segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Paraná é considerado exemplo em sanidade animal


Caso "não clássico" do mal da vaca louca no final de 2012 colocou em dúvida produção de carne bovina no Estado; especialistas dizem que questionamentos são infundados
Alexandre Turquino, produtor e presidente da ANPBC, ressalta que pecuarista faz a lição de casa quando o assunto é a alimentação do rebanho
Fotos: Gina Mardones
No Paraná animais são criados a pasto ou em confinamento, se alimentando apenas de farelo de soja, milho e outros produtos de origem vegetal
A sanidade animal das propriedades paranaenses foi colocada em xeque no final do ano passado, quando foi anunciado que um agente causador do mal da vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina-EEB) havia sido encontrado em um animal na cidade de Sertanópolis (Norte), morto em 2010. Apesar da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ter classificado o caso como "não clássico" da doença e, portanto, "com risco insignificante", a repercussão foi suficiente para que dez países embargassem a importação de carne bovina brasileira (veja o quadro). Em 2011, segundo os últimos dados levantados pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e abastecimento do Estado do Paraná (Deral/Seab), 977,1 mil de cabeças de boi foram abatidas no Estado, com uma produção de 240,6 mil toneladas de carne. O órgão ainda não concluiu o levantamento de 2012. 


Na opinião dos especialistas e entidades representativas do mercado de carnes do País, a dúvida criada pelos "clientes" estrangeiros acerca da carne bovina paranaense é infundada. Para as entidades, o Paraná é considerado modelo em sanidade animal junto com os outros estados do Sul, Sudeste e também o Mato Grosso Sul. Uma das principais justificativas para a boa saúde dos bovinos é que os animais são criados em pastos, só consomem produtos de origem vegetal, além do índice de vacinação contra febre aftosa atingir quase 100% todos os anos. 



Para o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Bovino de Corte (ANPBC), Alexandre Turquino, o produtor paranaense - e o brasileiro de maneira geral - "faz a lição de casa" quando o assunto é sanidade animal. "O cronograma sanitário é seguido pontualmente. Vermífugos, vacinações contra a aftosa e também contra a brucelose (que atinge apenas fêmeas) também são realizadas. O produtor tem medo de perder seus animais e sofrer com um grande prejuízo", salienta Turquino. 



Outro fator que torna a carne brasileira diferenciada e longe de problemas sanitários, avalia Turquino, é o que o gado brasileiro ingere. Além do pasto natural, em confinamento os animais se alimentam apenas de farelo de soja e milho, sorgo, feno, etc. Ele comenta que apesar do países da Europa e os Estados Unidos estarem livres da aftosa sem vacinação - o que potencializa a comercialização da carne em todo o mundo - mais da metade dos alimentos que os animais ingerem são de origem animal. "Visitei um dos maiores confinamentos dos EUA recentemente e quando estava a cerca de 15 km do local o cheiro já era insuportável. Eles utilizam farinha de osso, restos de frigorífico e é daí que as proteínas responsáveis pela vaca louca e outras doenças chegam aos animais. Todos sabem que este embargo contra o Brasil é mais uma justificativa comercial do que sanitária", avalia o presidente da ANPBC. 



Em sua propriedade que conta com cerca de 250 animais nelore, onde ele faz a recria dos garrotes com o prazo máximo de dois anos e repassa a outros produtores para a engorda, Turquino calcula que investe em sanidade animal em torno de R$ 30 a R$ 40 por cabeça anualmente. "Os produtores não dão restos de resíduo animal porque o ‘crime não compensa’. Perto de todo o sistema da propriedade, cuidar da saúde dos animais é o que eu considero mais barato. Em relação à vacinação, nossos índices acabam sendo maiores que a vacinação em humanos", salienta ele.


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