sexta-feira, 14 de março de 2014

Cientistas brasileiros desenvolvem metodologia para produção de abelhas


A agricultura não existiria, tal qual a conhecemos, sem polinizadores. Eles são responsáveis por garantir a reprodução de muitas plantas, com intercâmbio genético entre indivíduos, permitindo a produção de grãos ou frutos. Na Europa, o serviço ambiental de polinização é estimado em 150 bilhões de euros, que o agricultor deixa de pagar a cada ano.
O avanço das cidades e das áreas agrícolas diminui o espaço para os polinizadores e os cientistas se preocupam cada vez mais com o problema. Um exemplo de polinizador ameaçado são as abelhas sem ferrão, como a jataí (Tetragonisca angustula) e a uruçu (Melipona scutellaris) que, além de produzir mel, são importantes polinizadoras de plantas de berinjela, morangueiro, tomateiro e cafeeiro, entre outras culturas. É muito difícil produzir colônias para atender à grande demanda, pois uma característica dessas espécies é a baixa produção de novas rainhas.
Mas dois cientistas, meus amigos, encontraram uma fórmula para solucionar o problema. A Dra. Vera Imperatriz Fonseca é professora aposentada da USP, mas continua muito ativa. Ela orientou a tese de pós-graduação do Dr. Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa, que desenvolveu uma metodologia de produção artificial, em larga escala, de rainhas da espécie Scaptotrigona depilis, conhecida com mandaguari.
As colônias se compõem de 10 mil operárias, medindo 5 mm cada, e de uma única rainha, com 1,5 cm, a única com capacidade de por ovos. Tradicionalmente, uma colônia é dividida ao meio para originar outra, com uma nova rainha. Mas isto só é possível de ser feito uma vez a cada ano. O estudo do Dr. Menezes consistiu em fornecer a larvas recém-nascidas uma quantidade seis vezes maior de alimento do que o inseto está acostumado a ingerir. Assim, todas as abelhas fêmeas, superalimentadas, se tornam rainhas e 98% das novas rainhas formaram colônias.
O conceito está demonstrado. Agora o Dr. Cristiano se dedica a aprimorar o método e desenvolver uma tecnologia simples, barata e eficiente, que permite a agricultores ou a empresários interessados em um novo negócio produzir continuamente novas rainhas, que darão origem a novas colônias de mandaguari e outras abelhas sem ferrão.O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.
http://www.cfmv.com.br/portal/noticia/index/id/3595

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