domingo, 22 de agosto de 2010

Falta de cálcio no sangue pode matar vacas no pós-parto


Controle da hipocalcemia é feito através da ingestão de sal aniônico nos 20 últimos dias da prenhez; se a doença não for tratada, 70% dos animais têm chance de morrer
Juliana Royo18/08/2010
A hipocalcemia é uma doença metabólica muito séria que pode levar a vaca à morte. Essa doença, muito comum no pós-parto, provoca uma queda no teor de cálcio no sangue e faz com que o animal apresente um quadro de depressão, que pode provocar grandes alterações na concentração muscular e de uma série de órgãos, segundo o médico veterinário Enrico Lippi Ortolani, professor do departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. O grande problema é que a incidência da doença é muito alta nos rebanhos brasileiros. Ortolani diz que, em muitas propriedades, uma a cada três vacas apresentam hipocalcemia até o terceiro dia após o parto. 


Os produtores de leite precisam ficar muito atentos porque os números que o especialista apresenta são assustadores. Se a vaca não for devidamente tratada, 70% delas têm chance de morrer. Quando a hipocalcemia ocorre logo após o parto a vaca tem um risco quatro vezes maior de ter retenção de placenta e até seis vezes maior de apresentar um quadro de deslocamento do abomaso, assim como desenvolver a mastite. Animais com o quadro de hipocalcemia têm um risco 24 vezes maior de apresentar cetose, que é outra enfermidade metabólica importante e também deve ser seriamente combatida.
— Como o ponto central da doença é o baixo teor de cálcio no sangue, o que o produtor tem que fazer é um tratamento imediato com quantidades de cálcio no sangue. Você aplica doses de cálcio na veia do animal e é importante ter um veterinário para saber quanto deve ser usado e em que momento você deve parar porque se você também der muito cálcio você pode levar o animal à morte. Em propriedades que têm alta frequência desta enfermidade podem fazer uma prevenção com determinados tipos de sais minerais, o chamado sal aniônico, em que você oferece nos 20 últimos dias pré-parto, o que reduz bastante a chance do animal ter esta enfermidade. O custo-benefício é muito grande porque você gasta pouco em termos de prevenção e evita ter um prejuízo muito grande se o animal ficar doente. 
Ortolani diz que a dose ideal de sal aniônico a ser oferecido às vacas depende um pouco da fórmula dos três produtos disponíveis no mercado brasileiro. Mas, de uma forma geral, o produtor deve dar 180g do sal até o dia do parto. Ele chama atenção para a suspensão que deve ser feita no dia do parto, quando o sal não deve ser oferecido. Outro cuidado de manejo muito importante segundo o médico-veterinário e professor da USP é o descarte de vacas velhas, acima de 9 lactações, porque elas têm mais dificuldade de manter um bom teor de cálcio no sangue. Segundo ele, estas vacas tem risco muito maior de apresentarem hipocalcemia, além da queda na produção leiteira.
O médico-veterinário Enrico Lippi Ortolani será um dos palestrantes do III Encontro de Produtores de leite do Norte de Minas Gerais, que acontece dia 10 de setembro, na cidade de Montes Claros e vai discutir, de forma mais aprofundada em sua palestra, as doenças metabólicas nutricionais no peri-parto de vacas leiteiras.


Disponível em http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?data=21/08/2010&id=22480&secao=Pacotes%20Tecnológicos

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