sexta-feira, 4 de junho de 2010

Leishmaniose: inseto transmissor está mais perto do homem

Chico Otávio, O Globo

PORTO VELHO - A presença de flebotomíneos nas bordas de cidades em expansão, na fronteira agrícola de Rondônia, acendeu o sinal de alerta no Centro de Medicina Tropical do estado (Cemetron). Esses pequenos insetos, que voam curto, quase em saltos, são responsáveis pela transmissão de algumas doenças aos humanos e animais. A principal delas é a leishmaniose. Com o avanço humano sobre áreas silvestres, o inseto se adaptou, trocando a picada em capivaras e alguns roedores pelo sangue de cães e outros animais domésticos.
Os infectologistas ainda não somaram todas as notificações, mas a procura crescente de pessoas contaminadas aos ambulatórios e enfermarias do interior não deixa dúvidas.
- A reemergência da leishmaniose no Brasil está associada às áreas de ocupação recente, onde o homem passou a ficar exposto ao inseto - explica o infectologista Alex Miranda Rodrigues, do Cemetron.
Quem transmite a doença é o inseto fêmea, que nasce saudável e só se contamina após a primeira picada em $que carregam o parasita (Leishmania) . Elas transmitem a leishmaniose na segunda picada, quando injetam os protozoários na corrente sanguínea da vítima.
- Ao se adaptarem aos canídeos, os flebotomíneos conseguiram fechar o ciclo em áreas que chamamos peridomicílios. O homem não chega a ser a principal fonte de alimentação, mas a exposição dessas populações ao inseto é inevitável - afirma a infectologista Andréa Barbieri.
Como o tratamento, na primeira contaminação, dura 20 dias, os médicos lamentam o alto índice de abandono, pela impossibilidade de internação de pacientes que chegam de lugares distantes e não têm onde ficar. Embora Rondônia não seja afetada pela forma mais mortal, a visceral, mas pela forma tegumentar, Rodrigues e Andréa lembram que esse tipo, quando não tratado, pode provocar deformidades graves.
Os serviços de saúde combatem a doença com glucantime, chamada "droga medieval": está em uso desde os anos 1940. Rodrigues destaca que os grandes laboratórios não se interessam em produzir drogas para uma doença tropical que atinge populações empobrecidas.
 

Nordeste é área endêmica de leishmaniose

O Globo
  • DIA: 0,0
RECIFE - Segundo o médico Kelsen Eulálio, professor de doenças infecto-contagiosas do curso de medicina da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e do Instituto de Doenças Tropicais Nathan Portella, o Nordeste é área endêmica da leishmaniose visceral. Piauí, Ceará e Bahia são os estados com mais casos.
De acordo com Ana Nilce Maia Elkhoury, do Programa de Doenças Transmitidas por Vetores e Antropozoonose do Ministério da Saúde, os tipos da doença são diferentes e as formas de contenção também. O Ministério da Saúde diz que tem feito esforço no diagnóstico precoce e na difusão de informações sobre a doença, pois a população não reconhece os sintomas.
Nilce afirma que, no caso da leishmaniose tegumentar, a prioridade são as ações preventivas. Ela diz que não há como erradicar a doença, uma vez que ela é essencialmente silvestre. Sobre a forma visceral, diz que há necessidade de ações mais complexas, com identificação das áreas prioritárias. Trabalha-se para reduzir o contato do homem com o vetor, seja pelo esclarecimento da população seja pelo controle químico, com borrifamento de inseticida.

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