sexta-feira, 23 de abril de 2010

Série: Situação Epidemiológica Das Zoonoses de Interesse para a Saúde Pública

Apresentação


As zoonoses são consideradas um grande problema de saúde pública, pois representam 75% das doenças infecciosas emergentes no mundo. Estudos demonstram que 60% (849/1.415) dos patógenos humanos são zoonóticos e que 80% dos patógenos animais têm múltiplos hospedeiros. A disseminação dessas doenças está diretamente relacionada com a capacidade de o agente etiológico manter-se em condições viáveis na fonte de infecção. 
A saúde humana e a animal sempre estiveram interligadas. No entanto, os processos sociais e agropecuários ocorridos nos últimos anos proporcionaram um contato ainda maior entre a população humana e os animais domésticos e silvestres. Esse contato facilitou a disseminação de agentes infecciosos e parasitários para novos hospedeiros e ambientes, implicando em emergências de interesse nacional ou internacional.
Os dados de emergência do Brasil reforçam os achados disponíveis na literatura, pois o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) registrou, no período de março de 2006 a fevereiro de 2010, 673 eventos de relevância de saúde pública. As notificações de zoonoses e doenças transmitidas por vetores representaram o grupo de evento de maior ocorrência, com 40% (273/673) das notificações.
O estudo epidemiológico e o aprimoramento dos sistemas de vigilância dessas doenças são de extrema importância para se conhecer, intervir e recomendar ações que visem ao seu controle. Para tanto, é necessário trabalhar integralmente nos diferentes componentes da cadeia de transmissão, bem como no conhecimento dos fatores de risco e determinantes dessas doenças.
Nesta segunda edição do Boletim de Zoonoses, a Coordenação de Vigilância das Doenças Transmitidas por Vetores e Antropozoonoses (Covev) apresenta a situação epidemiológica da febre amarela, raiva, hantavirose, leptospirose, leishmanioses, febre maculosa e doença de Chagas, destacando que, para algumas delas, serão abordados avanços e novos desafios para o aprimoramento da vigilância das zoonoses no país. Por último, apresentamos a situação epidemiológica dos principais acidentes provocados por animais peçonhentos, que hoje representam anualmente mais de 113 mil notificações e 299 óbitos.

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