Por Rosangela Poletto
Medidas para Avaliação do Bem-Estar Animal – Parte 1
A atenção e preocupação do publico consumidor com as práticas de produções seguidas para criar e alojar os animais, incluindo suínos, tem gradualmente aumentado na ultima década. Vários sistemas de produção e suas respectivas práticas utilizadas na agricultura moderna desafiam os animais com ambientes adversos e estressantes de natureza psicológica e física. Alguns exemplos de praticas questionadas incluem: tipos de alojamentos (e.x. em grupo versus gaiolas), procedimentos cirúrgicos (e.x. castração de leitões sem o uso de anestesia local), segregação ou mistura de animais (e.x. agressão). Esses tópicos muitas vezes são controversos por que a habilidade dos animais em superar o estresse causado por estes fatores, entre outros de natureza típica, durante seu ciclo de vida, determina seu estado de bem-estar.
Desta forma, o processo de avaliação do estado de bem-estar em que um animal ou o grupo se encontra que pode variar de reduzido/baixo para muito bom, é um procedimento complexo. Um retrato completo da condição de bem-estar pode ser alcançado quando utilizando a combinação de critérios de avaliação que incluem o estado clinico (saúde), indicadores de comportamento e fisiologia, e parâmetros de produção, praticas de manejo e planejamento de produção da granja em geral, como por exemplo, plano de treinamento de funcionários que lidam diariamente com os animais.
Duncan and Fraser (1997), ambos cientistas internacionalmente conhecidos na área de bem-estar animal, definem que “a avaliação da qualidade de vida de um animal não pode ser inteiramente objetiva, pois ela engloba o conhecimento cientifico da espécie, e os julgamentos de valores e princípios do avaliador”. No entanto, eu acredito que métodos mais objetivos (e não subjetivos) podem ser exclusivamente usados para se avaliar o bem estar animal. Isso pode ser atingido por meio do uso adequado de técnicas e metodologias de avaliação que podem ser modificadas de acordo com as variáveis (e.x. fisiológico, comportamental, índices de produção) ou fatores (e.x. tipo de alojamento, manejo) a serem medidos.
A utilização simultânea de uma variedade de indicadores é a estratégia mais efetiva ao avaliar-se o bem estar em suínos. Os animais, independentemente da espécie, fazem o uso de varias estratégias de adaptação concomitantemente para superar ou lidar com experiências positivas e negativas e com condições adversas encontradas durante seu ciclo de vida. Desta maneira, a pessoa responsável por avaliar o bem-estar do suíno deve levar todas essas estratégias em consideração, que por sua vez, se traduzem em indicadores de bem estar animal. Indicadores que podem ser avaliados incluem aqueles relacionados a condição de alojamento e manejo, alterações fisiológicas e comportamentais e indicadores de produção.
Indicadores que sinalizam a condição de alojamentos e manejo incluem, por exemplo, a recorrência de lesões físicas (ferimentos), incidência de doenças, e sinais clínicos de dor (fuga de ser manejado, anorexia, tentativa de se esconder, relutância para se mover, depressão e apatia). Alterações fisiológicas e comportamentais, como variação no nível de atividade física, também podem ser utilizadas como medidas de bem-estar em resposta ao ambiente como um todo. Animais são mais suscetíveis a uma condição de estresse quando mantidos num ambiente que induz medo e que não pode ser esperadas (e.x. oferecimento de alimento em horários irregulares, funcionários falando em voz alta ao entrarem nos galpões inesperadamente). Alterações em mecanismos neurofisiológicos (que envolvem a função do sistema nervoso) ainda não são viáveis para avaliação direta de bem-estar no dia-a-dia de um sistema de produção, mas elas podem auxiliar no entendimento dos mecanismos que levam ao desencadeamento do comportamento, como por exemplo, agressão em suínos. Regiões específicas do cérebro são responsáveis por funções motoras e estão intrinsecamente relacionadas com o controle de comportamentos de motivação como comer ou atividade sexual e emocional. O uso deste método, algumas vezes referenciando como neuroetologia, tem se tornado mais popular nas ultimas décadas principalmente entre a comunidade cientifica de bem estar animal.
Indicadores de produção são valiosos e práticos para utilização e avaliação de bem estar nas granjas, e devem ser agregados a observações comportamentais do rebanho. Esses incluem: a taxa de crescimento dos animais (desmame ate o abate), sucesso reprodutivo das porcas (número de coberturas por cio), expectativa de vida (numero de leitegadas que uma porca pode produzir durante seu ciclo produtivo), e até mesmo, medidas de produção coletadas no abate como a qualidade da carcaça. Freqüência na incidência de doenças e lesões físicas recorrentes, que podem estar associadas com o mantimento inadequado de baias ou gaiolas também deve ser levado em consideração. Os próximos artigos irão discutir em mais detalhe, pontos a serem considerados quando utilizando o comportamento, a fisiologia, e a saúde como ferramentas para avaliar o bem-estar.
