quinta-feira, 24 de maio de 2012

Fesa/MT doa 50 mil doses ao Comitê Brasil/Bolívia

Vacina será utilizada para manter a sanidade da região de fronteira


Rebanho localizado na fronteira entre Mato Grosso e Bolívia recebe as doses há 17 anos
CLARICE NAVARRO DIÓRIO
Da Sucursal de Cáceres


O Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa/MT) realizou a entrega de 50 mil doses de vacina antiaftosa para o Comitê Misto Brasil/Bolívia. A doação foi efetivada, ontem, em San Mathias, município boliviano a cerca de 80 quilômetros de Cáceres e faz parte da regulamentação das ações de vacinação contra a febre aftosa na região de fronteira na Província Angel Sandoval e na fronteira de Mato Grosso. Em maio, todos os rebanhos bovino e bubalino de zero a 24 meses deve ser imunizado com a vacina. A campanha, a primeira do ano, segue até o dia 31. 

A parceria existe há 17 anos e possibilitou que aquela região da Bolívia, conhecida como Chiquitânia, ficasse livre da doença, se tornando zona livre da aftosa com vacinação. As doses foram entregues pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea/MT) e adquiridas com recursos do Fesa/MT. Cada dose custou R$ 0,78, sendo compradas após a realização de tomada de preços. Um dos lotes tem a data de validade até dezembro deste ano, e o outro, abril de 2013. 

As vacinas foram entregues ao Agasam - o equivalente a um sindicato rural brasileiro -, e seu presidente, Wilfredo Peinado Cuellar, informou que o montante atinge 70% da demanda. As doses são doadas a pequenos produtores que possuem até 20 cabeças, e vendidas a produtores que possuem maior número de animais. "O objetivo é atender pequenos e médios produtores, os grandes fazendeiros compram por conta própria", informou. Com o dinheiro da venda, são executadas ações que beneficiam os produtores, como a construção de bretes comunitários para a vacinação. 

A vacinação na região boliviana segue o modelo do que é executado em Mato Grosso, sendo feita duas vezes ao ano, em períodos semelhantes. A região tem um rebanho estimado em 140 mil cabeças e começou há pouco a exportar carne para países do Mercosul, como Equador, Peru e Venezuela, e está iniciando conversações com o Chile. "Graças ao convênio que temos com o Brasil, nossa região tem um rebanho de genética superior, o que facilitou o processo de exportação", afirmou Cuellar. 

Como funcionário do Ministério da Agricultura, o ex-presidente do Indea/MT, Ênio Arruda, esteve presente. Ele lembrou o início da cooperação entre os dois países e o quanto a Bolívia avançou após o início da vacinação na área fronteiriça. "Mato Grosso registrou o último caso da doença em 1996. São 16 anos sem focos, mas mesmo assim ainda não conseguimos a fatia dos melhores mercados mundiais para exportar. Atualmente, temos 108 mil propriedades rurais e apenas 439 mil delas habilitadas à exportação. Há muito trabalho a ser feito". 

O novo presidente do Indea/MT e conselheiro do Fesa/MT, Jurandir Taborda Ribas, também esteve em San Mathias e afirmou que o trabalho de vacinação é de interesse dos dois países, pois protege os rebanhos boliviano e brasileiro. "Não pode haver descuido". 

Representando o presidente do Fesa/MT, José João Bernardes, o conselheiro Antonio Carlos Carvalho de Sousa afirmou que o objetivo é de que, no futuro, o comércio de carne bovina não tenha fronteiras. Mato Grosso, disse ele, tem 30 milhões de cabeças e necessita do comércio internacional. 

NO CAMPO - As vacinas serão utilizadas de imediato e em ritmo acelerado, segundo garantiu o veterinário boliviano David Soto Mariscal, que supervisiona o trabalho de vacinação. Serão vacinados animais de mamando a caducando e esta etapa só não atingirá o rebanho que está na área do Pantanal, pela dificuldade de acesso. 

Para a próxima etapa de vacinação, que acontece nos meses de outubro e novembro, o Fesa/MT irá doar outro lote ao Comitê, de 65 mil doses. 

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