segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Consumo de leite clandestino volta a ser discutido nacionalmente



A falta de fiscalização na comercialização de leite e seus derivados voltou a ser discutida no cenário nacional. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada dez litros de leite produzidos em todo país, três não passam por nenhum tipo de fiscalização. Em Alagoas, a Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA) já vem trabalhando para tentar coibir essa prática. 

No estado, o trabalho começou junto às autoridades da cidade de Arapiraca, região Agreste. Segundo Aldemar Monteiro, presidente da CPLA, órgãos municipais, como vigilância sanitária e Secretaria de Agricultura estão colaborando no processo de identificação dos pequenos produtores da região. A proposta é promover uma campanha para conscientizar sobre os danos do comércio clandestino do leite. 

A campanha ganhou reforço do Ministério Público Estadual, através do promotor Napoleão Amaral, que vai propor uma audiência pública na cidade de Arapiraca para discutir o que pode ser feito junto aos agricultores para garantir leite de qualidade à mesa dos alagoanos. “O leite clandestino além de não passar por nenhuma inspeção pode oferecer risco a saúde da população. Quem julga que aquele leite vindo direto do produtor é fresco e mais saudável pode está enganado”, alertou Monteiro. 

A engenheira de alimentos e coordenadora do Laboratório de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Maria Cristina Delgado, explicou que o leite in natura, que não passa por nenhum processo de industrialização, tem um potencial muito grande, se manipulado e armazenado de forma incorreta, de reproduzir bactérias. Para ela o processo de pasteurização é indispensável, porque elimina a temida Salmonela e garante os valores nutricionais do alimento. 

“Consumir um alimento que não tem procedência pode acarretar doenças e o leite e seus derivados são alimentos altamente perecíveis. A preocupação deve ir desde as condições de tratamento do animal, como alimentação, por exemplo, até a higiene na produção, onde normalmente se apresentam as falhas”, reforçou Maria Cristina. 

Preço

A reclamação sobre os baixos preços praticados por laticínios foi contestada pelo representante da cooperativa, já que Alagoas paga R$ 0,76 por litro de leite, onde São Paulo e Minas Gerais, considerados os melhores mercados do setor no país pagam R$ 0,60 a cada litro de leite. “Alagoas e o Programa do Leite é quem melhor paga ao pequeno produtor. O leite que é vendido de porta em porta é repassado ao consumidor por atravessadores e comprado direto do produtor por preço bem abaixo do praticado”, revelou Aldemar Monteiro. 

A informalidade prejudica o setor como um todo. Hoje o consumo de leite pasteurizado é 72 mil litros dia, incluindo os do Programa do Leite, Fome Zero, estima representantes do setor. “Nosso trabalho é pela valorização do agricultor familiar, não tem produto mais ligado ao pequeno agricultor, que o leite saquinho. Estamos trabalhando para que o alagoano volte a consumir o leite pasteurizado e assim fixar o homem no campo com dignidade”, finalizou Monteiro. 

As informações são da assessoria de imprensa da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA).

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