Referência
Duncan, I. J .H., and D. Fraser. 1997. Understanding animal welfare. In.: Animal Welfare. Appleby, M. C. and Hughes, B. O. Eds. CAB International, Wallingford, UK, pp. 19-31.
Desta forma, o processo de avaliação do estado de bem-estar em que um animal ou o grupo se encontra que pode variar de reduzido/baixo para muito bom, é um procedimento complexo. Um retrato completo da condição de bem-estar pode ser alcançado quando utilizando a combinação de critérios de avaliação que incluem o estado clinico (saúde), indicadores de comportamento e fisiologia, e parâmetros de produção, praticas de manejo e planejamento de produção da granja em geral, como por exemplo, plano de treinamento de funcionários que lidam diariamente com os animais.
Duncan and Fraser (1997), ambos cientistas internacionalmente conhecidos na área de bem-estar animal, definem que “a avaliação da qualidade de vida de um animal não pode ser inteiramente objetiva, pois ela engloba o conhecimento cientifico da espécie, e os julgamentos de valores e princípios do avaliador”. No entanto, eu acredito que métodos mais objetivos (e não subjetivos) podem ser exclusivamente usados para se avaliar o bem estar animal. Isso pode ser atingido por meio do uso adequado de técnicas e metodologias de avaliação que podem ser modificadas de acordo com as variáveis (e.x. fisiológico, comportamental, índices de produção) ou fatores (e.x. tipo de alojamento, manejo) a serem medidos.
A utilização simultânea de uma variedade de indicadores é a estratégia mais efetiva ao avaliar-se o bem estar em suínos. Os animais, independentemente da espécie, fazem o uso de varias estratégias de adaptação concomitantemente para superar ou lidar com experiências positivas e negativas e com condições adversas encontradas durante seu ciclo de vida. Desta maneira, a pessoa responsável por avaliar o bem-estar do suíno deve levar todas essas estratégias em consideração, que por sua vez, se traduzem em indicadores de bem estar animal. Indicadores que podem ser avaliados incluem aqueles relacionados a condição de alojamento e manejo, alterações fisiológicas e comportamentais e indicadores de produção.
Indicadores que sinalizam a condição de alojamentos e manejo incluem, por exemplo, a recorrência de lesões físicas (ferimentos), incidência de doenças, e sinais clínicos de dor (fuga de ser manejado, anorexia, tentativa de se esconder, relutância para se mover, depressão e apatia). Alterações fisiológicas e comportamentais, como variação no nível de atividade física, também podem ser utilizadas como medidas de bem-estar em resposta ao ambiente como um todo. Animais são mais suscetíveis a uma condição de estresse quando mantidos num ambiente que induz medo e que não pode ser esperadas (e.x. oferecimento de alimento em horários irregulares, funcionários falando em voz alta ao entrarem nos galpões inesperadamente). Alterações em mecanismos neurofisiológicos (que envolvem a função do sistema nervoso) ainda não são viáveis para avaliação direta de bem-estar no dia-a-dia de um sistema de produção, mas elas podem auxiliar no entendimento dos mecanismos que levam ao desencadeamento do comportamento, como por exemplo, agressão em suínos. Regiões específicas do cérebro são responsáveis por funções motoras e estão intrinsecamente relacionadas com o controle de comportamentos de motivação como comer ou atividade sexual e emocional. O uso deste método, algumas vezes referenciando como neuroetologia, tem se tornado mais popular nas ultimas décadas principalmente entre a comunidade cientifica de bem estar animal.
Indicadores de produção são valiosos e práticos para utilização e avaliação de bem estar nas granjas, e devem ser agregados a observações comportamentais do rebanho. Esses incluem: a taxa de crescimento dos animais (desmame ate o abate), sucesso reprodutivo das porcas (número de coberturas por cio), expectativa de vida (numero de leitegadas que uma porca pode produzir durante seu ciclo produtivo), e até mesmo, medidas de produção coletadas no abate como a qualidade da carcaça. Freqüência na incidência de doenças e lesões físicas recorrentes, que podem estar associadas com o mantimento inadequado de baias ou gaiolas também deve ser levado em consideração. Os próximos artigos irão discutir em mais detalhe, pontos a serem considerados quando utilizando o comportamento, a fisiologia, e a saúde como ferramentas para avaliar o bem-estar.
Referência
Duncan, I. J .H., and D. Fraser. 1997. Understanding animal welfare. In.: Animal Welfare. Appleby, M. C. and Hughes, B. O. Eds. CAB International, Wallingford, UK, pp. 19-31.
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