quarta-feira, 16 de março de 2011

Projeto avalia armadilhas para vigilância entomológica do mosquito Aedes aegypti

Diferentes estratégias permitem mensurar a intensidade de infestação pelo Aedes aegyptiem determinada localidade, construindo índices que indicam aumentos da população do mosquito e orientam ações de controle do vetor. Muitas vezes, estas estratégias dependem da coleta, por meio de armadilhas, de mosquitos que circulam no ambiente. E armadilhas existem aos montes. São armadilhas para todas as fases do A. aegypti – ovos, larvas e mosquitos adultos; estratégias complexas e simples; caras e baratas. Quais as armadilhas mais adequadas para a coleta de vetores, que sejam eficazes, permitindo a geração de dados de infestação cada vez mais precisos, e que ao mesmo tempo conjuguem fatores favoráveis à sua aplicação, como custo e facilidade de manuseio, por exemplo? Norteado por essas perguntas, o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) firmou há dois anos uma parceria com a Fiocruz com o objetivo de avaliar, em campo, uma série de armadilhas, na iniciativa mais ampla do tipo já realizada no país. A coordenação científica da iniciativa é realizada pelos Laboratórios de Transmissores de Hematozoários e de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

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O estudo, que vai comparar o resultado obtido pelas armadilhas com o levantamento de índice larvar, realizado como rotina, aproxima a pesquisa científica do trabalho de vigilância do vetor da dengue
(Foto: Gutemberg Brito)


Nos dias 2 e 3 de março, o Projeto de Avaliação de Armadilhas para Vigilância Entomológica de Aedes aegypti realizou, no Rio de Janeiro, um importante encontro para acompanhamento das ações em curso. O projeto inclui testes de armadilhas de diversos tipos: armadilhas para captura de ovos e mosquitos adultos (tanto armadilhas que capturam fêmeas adultas do mosquito no momento em que vão colocar seus ovos quanto armadilhas que capturam as fêmeas em busca da alimentação com sangue). Estas armadilhas serão comparadas como levantamento de índice larvar, que atualmente é realizada como rotina. Municípios em quatro estados brasileiros participam do estudo, compondo um painel representativo das diferentes condições ambientais, climáticas, sociais e de ocupação humana do país.

“O desafio dessa iniciativa é articular a pesquisa científica à vigilância do vetor, em uma ação colaborativa entre a academia, representada pela Fiocruz, com as três esferas de governo”, destacou a assessora do PNCD, Ima Braga, durante a abertura do encontro. A vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Claude Pirmez, parabenizou a iniciativa, ressaltando a importância de agir com o objetivo final de contribuir para a qualidade de vida da população. “O Instituto Oswaldo Cruz tem orgulho de participar de uma iniciativa como esta, que aproxima o conhecimento científico da prática do controle, com foco na promoção de mudanças efetivas na realidade”, completou a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge.

A pesquisadora Denise Valle, do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do IOC, líder científica do projeto junto ao Laboratório de Transmissores de Hematozoários do Instituto, chama atenção para uma questão importante. “O que estamos estudando é o uso de armadilhas para captura de Aedes com o objetivo de uso em metodologias que nos permitem estimar o tamanho da população do mosquito. Não se trata do uso da armadilha para controle, mas para vigilância do vetor. É fundamental esclarecer esse ponto para a população e reforçar que o controle mais eficaz do vetor é feito pela eliminação de criadouros, uma ação que depende de todos”, esclarece. Os dados preliminares do estudo já foram consolidados. Os estudos em campo continuarão nos próximos meses.


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