quinta-feira, 2 de maio de 2013

Tuberculose ataca rebanhos de vacas leiteiras no sudoeste do Paraná


Tuberculose bovina é causada por bactéria e pode passar para ser humano. Única maneira de prevenir e controlar a doença é fazendo exames.


A tuberculose está atacando vacas leiteiras no sudoeste do Paraná. O criador. Reinaldo Dallastra, do município de Dois Vizinhos, a cerca de 500 km de Curitiba, escreveu preocupado para o Globo Rural, depois que um produtor da região perdeu quase todo o rebanho por causa da doença.
O rebanho de Reinaldo tem 65 vacas e é tratado pelo veterinário Dionir Mouro, que fez o exame da tuberculose nos animais. “Deu um foco, e o pessoal começou a se preocupar um pouquinho mais. Com essa preocupação e o aumento do número de exames nas propriedades, foram sendo achados novos casos, e continuam sendo achados”, diz Dionir.
Os dez animais estão em um piquete isolado porque fizeram o teste da tuberculose bovina e o resultado foi inconclusivo, nem positivo e nem negativo. Sessenta dias após o primeiro exame, os animais vão passar por um novo teste e, aí sim, se o resultado for positivo ou novamente inconclusivo, o animal vai ter que ir para o abate sanitário.
“Tem vários tipos, várias cepas da bactéria, que causam tuberculose. Uma delas é bovina, e a outra, aviária. A aviária não causa problemas no animal, mas é muito parecida com a bovina. A gente não consegue ter ideia, em um primeiro exame, de qual é o resultado. Por isso que é feito o segundo, com uma análise comparada,  com a tuberculina bovina e a tuberculina aviária”, afirma Dionir.
A tuberculose bovina é causada por uma bactéria e pode passar para o ser humano através do contato com as secreções do animal, quando ele tosse ou espirra, e através da ingestão do leite cru ou derivados do leite cru. Não há vacina contra tuberculose bovina. O animal pode estar doente e não apresentar os sintomas por vários anos.
A única maneira de se prevenir e controlar a doença é fazendo o exame para tuberculose.
No dia do exame em outra propriedade, Ricardo Simionato, que é o dono, lida diretamente com os animais, e notou que uma vaca, a Princesa, está apresentando sintomas da doença, como tosse, coriza e emagrecimento.

O veterinário Dionir trouxe a seringa e a tuberculina, a proteína produzida pela bactéria causadora da tuberculose, com a qual é feito o exame, que custa em torno de R$ 15 por animal. Dionir raspa o pêlo da vaca, mede a espessura do couro e aplica a tuberculina.
Em outra propriedade, não existe mais gado de leite. O local é apontado como origem dos casos de tuberculose bovina em Dois Vizinhos. Lá, existia um rebanho de 181 animais, mas, desde fevereiro, toda a estrutura, inclusive a sala de ordenha, está completamente vazia.
O dono da criação, Lécio Capelesso, diz que comprou 70 animais de outras cidades, mas mostra apenas duas notas de compra de 15 animais, acompanhadas do resultado negativo no exame de tuberculose. O produtor afirmou que não fazia os exames periodicamente por falta de orientação, e também não havia exigência do documento de comprovação por parte do laticínio.
Os exames foram iniciados após uma suspeita de contaminação quando vacas do rebanho foram a uma exposição. De dois mil e dez até fevereiro deste ano, Lécio teve que sacrificar 126 animais.
Na secretaria de Agricultura e Abastecimento, o fiscal da defesa agropecuária, Fábio Monteiro, diz que está seguindo o programa nacional de controle e erradicação de brucelose e tuberculose. “A partir do momento em que foi detectado por um exame de veterinário habilitado, o produtor precisou fazer uma série de exames, desde 2010, que culminou no sacrifício de quase todo o seu rebanho”, afirma.
A tuberculose ocorre em todo o Brasil. A instrução normativa 51 do Ministério da Agricultura determina que produtores de leite tipo A e B apresentem para os laticínios um certificado de que o rebanho é livre de tuberculose, mas não há regulamentação sobre fiscalizações nas propriedades.
Em um pequeno laticínio, que tem o selo de inspeção federal,  temos uma amostra do que acontece na prática. “A gente está exigindo o exame anualmente, mas existem produtores que não apresentam. Apesar de tudo, a gente recebe, porque o leite vem a ser pasteurizado, e são feitas análises laboratoriais. A gente não tem como não receber esse leite”, afirma Tiago Dallazen, veterinário do laticínio.
Três dias se passaram desde a visita à propriedade de Ricardo e o exame do rebanho ficou pronto, inclusive o da Princesa,  que estava tossindo e espirrando. O resultado foi inconclusivo. A Princesa ainda tem chance de estar livre da doença, mas Ricardo, vizinho do produtor que perdeu todo o rebanho, com certeza, vai ficar de olho. A pasteurização do leite nos laticínios elimina bactérias, entre elas a da tuberculose bovina.

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