quarta-feira, 19 de maio de 2010

Série Especial: Bem-Estar Animal - Parte7


Por Rosangela Poletto



Auditoria de Bem-Estar em Granjas de Suínos      
A grande maioria dos produtores entende que animais saudáveis, que vivem num ambiente confortável e sob cuidados apropriados são também mais rentáveis. No entanto, uma massa crescente de consumidores e organizações que prezam o bem-estar dos animais em países de primeiro mundo (e.x. Estados Unidos, Canadá, e países da União Europeia), e em desenvolvimento (e.x. Brasil, Índia, e países Asiáticos como a China), estão questionando, e em parte demandando, principalmente através de mudanças na legislação, que os animais de produção (não somente suínos, mas frangos de corte, poedeiras, bovinos de leite e corte) sejam tratados com compaixão, dignidade e respeito. Assim sendo, para atender este mercado ascendente, produtores devem considerar com maior importância suas práticas de produção, e relevar tópicos morais e éticos frente ao processo de decisão sobre cuidados com os animais. O bem-estar dos animais é definido diariamente pelas pessoas responsáveis pelo cuidado dos mesmos na granja.
     
Para demonstrar transparência nas práticas de produção usadas e aumentar a confiabilidade do mercado consumidor, produtores e a indústria têm optado por utilizar métodos de avaliação ou auditorias de bem-estar. O primeiro deles é uma auto-avaliação (conhecida como “first-party”) da granja, na qual o produtor conduz por conta própria a auditoria de sua granja para garantir o bom funcionamento desta. Outra forma de avaliação é aquela aplicada por um indivíduo secundário, mas com conhecimento sobre a operação (“second-party”), como um veterinário ou técnico responsável pela granja. A terceira forma de avaliação é conduzida por uma companhia de auditoria terceirizada sem qualquer interesse (independente) ou relação com a granja sendo avaliada (“third-party”). O auditor deve ter formação profissional, preferencialmente em zootecnia e medicina veterinária, que pode variar desde graduação até o doutorado e ser treinado em práticas de produção e cuidado animal, além de entender o processo de auditoria. Os três níveis de auditoria, mas principalmente a auditoria terceirizada, pode ajudar o produtor a identificar áreas que estão andando bem e áreas que precisam de melhoria.
     
A auditoria terceirizada é baseada num manual composto por normas específicas à espécie que está sendo auditada, e que determina práticas relacionadas à nutrição, manejo, saúde, alojamentos e sua manutenção, movimento (compra e venda) e transporte dos animais, e procedimentos de biossegurança. Documentação de certificação ou treinamento aplicado às pessoas responsáveis pelo cuidado dos animais em áreas como interação homem-animal e eutanásia é questionada. Além disso, deve haver a apresentação de um plano emergencial como epidemia de doenças, situações extremas intempéries (e.x. seca), ou mau funcionamento de sistemas essenciais para o funcionamento adequado da unidade como uma queda prolongada de eletricidade. Auditores também podem requerer a apresentação de registros de saúde do rebanho, composição da alimentação, entrada e saída de animais da granja, entre outros. Essas normas são pré-determinadas, na sua maior parte, com base científica por um grupo de pesquisadores e outros profissionais com conhecimento amplo sobre a espécie, suas necessidades e práticas comuns à indústria. O programa de certificação Human Farm Animal Care (HFAC, ‘Cuidados Humanitários com Animais de Produção’), com crescente aceitação nos EUA e já existente no Brasil, pode ser usado como exemplo de auditoria terceirizada. O manual de certificação de granjas de suínos com as normas avaliadas (Padrões dos Cuidados com Animais) pode ser acessado em português através documento abaixo em anexo.
     
De acordo com a Organização das Nações Unidas Para Agricultura e Alimentação (FAO), produzir animais em conformidade com normas de bem-estar pode servir como uma porta de entrada no mercado internacional para produtos de origem animal provenientes de países economicamente em desenvolvimento. Para reforçar essa iniciativa, a FAO lançou em maio de 2009 um portal chamado ‘Portal para o Bem-Estar de Animais de Produção’ (Gateway for Farm Animal Welfare) com o objetivo de promover o acesso eletrônico a informações atualizadas para governos, profissionais e produtores, de forma a melhorar o bem-estar, a saúde e produtividade de animais de produção no âmbito mundial.
     
Os próximos dois artigos, divididos em parte I e II, descreverão o Programa de Garantia da Qualidade Suína (PQA Plus™), o qual consiste num processo secundário e terceirizado de avaliação de manejo e bem-estar de granjas de suínos, implementado pelo Conselho Nacional dos Suinocultores dos Estados Unidos.

Referência
Portal para o Bem-Estar de Animais de Produção (Gateway for Farm Animal Welfare).www.fao.org/ag/againfo/themes/animal-welfare/en/

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