Menos de três anos após a divulgação do mapeamento do genoma bovino, realizado pela comunidade científica internacional, o Brasil apresenta os primeiros resultados do sequenciamento do genoma de animais de raças zebuínas para leite (Gir Leiteiro e Guzerá). O anúncio foi feito no dia quatro de maio, em Uberaba (MG), durante a Expozebu 2012 - uma das maiores exposições pecuárias do mundo.
Este é o primeiro projeto de sequenciamento de um grande genoma realizado totalmente no Brasil. "Todos os processos foram desenvolvidos inteiramente no País e a tecnologia será capaz de gerar saltos de produtividade e de qualidade, contribuindo para o crescimento sustentável da pecuária nacional", diz o pesquisador daEmbrapa Gado de Leite, Marco Antonio Machado.
"Com este trabalho, a pesquisa nacional mostra que está em sintonia com os avanços científicos mundiais e tem capacidade de responder rapidamente às demandas do setor produtivo", diz o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Gado de Leite, Rui da Silva Verneque. Em abril de 2009, o sequenciamento do genoma bovino foi noticiado pela revista Science. A pesquisa envolveu cerca de 300 cientistas de todo o mundo (inclusive pesquisadores brasileiros).
O animal objeto daquele estudo foi uma vaca da raça, que pertence à subespécie Bos taurus taurus, de origem europeia, assim como as raças Holandesa, Jersey e Pardo Suíço. Os animais da Raça Gir e Guzerá são da subespécie Bos taurus indicus. "De origem indiana, esta segunda subespécie tem grande importância econômica para o Brasil e países de clima tropical", diz Verneque. "São animais rústicos e se adequam melhor às regiões de temperaturas mais elevadas", explica.
Por estas características, a comunidade cientifica nacional acredita ser muito importante conhecer o genoma do gado zebuíno. "Ao descobrir quais as diferenças genéticas entre as raças europeias e indianas, poderemos subsidiar os estudos de melhoramento genético dos rebanhos zebuínos", afirma Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva, também pesquisador da Embrapa Gado de Leite e coordenador do projeto. Segundo o pesquisador, "o mapeamento possibilitará o desenvolvimento de ferramentas específicas para a seleção de animais zebuínos".
A maioria do gado bovino no Brasil é formada pelo Zebu (Nelore, Gir, Guzerá e Indubrasil) e seus mestiços com raças europeias. Segundo os pesquisadores, o genoma foi fragmentado em pequenos pedaços para a produção das sequências de DNA. Foram gerados dados que cobrem mais de 10 vezes o tamanho do genoma de cada animal, necessários para uma boa montagem da sequência. Já foram identificadas diferenças significativas entre o genoma do Gir Leiteiro e Guzerá em relação ao gado europeu. No momento estão sendo identificados os marcadores moleculares que serão utilizados para a seleção de animais geneticamente superiores.
Na sequência dos estudos, será realizado o mapeamento das raças Sindi e da raça sintética Girolando. O trabalho é coordenado pelaEmbrapa Gado de Leite e envolve a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes); os Polos de Excelência do Leite e Genética Bovina; Fiocruz - Instituto René Rachou, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e as associações de criadores.
O anúncio foi feito no estande do Programa de Melhoramento Genético de Zebuinos (PGMZ), da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu(ABCZ). O evento contou com a presença do secretário de Estado de Ciência Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Nárcio Rodrigues, do chefe geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela, da coordenadora do Polo de Excelência em Genética Bovina, Dra. Beatriz Cordenonsi Lopes e de representantes da UFMG e Fiocruz (parceiros do projeto).
FONTE
Rubens Neiva - Jornalista
Telefone: (32) 3311-7510
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