quarta-feira, 30 de maio de 2012

União Europeia deve abrir mercado para tripas bovinas em junho, afirma representante do Ministério da Agricultura


Agência RBS
Foto: Agência RBS
Abertura do mercado europeu irá gerar um ganho maior para os frigoríficos brasileiros

O diretor de Saúde Animal do Departamento de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, afirmou que a União Europeia deve abrir seu mercado para as exportações brasileiras de tripas de bovinos no próximo mês, em função do novo status do Brasil de "risco insignificante" em relação à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como doença da vaca louca. O reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) veio na semana passada.
Ao fazer o anúncio nesta terça, dia 29, Marques disse que a elevação do status sanitário do Brasil em relação à vaca louca é importante pois garante o acesso a outros mercados, como a exportação de animais vivos para a América do Sul. Ele explicou que o reconhecimento internacional do novo status resulta de um trabalho iniciado pela Defesa Agropecuária em 2001, que exigiu investimentos de setores como o de graxaria, que processa resíduos dos frigoríficos.
– Seguramente, a União Europeia, já nos próximos meses, vai abrir o mercado de tripas, que é extremamente importante para o Brasil, considerando as dezenas de milhões de animais abatidos por ano. É também a previsão de abertura para o Egito, Tunísia, como também a exportação de animais vivos até para o Mercosul, toda a América do Sul – explicou.
A abertura do mercado europeu irá gerar um ganho maior para os frigoríficos brasileiros, que no ano passado exportaram 69 mil toneladas de tripas bovinas e faturaram US$ 271,8 milhões. O principal mercado foi Hong Kong, para onde foram exportadas 45,9 mil toneladas, que renderam US$ 156 milhões. O segundo mercado é a Rússia, com importações de 8,6 mil toneladas e US$ 46,1 milhões no ano passado.
Segundo Marques, o Banco do Brasil liberou cerca de R$ 500 milhões a juros subsidiados para que as graxarias pudessem investir em esterilizadores que afastam o risco da doença. As graxarias fabricam farinhas utilizadas como ração para aves, suínos e animais domésticos, além de óleos e outros subprodutos de origem animal.
De acordo com Marques, mesmo sem ter registros da doença da vaca louca e não utilizar ração animal para alimentar o rebanho, o Brasil foi classificado inicialmente como risco controlado, para não ficar no limbo. Ele disse que a maior preocupação era com os animais de alta linhagem importados da Europa para melhoramento genético do rebanho. A maioria foi identificada e está sendo rastreada. No caso da importação de sêmen e embriões não existe risco de disseminação da doença.
O Brasil passa a ser um dos 19 países do mundo que têm o status de "risco insignificante", que é o mais elevado, uma vez que em relação às doenças animais não existe a classificação "risco zero".
Saiba mais
A vaca louca surgiu no Reino Unido e se espalhou pela União Europeia na década de 80, por causa do uso descontrolado de proteínas animais na ração do rebanho bovino. Em função do risco da vaca louca, o uso de proteína animal na fabricação de ração para bovinos é proibido no Brasil, apesar de grande parte do rebanho ser alimentada a pasto.

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