quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Escândalo da venda ilegal de carne de cavalo avança na Europa

Fernando Nakagawa

Deputada do Reino Unido diz que 70 mil animais desapareceram da Irlanda; ministros da UE se encontram hoje

O escândalo com a adulteração de carne na Europa cresce a passos largos. Ontem, a polícia britânica invadiu um matadouro e uma empresa processadora de alimentos com a suspeita de que estariam vendendo carne de cavalo como sendo bovina. Em meio à crise, surgem suspeitas que dão tom quase ficcional ao caso: 70 mil cavalos estariam desaparecidos na Irlanda, a carne de cavalos também estaria sendo vendida em kebabs e pode, ainda, haver contaminação com carne de burro. 

Autoridades britânicas anunciaram no fim da tarde que um matadouro em West Yorkshire, no norte do Reino Unido, e uma empresa processadora de alimentosem Aberystwyth, no oeste do país, foram invadidos pela polícia e a vigilância sanitária. 

A incursão tem como objetivo investigar a suspeita de que as duasempresasestariamvendendo carne de cavalo no lugar da bovina a lanchonetes de kebab e hambúrgueres. As duas empresas tiveram o trabalho suspenso e foram recolhidos documentos e toda a carne disponível. 

A ação das autoridades britânicas - a mais forte desde que a crise começou em janeiro - acontece em um dia em que rumores sobre o escândalo surgem a todo momento. O fato mais dramático foi a acusação feita pela deputada trabalhista Mary Creagh. Ela afirmou que existiriam 70 mil cavalos desaparecidos na Irlanda e deu a entender que os animais teriam sumido para abate. Segundo ela, os cavalos - muitos deles selvagens - são vendidos a EUR 10 por cabeça na Irlanda para comerciantes que, após o abate, conseguiriam até EUR 500 pela carne desses animais. 

Outro que surgiu no noticiário foi o polêmico agricultor José Bové. Conhecido pelos protestos antiglobalização nos anos 2000 e expulso do Brasil após destrui lavouras em manifestação no Rio Grande do Sul, o francês disse que o comércio da carne de cavalo seria comum na Romênia, que teria fornecido o produto a uma fabricante francesa del asanhas congeladas. Segundo ele, após a proibição de cavalos nas estradas romenas, "milhões" de animais foram enviados ao matadouro, sem distinção entre cavalos e burros. 

Autoridades de segurança alimentar da Romênia disseram queo país produziu 6,3 mil toneladas de carne de cavalo, de mula e de burro no ano passado, que foram rotuladas corretamente quando foram exportadas para outros países europeus. 

Saúde

O escândalo se espalha por toda a Europa. A agência que regula os produtos alimentícios no Reino Unido (FSA, na sigla eminglês) foi à TV e ao rádio para dizer que os fabricantes de almôndegas, lasanhas, hambúrgueres e outros pratos prontos foram instruídos a checar a presença de carne de cavalo nos produtos e entregar os resultados no dia 15, segundoo jornal inglês The Guardian. 

A publicação conta que a FSA mantém o caso como uma investigação sobre "carne identificada erroneamente", uma vez que não é ilegal usar carne de cavalo em alimentos,desde que identificado na embalagem. A agência diz não haver preocupaçã oquanto à segurança alimentar, mas aconselha os consumidores que compraram pratos de carne da marca Findus a não comê-los, diz o Guardian. Isso porque os produtos não teriam sido submetidos ao teste para verificar a presença de fenilbutazona, uma substância comumente usada em cavalos que é banida por ser insegura para o consumo humano. Ela poderia causar, em casos raros, doenças no sangue. 

Hoje, ministros de países da União Europeia (UE) vão discutir o problema da rotulagem de produtos feitos com carne. A Irlanda, que ocupa a presidência rotativa da UE, disse em seu site quea reunião foiconvocada"para considerar as implicações mais amplas na UE, após as revelações recentes sobre a presença de carne de cavalo em produtos de carne"


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