terça-feira, 29 de maio de 2012

Liberdade e Responsabilidade nas Redes Sociais Virtuais


Nasceu em 2009 a Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária (RITDA) com a missão de agregar massa crítica em torno do tema Defesa Agropecuária.

O Inciso IV do Art. 5º da Constituição Federal trata da liberdade de expressão, princípio fundamental de uma sociedade democrática. Diz que "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". Perfeito, pois ao mesmo tempo que dá ao indivíduo liberdade para manifestar suas ideias, atribui a ele também a responsabilidade pelo que foi dito. Porém, é falível do ponto de vista prático, principalmente quando a comunicação digital faz-se amplamente presente na rotina do brasileiro.

Certamente, os que escreveram a nossa Carta Magna não imaginavam que, passados quase 25 anos, os brasileiros estariam vivendo em uma grande nuvem hipermídia formada por sistemas de gerenciamento, sistemas bancários, e-books, cursos à distância e, claro, redes sociais. Pesquisas realizadas em 2010 mostraram que o Brasil é um dos países que mais usam redes sociais, com 86% dos internautas declarando-se usuários de redes sociais. Esse índice fica acima de países como o Japão (75%), Estados Unidos (74%) e Alemanha (63%). Além disso, passamos mais tempo, em média, atuando em redes sociais (5h 3min por mês) do que os franceses (4h 10 min), japoneses (2h 50min) e alemães (4h 13 min). Dados de 3 de maio de 2012 mostram que 45,4 milhões dos 900 milhões de usuários do Facebook estão no Brasil, o que nos posiciona como o segundo país em número de usuários no mundo, atrás, apenas dos Estados Unidos. Grosso modo, isso significa que 24% dos brasileiros participam dessa rede social e que 5% de todos os membros do Facebook estão no Brasil. Esses números surpreendem? Nem um pouco. Afinal, somos um povo sociável por natureza, gostamos de compartilhar nossas vidas, de criar novos vínculos, de fazer a rede girar.

Mas as redes sociais, que começaram como um ponto de encontro da galera, ou um site para compartilhar fotos, piadas ou frases de motivação amadureceram e instituições e profissionais passaram a usar esses ambientes como facilitadores de interações interpessoais, com conteúdos técnicos visando à aprendizagem. Nesse contexto, nasceu em 2009 a Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária (RITDA), uma relevante entrega de um projeto da Universidade Federal de Viçosa com a missão de agregar massa crítica em torno do tema Defesa Agropecuária.

O idealizador da RITDA, Evaldo Vilela, vislumbrou nas redes sociais a possibilidade de aproximar pessoas que, normalmente, não se encontrariam nos corredores das instituições, ou mesmo nos congressos que frequentam. "A Defesa Agropecuária é um assunto multidisciplinar e que, portanto, agrega profissionais com formação diversificada e instituições tão distintas quanto órgãos regulatórios, academia e setor privado - ou seja, a hélice tripla da Inovação precisa estar bem azeitada para que um sistema de Defesa Agropecuária seja eficaz. E o nosso projeto lida justamente com isso".

A RITDA tem, atualmente, cerca de seis mil membros de todas as partes, que trocam informações, discutem temas polêmicos e comunicam ao mundo o que tem acontecido de relevante nas instituições, ou regiões onde atuam. No entanto, dados a criticidade do tema e o volume de informações aportadas, o desafio que se apresentou ao coordenador do Projeto foi o de garantir a autenticidade das informações postadas pelos membros. Como ter certeza de que um usuário qualquer da rede seja, realmente, ele mesmo? "E mais: como garantir que ele existe? Estamos num mundo de anônimos. Se não houver controle, qualquer pessoa pode cadastrar um perfil com um nome falso, usar uma fotografia falsa e se manifestar. Claro que os bons são maioria mas a impossibilidade de responsabilizar um usuário por conteúdos inadequados ou ofensivos dá margem para que pessoas de má índole se manifestem de maneira irresponsável ou inconsequente", explica o coordenador. Para exemplificar, uma pesquisa divulgada pela Revista Veja em 5/5/2012 mostrou que, nos EUA, a percentagem de perfis falsos no Facebook passou de 10% em 2010 para alarmantes 25% em 2012.

Pensando nisso, a RITDA implantou um processo de certificação de seus membros, ou seja, ao se inscrever, o usuário apresenta uma comprovação de que ele é quem ele afirma ser. Uma vez aprovado o perfil, o novo usuário é apresentado na RITDA como um membro certificado. Ou seja: fortalecem-se as relações de confiança entre os membros da rede e a fidedignidade das informações publicadas.

A RITDA é a primeira rede social brasileira a adotar a certificação de usuários como medida de proteção a seus membros. Segundo Vilela, "isso é crucial, pois estamos tratando de um assunto que é estratégico para o agronegócio e, por que não dizer, para a economia do Brasil. Suponha, por exemplo, que alguém dissemine na RITDA a informação de que uma doença ou uma praga entrou no Brasil - isso pode ter impactos como embargos a nossos produtos. Cumpre-se, assim, o disposto na nossa Constituição Federal: expressar-se livremente, sim, mas com responsabilidade e com possibilidade de responsabilização".

Expediente - O Projeto Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária - InovaDefesa - iniciou em 2008, por demanda do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação. Vem promovendo uma série de ações para o fortalecimento do sistema brasileiro de Defesa Agropecuária através da indução de cursos, da agregação e massa crítica, da indução de visão estratégica e da facilitação de parcerias para inovação tecnológica.

Mais informações sobre a Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária disponíveis em www.inovadefesa.ning.com.

(Texto de Evaldo Ferreira Vilela, da Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária e Universidade Federal de Viçosa, e de Regina Sugayama - Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária)
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=82606

Nenhum comentário:

Postar um comentário