terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CNPC diz que vaca louca mina credibilidade da vigilância sanitária


Sirli Freitas
Foto: Sirli Freitas / Agencia RBS
Especialistas apontam que perdas não serão substanciais, mas vão complicar algumas relações comerciais
O diretor de Sanidade Animal do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes, criticou nesta segunda, dia 10, o governo pela demora na notificação do caso classificado como “não clássico” de ocorrência do agente da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da vaca louca, identificado em um animal que morreu em dezembro de 2010 no Paraná. Segundo Guedes, o episódio “mina a credibilidade da vigilância sanitária brasileira”. E pode, ainda de acordo com ele, complicar a retomada dos embarques de carne para a Rússia.

– As perdas decorrentes desse caso não serão substanciais, mas vão complicar nosso futuro [em relações comerciais] – afirmou.

Sebastião Guedes enfatizou que faltam comandos regionais e um controle centralizado por parte da Secretaria de Defesa Agropecuária para que a vigilância seja mais eficiente.

– Temos de trabalhar com suspeitas de doenças e melhorar o sistema de diagnósticos – disse.

Para o sócio diretor da MBAgro, Alexandre Mendonça de Barros, falta um corpo técnico público que atue por um sistema sanitário efetivo. Segundo ele, o caso também não representa problemas mais graves, mas tende a ser usado comercialmente pelos países importadores.

– É legítimo o questionamento. Vão querer baixar o preço [da carne] – destacou.

Brasil vai esclarecer importadores

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai intensificar os contatos com os principais países importadores de carne bovina para esclarecer o caso não clássico do agente da EEB.

Nesta segunda, dia 10, o adido agrícola japonês no Brasil, Kentaro Morita, se reúne com técnicos das secretarias de Relações Internacionais e de Defesa Agropecuária para obter mais informações, a fim de subsidiar o governo daquele país.

Na terça, dia 11, o adido agrícola brasileiro, Gutemberg Barone, se encontra com o diretor do escritório de Segurança de Importações de Alimentos japonês, Hideshi Michino, para entregar um relatório completo a respeito do caso, bem como, os ofícios de entidades internacionais validando os procedimentos de defesa sanitária animal que o Brasil adota.

O Mapa também planeja a organização de missões técnicas para visitar os 20 principais parceiros comerciais do Brasil em todo o mundo. 

– O governo como um todo está mobilizado para dar amplo esclarecimento sobre o ocorrido, para que não pairem dúvidas com relação à segurança do nosso sistema de defesa sanitária animal – enfatiza José Carlos Vaz, Secretário-Executivo do Mapa. Os embaixadores e os adidos agrícolas serão chamados a colaborar, reforça ele.

Segundo Ênio Marques, secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, reações intempestivas são de certa forma previsíveis.

– A nossa principal arma é a informação. Estamos preparados para responder a todos os questionamentos dos nossos parceiros comerciais – reitera.

Ele informa ainda que o governo brasileiro está disposto a fazer reuniões bilaterais em Paris, na França, e em Genebra, na Suíça, nas próximas semanas, para esgotar o assunto.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO E ESTADÃO CONTEÚDO

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