terça-feira, 29 de maio de 2012

Leptospirose Bovina


Autor : Dr. Joseir Monteiro (Coordenador Técnico e Comercial - Laboratório Microsules do Brasil Ltda.)

A leptospirose é uma doença infecciosa de distribuição cosmopolita, causada por bactérias do gênero Leptospira, que acomete entre os animais domésticos tais como: bovinos, suínos eqüinos, muares, gatos e cães, podendo ocorrer também em vários animais selvagens.
Sua relevância se deve a seu potencial zoonótico, podendo levar a doença humana, onde as principais características é febre, icterícia, alterações hepática e renal, além de cefaléia, alterações gastrointestinais e a febre hemorrágica, podendo levar a óbito em pouco tempo.
Podemos dizer que nos bovinos tem grande interesse econômico, pois são eles os grandes reservatório e disseminadores da doença, principalmente quando se instala em forma crônica, geralmente esta é assintomática sendo então um portador em potencial e que poderá eliminar a bactéria por longo período, contaminando as pastagens e os estábulos.É causada por espiroquetas: Ordem Spirochaetales; Família Spirochaetaceae; Gênero Leptospira.
O gênero contém 7 diferentes espécies, com mais de 200 sorovariantes em todo o mundo, sendo que no Brasil, as mais importantes em bovinos são: pomona, wolfii, sejroe, hardjo e bratislava. e interogans.   
EPIDEMIOLOGIA 
A leptospirose bovina é endêmica no Brasil, podendo nos bovinos, ocasionar alterações congênitas, abortos, distúrbios reprodutivos (retenção de placenta e natimortos), com infecções subclínicas capazes de prejudicar a eficiência reprodutiva do animal, levando-o à infertilidade.
São acometidos bovinos de ambos os sexos, porém com perdas mais significativas em fêmeas, levando a perdas zootécnicas principalmente na produção de leite, devido a problemas com mastites.

TRANSMISSÃO

A via de transmissão mais importante é pela urina. A via venérea constitui vetor pelo trato genital de vacas durante um período de oito dias após o abortamento e encontra-se, também, no trato genital de touros. A via transplacentária (não é comum, porém a infecção neonatal é provavelmente contraída no útero) e mamária ou até o hábito de limpeza da genitália, escroto, tetas ou outras partes entre os animais, pode constituir-se vias de transmissão.A transmissão ao homem é carreada pela urina ou órgãos e infectam o humano pelo contato direto com a pele, mucosa oral e conjuntival com água contaminada e outras fontes, sendo risco para fazendeiros, trabalhadores rurais, pessoal de lida no frigorífico e veterinário.PATOGENIA
Após a penetração da pele ou mucosa, os microorganismos fazem bacteremia, sendo carreados ao fígado, multiplicando-se e fazendo nova bacteremia. Podem se reproduzir no sangue, levando a um quadro de septicemia, com hemólise e hemoglobinúria (este quadro é mais comum em bezerros). Se o animal sobreviver a esta fase, poderá evoluir para a fase renal.

A lesão capilar é comum a todas as sorovariantes e, durante a fase septicêmica, hemorragias petequiais são comuns. A lesão vascular também ocorre no rim, levando a um quadro de nefrose hemoglobinúrica. Diferentemente de outros animais e do homem, o quadro de insuficiência renal no bovino é muito mais raro de acontecer e o abortamento é uma seqüela comum após a invasão inicial sistêmica, com ou sem degeneração placentária.
Podem ocorrer várias semanas após a invasão sistêmica, com mais freqüência na segunda metade da gestação, provavelmente devido à maior facilidade de invasão da placenta neste estágio.
O abortamento sem prévia doença clínica também é comum. Raramente as leptospiras estão presentes no feto abortado, e o período de incubação na leptospirose, usualmente, vai de quatro a dez dias.

SINTOMAS  
A forma aguda é relacionada à fase inicial da doença, que coincide com a bacteremia, e geralmente é de difícil visualização, sendo descritos, entretanto, sinais de febre alta (40,5 a 41,5o C), hemoglobinúria, icterícia, anorexia, aborto em animais prenhes e queda na produção do leite devido a uma mastite atípica, com o úbere podendo apresentar-se edematoso e flácido à palpação e o leite amarelado ou tingindo de sangue. Porém estes sintomas são comuns em várias outras enfermidades. A anemia leva à taquicardia e dispnéia. Nesta fase, a taxa de mortalidade é alta, principalmente em bezerros, ou quando sobrevivem, a convalescência é prolongada.
Na forma subaguda, são também descritas diminuição na produção do leite, a febre é moderada entre 39 a 40,5 °C, levando a uma leve icterícia e diminuição da ruminação. Na forma crônica, as alterações estão restritas à esfera reprodutiva, culminando em sinais como abortos que ocorrem com maior freqüência do quinto ao sexto mês de gestação, retenção de placenta, culminando em deficiências reprodutivas e natimortos. As formas agudas e subagudas são mais observadas em animais jovens e em vacas em lactação.
Nos bezerros além do quadro agudo, alguns apresentam rigidez dos membros posteriores. Ao baixar a temperatura os animais afetados voltam ao normal, porém retardam o crescimento em relação aos que não sofreram a doença. O prognóstico em animais de produção é bom, pois a doença é normalmente benigna, exceto pelos casos que ocorram em neonatos e abortos, havendo um grande prejuízo funcional e econômico.

DIAGNÓSTICO 

O diagnóstico da leptospirose depende de um bom exame clínico, boa anamnese, histórico de vacinação e avaliação laboratorial empregando-se testes voltados para o diagnóstico da leptospirose.
 Em bovinos os abortos podem até ser atribuídos à outra doença ou até serem confundidos com abortos de origem não infecciosa, e neste caso é muito importante o diagnóstico diferencial com outras doenças reprodutivas que apresentam os mesmos sintomas.No exame histopatológico, a observação do agente exigi a fixação do tecido imediatamente no pós morte, e coloração pelo método de impregnação pela prata, contudo os resultados são muito mais satisfatórios em condições experimentais. A cultura para isolamento do agente e a inoculação em cobaias ainda são as técnicas mais eficientes e seguras de diagnóstico.
Os métodos indiretos de diagnóstico baseiam-se na demonstração de anticorpos por provas de soro aglutinação, fixação de complemento, imunofluorescência indireta e ELISA. As leptospiras induzem a produção de anticorpos, principalmente do tipo IgM. As imunoglobulinas IgA e IgG aumentam mais discretamente com a evolução da doença.

CONTROLE

O controle deve ser feito através do diagnóstico, com tratamento e isolamento dos animais doentes. Os animais devem ser retirados de áreas alagadas. Mantê-los distantes dos depósitos de alimentos.Em casos de abortos, o feto e restos placentários, devem ser enterrados evitando contaminação. Enquanto nos surtos, tratar preventivamente os animais sadios, evitando colocá-los em pastos alagados, nem mesmo agrupá-los.

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