quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Brasileiro consome 128 gramas de mel por ano contra 1,5 quilo na Europa e EUA




Importante fonte de energia e com alto valor nutricional, o mel ainda não faz parte da dieta alimentar da grande maioria dos brasileiros. De acordo com a Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), a média de consumo por habitante no país é de apenas 128 gramas por ano, enquanto nos Estados Unidos e na Europa o consumo per capita gira em torno de 1,5 quilo a cada 12 meses.

Diante deste cenário, os produtores brasileiros miram o mercado externo como forma de aproveitar a capacidade instalada nacional, estimada pela CBA em condições de processar quatro vezes mais mel que a atual produção, em torno de 50 mil toneladas anuais. Mas para crescer no comércio internacional, os apiários precisam adequar seus processos produtivos às exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Atento a esta questão, o Sebrae tem desenvolvido programas com as principais cooperativas de produtores do Estado e do país, com o objetivo de ajudar as empresas a implantarem medidas de controle sanitário mais rígidas. Em Minas Gerais, são quase 150 produtores beneficiados. Uma das associações que contam com este suporte é aAapivale, do Vale do Aço, que congrega 78 produtores. "A Aapivaleestá readequando seu entreposto, que é o local onde o mel é processado, para voltar a exportar para a Europa", informa a analista do Sebrae em Minas Gerais Danielle Fantini.

Segundo ela, o embargo europeu à Aapivale não é um caso isolado. "É tão comum que o Ministério da Agricultura passou a exigir que os entrepostos em todo o País façam modificações na estrutura física e nos processos de produção para que eles possam se habilitar novamente a exportar para a União Europeia", acrescenta.

Para auxiliar os apicultores da Aapivale a se adequarem às novas exigências e garantirem o controle de todo o processo, o Sebrae se baseia no Programa de Alimento Seguro (PAS-Mel), no qual são trabalhadas duas metodologias: Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), ambas desenvolvidas em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

De acordo com Danielle Fantini, o PAS-Mel atua tanto no campo quanto no entreposto. "No campo, ele foca a colmeia e a casa de mel, local onde o produto é preparado para ser envasado.A casa de mel, por exemplo, deve ser azulejada, possuir pia com sabonete líquido e piso diferenciado. E os baldes que transportam o mel da colmeia devem estar sempre limpos e não podem ser utilizados para outro fim", explica.

Segundo a analista do Sebrae em Minas Gerais, o processo é lento porque requer investimentos dos apicultores. "Poucos tinham casa de mel, com o processamento sendo feito na própria cozinha. Para contornar o problema, muitos produtores têm feito parcerias entre si para construírem estas unidades em conjunto", relata Danielle.

Ela conta que a Aapivale está em fase final de readequação das suas instalações e que, em breve, será submetida a nova avaliação do Ministério da Agricultura. Caso consiga a aprovação, a associação poderá voltar a exportar para os países do velho continente. Detentora de uma certificação de mel orgânico de uma instituição alemã, aAapivale está confiante de que conseguirá também a autorização do governo brasileiro.

Com isso, a associação poderá diversificar sua carteira de exportação, atualmente concentrada nos Estados Unidos. A expectativa é destinar 300 das 500 toneladas produzidas anualmente para o mercado externo.

NOVA LIMA

Outra associação que tem se beneficiado do programa PAS-Mel é aCooperativa Nacional de Apicultura (Conap), de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com o presidente da cooperativa, Irone Martins Sampaio, a parceria com o Sebrae em Minas começou em 2008 e tem sido muito profícua. Dos 200 produtores ligados à cooperativa, 40 estão seguindo os preceitos do PAS-Mel. 

"O trabalho desenvolvido pelo Sebrae em MInas, principalmente no que diz respeito à implantação da casa de mel e à adoção de boas práticas no entreposto, tem sido fundamental para que a Conap possa vislumbrar sua entrada no mercado europeu", afirma Sampaio.

Segundo ele, a certificação, necessária para que a cooperativa se habilite a exportar para a Europa, poderá ser conseguida já em setembro próximo, quando uma equipe do Ministério da Agricultura irá a Nova Lima auditar os produtos e processos da associação.

Atualmente a Conap é a maior produtora de própolis do país, com 12 toneladas anuais, o equivalente a 31,5% do total produzido no território nacional. A associação já exporta para Japão, China, Coreia do Sul e Estados Unidos.

PRÊMIO NACIONAL

Uma das empresas da Aapivale que implantou o PAS-Mel com o suporte do Sebrae-MG foi a Apiários Casagrande, localizada no município de Dom Silvério, no Vale do Aço. Com 17 funcionários, a empresa, de propriedade de Geraldo Martins Rôla e Juliana Maria Costa Gomes, produz 12 toneladas de mel por ano, podendo beneficiar até 30 toneladas, captadas junto a apicultores parceiros, associações e cooperativas da região.

De acordo com Juliana Gomes, a implantação dos procedimentos do programa na empresa foi fundamental para garantir a qualidade higiênico-sanitária dos seus produtos e matérias-primas e contribuiu para que a Apiários Casagrande conquistasse o prêmio Destaque Nacional da Apicultura no congresso brasileiro realizado pelaConfederação Brasileira de Apicultura (CBA), em maio passado, em Cuiabá (MT). 

"O controle é feito desde a entrada da matéria-prima na empresa até que o produto chegue ao comércio. Os lotes são registrados com o nome do produtor, data da colheita e de validade. Desta forma, conseguimos rastrear e acompanhar todo o processo de colheita e armazenagem do mel, do própolis e da cera", explica.

Para a entrada da matéria-prima no entreposto, são necessários vários procedimentos, todos devidamente monitorados e registrados: a qualidade da água; o controle de insetos e pragas; a limpeza do entreposto de modo geral; os procedimentos na manipulação e fabricação dos produtos e os cuidados na armazenagem da matéria-prima e embalagens; entre outros. Os funcionários passam por treinamentos contínuos, que incluem técnicas sobre contaminação e manipulação dos alimentos.

O mérito maior do PAS-Mel, segundo Juliana Gomes, é ajudar prevenir o erro, diminuindo o custo para a empresa e aumentando a segurança do consumidor. "São ações necessárias que asseguram que nenhum alimento com risco possa chegar ao mercado", afirma.

MAIS INFORMAÇÕES

Sebrae em Minas Gerais
Telefone: (31) 3379-9270

Central de Relacionamento Sebrae
Telefone: 0800 570 0800

FONTE

Agência Sebrae de Notícias

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