quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Plantas potencializam ação de químicos contra parasitas em bovinos


Princípios ativos naturais matam insetos, inibem crescimento de vermes e melhoram a ação dos remédios
Juliana Royo04/08/2010 
Os bovinos, tanto de corte quanto de leite, sofrem muito com problemas causados por parasitas e os produtores precisam lançar mão do uso de remédios como carrapaticidas e vermífugos com frequência. Porém, com a constante e grande quantidade de aplicação dos produtos, muitos parasitas ficaram resistentes aos químicos, tornando o controle mais difícil e mais caro para os produtores. A fitoterapia, que usa os extratos e princípios ativos de plantas naturais, pode ajudar a melhorar este problema dos produtores de bovinos. As plantas podem até ser oferecidas diretamente aos animais, mas a forma mais comum e, talvez, mais eficiente é a incorporação destas substâncias aos próprios remédios, mudando a formulação dos produtos e potencializando a ação deles.


— Em bovinos de leite, o carrapato é um grande problema e em bovinos de corte o maior problema já é a mosca dos chifres. A fitoterapia não tem um uso pontual, você pode pensar em administrar uma folha de alguma planta para um animal de forma direta na alimentação ou utilizar esta planta identificando o princípio ativo que ela tem, fazendo a síntese deste princípio ativo e utilizando isto em um produto comercial. Se a gente consegue chegar a algum fitoterápico ativo, isso não quer dizer que ele vai excluir o uso de algum produto comercial, na verdade, é um produto a mais para ser usado. Você acrescenta na formulação algum princípio ativo vegetal que vai potencializar e melhorar a ação do produto. O uso da fitoterapia não necessariamente exclui o uso de produtos químicos tradicionais — explica a bióloga e doutora em medicina veterinária preventiva Ana Carolina de Souza Chagas, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste.
A tecnologia com o uso de fitoterápicos aplicados aos remédios antiparasitários ainda não está disponível no mercado brasileiro. A Embrapa Pecuária Sudeste, em parceria com outras unidades da Embrapa como a Gado de Leite e universidades como a Unicamp, está desenvolvendo um grande projeto para avaliar o potencial antiparasitário de diversas plantas. O universo a ser estudado é muito grande porque dezenas de espécies podem ser utilizadas. As pesquisas nos laboratórios também querem descobrir se as plantas com poder de controle de parasitas têm algum efeito tóxico sobre os animais e, para isso, são usadas cobaias ao longo do projeto, antes delas serem testadas nos bovinos a campo.
Os resultados, até agora, mostram que há uma diversidade de plantas que consegue matar carrapatos, reduzir a fertilidade da fêmea ou inibir a eclosão das larvas. O projeto tem final previsto para o ano que vem e, até lá, os pesquisadores esperam conseguir resultados mais práticos com a comparação de grupos de animais que receberam o controle fitoterápico com os que não receberam para saber se efetivamente a planta estudada pode controlar o parasita. A doutora em medicina veterinária preventiva chama a atenção para os cuidados que os produtores devem ter no uso de qualquer produto, mesmo que eles sejam à base de substâncias naturais.
— É importante ressaltar que nós não temos produtos disponíveis no mercado registrados para uso porque é uma área nova de pesquisa tanto no Brasil quanto no exterior. Se nós chegarmos a um produto ao final deste projeto é importante que o produtor tenha consciência de que se ele não usar este produto de uma forma racional ele vai incentivar que os parasitas desenvolvam rapidamente a resistência também ao fitoterápico. Existe um novo conceito hoje em controle de parasitas que é utilizar o mínimo possível os produtos antiparasitários porque você não expõe a carne e o leite. O produtor precisa entender que ele deve ficar atento ao que ele ouve o vizinho falar, não é porque é um produto natural que o animal não vai ter uma reação tóxica ou até aborto. É preciso ter cuidado com produtos com propaganda que existem por aí e não foram registrados e devidamente estudados do início ao fim — alerta Ana Carolina.





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