quarta-feira, 17 de julho de 2013

Estudo em Araçatuba revela fármaco que melhora imunidade de cães com Leishmaniose

DA REDAÇÃO, THIAGO ESTEFFANATO - ARAÇATUBA
 Um estudo feito na Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba (FMVA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) foi destaque na revista internacional Acta Tropica - a publicação revela temas relevantes para a saúde humana e animal. Na pesquisa ficou constatado que um fármaco desenvolvido no Brasil denominado P-MAPA melhorou o estado clínico e a imunidade de cães com leishmaniose. A droga poderia ser usada como coadjuvante no tratamento convencional.
Para a pesquisa foram selecionados 20 animais que apresentavam pelo menos três sinais característicos da doença, entre eles emagrecimento acentuado, alopecia, crescimento anormal das unhas e lesões de pele, em especial na ponta das orelhas. Após a confirmação do diagnóstico, os cães foram separados em dois grupos. Metade foi tratada com injeções intramusculares de P-MAPA durante 45 dias. A outra metade recebeu apenas placebo durante o mesmo período. A professora da FMVA e coordenadora da pesquisa Valéria Marçal Felix de Lima disse que o grupo tratado apresentou uma clara melhora clínica, especialmente relacionada ao ganho de peso e massa muscular, recuperação das lesões cutâneas e crescimento de pelos em áreas de alopecia. "Também analisamos uma série de parâmetros para ver se a imunidade celular havia aumentado", contou Valéria.
Segundo a pesquisadora, nos animais infectados, a imunidade celular tende a diminuir à medida que a doença progride, o que favorece o aumento da carga parasitária. Para verificar se a droga era capaz de evitar esse quadro, os pesquisadores realizaram uma biópsia de pele da orelha dos animais e analisaram a carga parasitária nas amostras. 
Ao final do tratamento, os cães tratados com P-MAPA mostraram redução na carga parasitária de cem vezes comparado ao observado no início do tratamento. Além disso, comparado ao grupo controle, o tratamento com P-MAPA estimulou cinco vezes mais a produção de uma citocina, responsável por ativar as células de defesa e favorecer o combate ao protozoário causador da doença. Para a pesquisadora, os resultados sugerem que o P-MAPA poderia ser usado como auxiliar no tratamento da leishmaniose em cães. "As drogas hoje disponíveis não conseguem eliminar o parasita totalmente. 
O cão fica sujeito a recaídas. Além disso, são muito tóxicas para os animais", contou Valéria. Até pouco tempo atrás, a legislação brasileira proibia o tratamento de cães infectados pelo protozoário Leishmania chagasi, pois acreditava-se que o sacrifício era a melhor forma de evitar a transmissão para humanos, que ocorre pela picada do mosquito-palha. "Mas a legislação está se tornando mais flexível e aceitando o tratamento dos animais", contou Lima. 
Considerado um imunomodulador, o P-MAPA já demonstrou resultados promissores no combate a alguns tipos de câncer e as outras doenças infecciosas, como tuberculose e malária. A molécula foi desenvolvida a partir de substâncias existentes no fungo Aspergillus oryzae pela rede de pesquisa Farmabrasilis - entidade sem fins lucrativos criada em 2001 e constituída por cientistas brasileiros, chilenos, europeus e norte-americanos.(Com informações da Fapesp)

Nenhum comentário:

Postar um comentário