sexta-feira, 25 de março de 2011

Pronunciamento da Senadora Gleisi Hoffmann sobre a Medicina Veterinária


Sr Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores,2011 é um ano muito especial para Medicina Veterinária. Afinal, há exatos 250 anos foi fundada a primeira escola veterinária no mundo, na cidade francesa de Lyon.
Além disso, em uma feliz coincidência, 2011 também é particularmente importante para a Medicina Veterinária no meu Estado, afinal, o curso de graduação da Universidade Federal do Paraná/UFPR, comemora 80 anos de existência.
Reconhecendo a importância desta data, mas, sobretudo a relevância dos serviços prestados em benefício da sociedade pelos profissionais da Medicina Veterinária ao redor do mundo, várias organizações de grande importância no cenário internacional, tais como a FAO (Organização das Nações Unidas para Saúde e Alimentação), a OMS (Organização Mundial de Saúde), a Unesco, a OIE (Organização Internacional de Saúde Animal), a Comissão Europeia, entre outras, declararam 2011 como “Ano Mundial da Medicina Veterinária” com o tema “Veterinária para a Saúde, Veterinária para o Alimento, Veterinária para o Planeta”.
Desde 1761, quando considera-se que foi criada a profissão de Médico Veterinário, são 250 anos de exercício deste ofício cujo papel principal tem sido a busca de melhorias na saúde humana e animal. Se no passado poderia haver alguma confusão em torno da amplitude das atribuições do profissional desta área, por vezes vistos exclusivamente como médicos e defensores do bem-estar dos animais, atualmente, os veterinários modernos são tidos como profissionais da saúde pública, tendo papel crucial em várias frentes como:
Promoção da segurança alimentar, por supervisionar a higiene da produção animal;
Controle de zoonoses;
Monitoramento de qualidade de alimentos e segurança;
Investigação biomédica; e
Proteção do meio ambiente, da biodiversidade e da nossa fauna.

Fica evidente o quão vastas são as possibilidades de atuação destes profissionais como agentes de saúde, interagindo de forma absoluta com as demais atividades envolvidas neste setor.
Até porque, a compreensão deste novo mundo, globalizado, repleto de agentes e atores, demanda a maior interatividade possível entre indivíduos e organizações e também entre diferentes profissionais em busca dos melhores resultados para sociedade.
Exemplo disto é uma estratégia inovadora chamada “Um Mundo, Uma Saúde”, elaborada pelos quatro organismos internacionais responsáveis pelo tema: FAO, OIE, OMS e UNICEF.
A idéia corresponde a prevenção e controle das enfermidades infecciosas emergentes e reemergentes, na interface entre o homem, os animais e os ecosistemas, e foca nas doenças capazes de provocar epidemias e pandemias. Seu objetivo é preventivo quanto às doenças e visa resolver os problemas de saúde nas populações mais suscetíveis, reforçando a capacidade de resposta às emergências mundias de saúde.
Esta iniciativa de “Uma Saúde Única” corresponde a um movimento que busca a união entre médicos, médicos veterinários, dentistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde, com o conceito de que para as doenças, não há separação entre o homem, os animais e o meio ambiente.
No Brasil, ao longo destes pouco mais de 100 anos de existência, a Medicina Veterinária vem contribuindo significativamente na melhoria da saúde animal (disponibilizando alimentos de qualidade) e da saúde pública (cuidando das doenças transmitidas pelos animais). E também, devemos reconhecer, tratando de nossos animais domésticos, nossos companheiros de lar.
Uma sociedade evoluída destaca-se pelo alto grau de consciência sobre os direitos das mulheres, das crianças, dos idosos e dos cidadãos menos favorecidos economicamente. E do mesmo modo, sociedades evoluídas também zelam pelo bem estar e pelo direito dos seus animais, e neste contexto, mais uma vez, os Médicos e as Médicas Veterinários são profissionais de grande relevância.
Sr Presidente, Sras Senadoras e Srs Senadores, me parecem claro que os profissionais da Medicina Veterinária são essenciais para o bom funcionamento da saúde pública e sua atuação na área pode ser bastante ampla. Podem inserir-se em diferentes atividades que contemplam a gestão, o planejamento em saúde, a pesquisa, o ensino, e, mais tradicionalmente, a vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e educação em saúde.
O reconhecimento do Médico Veterinário como profissão de nível superior da área da saúde, se deu por meio da Resolução nº 287 do Conselho Nacional de Saúde, publicada em 1998, que define as categorias profissionais de saúde de nível superior no Brasil. Todos sabem que a atenção primária à Saúde é complexa e demanda uma intervenção interdisciplinar para que se possa ter efeito positivo sobre a qualidade de vida da população.
Diante disto, o Ministério da Saúde publicou em 2008, a Portaria nº 154 viabilizando a criação e desenvolvimento dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, conhecidos como NASF.
O NASF deve ser constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, para atuarem em conjunto com os profissionais já existentes na Estratégia em Saúde da Família, na ótica do zoneamento, sendo referenciados a um determinado número de imóveis ou residências e criando vínculo com a população.
No entanto, ao que me parece equivocadamente, a Medicina Veterinária não foi incluída como parte das Categorias Profissionais descritas na portaria que crou o NASF.
Recentemente, fui procurada pela Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho Federal de Medicina Veterinária, oportunidade em que fui apresentada a esta realidade. E desde já, anuncio meu total apoio aos profissionais da Medicina Veterinária em sua demanda, entendendo ser um verdadeiro benefício para o conjunto da sociedade sua inclusão entre as categorias abrangidas no NASF.
Registro que atendendo à solicitação desta categoria encaminhei um Ofício ao Ministério da Saúde, solicitando a inclusão do Médico Veterinário na lista de profissões recomendadas aos municípios para compor o NASF, procurando, assim, aperfeiçoar a Portaria nº 154, de 2008. Demanda que conta  com o apoio de todos os Conselhos Regionais de Medicina Veterinária e da Associação Brasileira de Saúde Pública Veterinária.
Cumpre ressaltar que tal recomendação não acarretará ônus a nenhuma das esferas do SUS, já que a efetiva contratação do Médico Veterinário para atuar nos núcleos fica a critério da necessidade deste profissional, de acordo com a realidade epidemiológica de cada município. Trata-se, portanto, de possibilitar a contratação de um profissional desta expertise, apenas, se assim entender o gestor local.
Acredito que diante das diferentes realidades epidemiológicas do território brasileiro, possibilitar que equipes que compõem o NASF tenham um Médico Veterinário, é simplesmente disponibilizar a experiência deste profissional, na promoção da saúde, prevenção e controle de doenças, àquelas localidades que possuam esta demanda.
Desta forma, entendo que a inclusão da Medicina Veterinária no NASF representa a materialização da colaboração desta profissão à atenção básica de saúde das famílias em nosso país, consolidando o Sistema Único de Saúde e seguindo o conceito mundial de que o custo e o impacto social das doenças nos seres humanos só podem ser minimizados com a prevenção e a promoção da saúde.
Hoje, existem no Brasil aproximadamente 75 mil profissionais de Medicina Veterinária, oriundos, em sua absoluta maioria, dos 170 cursos de graduação distribuidos pelo país. E neste ano de 2011, quando celebram 250 anos de existência de sua profissão, me parece que seria uma justa homenagem atendê-los nesta demanda, que ao final, significa dotar de melhores possibilidades de atendimento a sociedade brasileira.

Encerro, Sr Presidente, apresentando meus parabéns a todas as Médicas e Médicos Veterinários do Brasil e do Mundo.

Muito Obrigada!

Enviado por e-mail porJuliano Hoffmann

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