo da rastreabilidade, isso porque essas questões econômicas afetaram consideravelmente o mercado mundial incluindo as exportações brasileiras, principalmente as commodities agropecuárias, é o que afirma a empresária do ramo.  “Hoje, o Sisbov atende especificamente as exigências da União Europeia, deixando apenas para esse mercado a ‘responsabilidade’ de uma maior remuneração para os frigoríficos, ou seja, fica a cargo dos frigoríficos o repasse do bônus ao produtor por uma mercadoria diferenciada e de qualidade”, conta Aline, ressaltando ainda que as exportações para a União Europeia são sazonais e em certos períodos (inverno, por exemplo) as embarcações ficam impossibilitadas de chegar até o porto.
Dificuldades
Atualmente a grande dificuldade que impede a expansão da rastreabilidade bovina para o mercado é o retorno financeiro. Segundo Aline, muitos produtores estão desistindo do sistema e, apesar de acreditarem na tecnologia, não obtêm o retorno esperado. “No final do ano de 2011, Mato Grosso do Sul estava com 288 propriedades rurais aprovadas para exportação à União Europeia. Já no mês de setembro de 2012 não fechamos mais do que 252 propriedades. Infelizmente nenhum outro mercado exige a rastreabilidade bovina - o que poderia ser um incentivo para o produtor mesmo que em menor valor”, pontuou.
Solução
De acordo com Rohr, para solucionar esse tipo de problema o ideal seria criar uma regulamentação para esse tipo de comércio, onde até mesmo os países que não exigem a rastreabilidade fizessem parte. “Não é porque eles não exigem que esse produto não seja diferenciado e mereça um valor agregado”, argumenta.
Há dois anos, MS foi o pioneiro no incentivo à regulamentação através de um grupo de produtores e com o apoio do Sindicato Rural de Campo Grande (SRCG) – capital do Estado. “Eles travariam a venda para a União Europeia caso o produtor não recebesse o diferencial. Deu certo, o mercado foi pressionado e alguns resultados foram obtidos. A atitude foi seguida pelos estados de Goiás e Mato Grosso, com o travamento docampo 17 da GTA (local que dá garantias onde não foram ingressados animais da ZAV)”, frisou.
De acordo com a profissional esse ‘pioneirismo’ trouxe resultados positivos para os pupilos Goiás e Mato Grosso, locais onde houve paralisação total das vendas de carne para países da União Europeia e países como o Chile. “Mato Grosso do Sul apesar de ser o pioneiro, não conseguiu o travamento total do campo. Várias reuniões foram realizadas, entidades ruralistas foram envolvidas, porém, continuamos sem opção de escolha e enviando uma carne diferenciada e de qualidade para o Chile, mesmo não podendo opinar e sem receber a bonificação, que é de direito do produtor”, concluiu a especialista.
http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/rastreabilidade-bovina-beneficios-e-desvantagens-62245

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